Cultura

Papa Francisco recorda o Holocausto: erradicar a chaga do antissemitismo





Ao final do Angelus, Francisco recordou o Dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto, celebrado em 27 de janeiro.

Erradicar a chaga do antissemitismo e de todas as formas de perseguição religiosa: este foi o apelo do Papa ao final do Angelus deste domingo, ao recordar a celebração em 27 de janeiro do Dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto.

Neste ano de 2025, recordam-se os 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz. "O horror do extermínio de milhões de judeus e pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado", disse Francisco, citando a poeta húngara Edith Bruck, que vive em Roma e com quem já se encontrou algumas vezes.

"Também nos lembramos de muitos cristãos, entre eles muitos mártires. Renovo meu apelo para que todos trabalhem juntos para erradicar a chaga do antissemitismo, juntamente com todas as formas de discriminação e perseguição religiosa. Vamos construir juntos um mundo mais fraterno e mais justo, educando os jovens para que tenham um coração aberto a todos, na lógica da fraternidade, do perdão e da paz."

 

-  Papa: a comunicação católica é para todos, é um ato de amor

Aos responsáveis pela comunicação eclesiástica institucional, Francisco pede que trabalhem em rede para comunicar uma Igreja em saída. A comunicação católica é para todos, recordou Francisco. Não é uma “seita para falar entre nós”.

No encerramento do Jubileu dos Comunicadores, o Papa recebeu na manhã desta segunda-feira os presidentes das Comissões Episcopais da Comunicação e assessores de imprensa das Conferências Episcopais.

Mais do que indicações, o discurso do Papa foi um convite a um exame de consciência através de vários interrogativos para refletir sobre como a Igreja comunica atualmente.

Francisco então começa: de que modo semeamos esperança em meio a tanto desespero? Como lidamos com o vírus da divisão que ameaça as nossas comunidades? A nossa comunicação é acompanhada pela oração? Ou comunicamos a Igreja adotando somente as regras do marketing empresarial? 

E continua: como indicamos uma perspectiva diferente em relação a um futuro que ainda não foi escrito?

“Gosto desta expressão: escrever o futuro. Cabe a nós escrever o futuro. Sabemos comunicar que esta esperança não é uma ilusão? A esperança nunca decepciona, mas sabemos comunicar isso? Sabemos comunicar que a vida dos outros pode ser mais bela também através de nós? Eu posso contribuir a dar beleza à vida dos outros? E sabemos comunicar e convencer que é possível perdoar? É muito difícil isso.”

Para o Pontífice, a comunicação cristã é mostrar que o Reino de Deus está próximo: aqui, agora, e é como um milagre que pode ser vivido por cada pessoa, por cada povo. Um milagre que deve ser contado oferecendo chaves de leitura para olhar além do banal, do mal, dos preconceitos, dos estereótipos, de si mesmo. 

O desafio é grande, afirma o Papa, encorajando os presentes a reforçarem a sinergia entre si, seja em nível continental, seja universal. Comunicar construindo pontes é uma alternativa às novas torres de Babel. “Pensem nisso. As novas torres de Babel: todos falam e não se entendem.”

Comunicar juntos e em rede

Para responder a todos esses interrogativos, o Pontífice indica duas palavras: “juntos” e “rede”.

Somente juntos é possível comunicar a beleza do encontro com Cristo e semear esperança. “Não se esqueçam disto: semear esperança.” Comunicar, prosseguiu, não é uma tática nem uma técnica, “comunicar é um ato de amor”. Somente um ato de amor gratuito tece redes de bem, redes que devem ser reparadas todos os dias.

Rede, aliás, não é uma palavra ligada à civilização digital. Antes das redes sociais já havia as redes dos pescadores e o convite de Jesus a Pedro a se tornar pescadores de homens.

“Pensemos então o que podemos fazer juntos graças aos novos instrumentos da era digital, graças também à inteligência artificial, se ao invés de transformar a tecnologia em um ídolo, nos comprometêssemos mais a fazer rede. Eu lhes confesso uma coisa: mais do que a inteligência artificial, me preocupa aquela natural, aquela inteligência que nós devemos desenvolver.”

O segredo da força comunicativa da Igreja é fazer rede e ser rede, disse ainda o Papa, ao invés de se entregar às sirenes estéreis da autopromoção. O maior milagre de Jesus não é a rede cheia de peixes, mas não deixar que os pescadores fossem vítimas da desilusão e do desencorajamento. “Por favor, não cair na tristeza interior. Não perder o sentido do humorismo que é sabedoria, sabedoria de todos os dias.”

A comunicação católica é para todos, recordou Francisco. Não é uma “seita para falar entre nós”. É o espaço aberto de um testemunho que sabe ouvir e interceptar os sinais do Reino. 

Por fim, mais uma interrogação: nossos escritórios, relações, redes são realmente de uma Igreja em saída? 

A Igreja deve sair de si mesma, concluiu o Santo Padre, oferecendo como imagem a narração do Apocalipse, em que o Senhor bate à porta para entrar. “Mas agora, muitas vezes o Senhor bate a partir de dentro porque nós, cristãos, o deixemos sair. E nós muitas vezes o prendemos somente para nós. Devemos deixar sair o Senhor, bate à porta para sair, e não ‘escravizá-lo’ para o nosso trabalho”.

Participação da CNBB

Estava presente no encontro presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, dom Valdir José de Castro, bispo de Campo Limpo (SP), que comenta este Jubileu da comunicação.

 

-  O Papa: juntos somos “anjos” de esperança, mensageiros de Deus, uns para os outros

Divulgada a mensagem de Francisco para o 33º Dia Mundial do Enfermo, celebrado em 11 de fevereiro. A solene celebração trienal do Dia foi adiada devido à sua coincidência com o Jubileu e se realizará em 11 de fevereiro de 2026, no Peru, no Santuário Mariano da Virgem de Chapi, em Arequipa.

Foi divulgada, nesta segunda-feira (27/01), a mensagem do Papa Francisco para o XXXIII Dia Mundial do Enfermo que será celebrado em 11 de fevereiro.

"«A esperança não engana» e fortalece-nos nas tribulações" é o tema da mensagem deste ano na qual a Igreja convida a tornarmo-nos “peregrinos da esperança” neste Ano Jubilar de 2025.

Doença, oportunidade para um encontro que nos transforma

Extraído da carta de São Paulo aos Romanos, o tema da mensagem é composto por "expressões reconfortantes, mas que podem levantar algumas questões, sobretudo em quem sofre". Então, o Papa reflete "sobre a presença de Deus junto dos que sofrem, particularmente nos três aspectos que a caracterizam: o encontro, o dom e a partilha".

O encontro. "Quando Jesus envia os setenta e dois discípulos em missão, exorta-os a dizer aos doentes: «O Reino de Deus já está próximo de vós». Ou seja, pede-lhes que os ajudem a aproveitar a oportunidade de encontro com o Senhor, mesmo na doença, por muito que seja dolorosa e difícil de compreender", escreve Francisco.  "Com efeito, no momento da doença, se por um lado sentimos toda a nossa fragilidade – física, psíquica e espiritual – de criaturas, por outro lado experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que em Jesus participou do nosso sofrimento", ressalta o Papa.

“A doença torna-se então a oportunidade para um encontro que nos transforma, a descoberta de uma rocha firme na qual descobrimos que podemos ancorar-nos para enfrentar as tempestades da vida: uma experiência que, mesmo no sacrifício, nos torna mais fortes, porque mais conscientes de não estarmos sós.”

Esperança, dom a ser acolhido e cultivado

O dom. "Efetivamente, em nenhuma outra ocasião como no sofrimento, nos damos conta de que toda a esperança vem do Senhor e que, assim sendo, é primeiramente um dom a ser acolhido e cultivado permanecendo «fiéis à fidelidade de Deus», segundo a linda expressão de Madeleine Delbrêl", escreve o Pontífice no texto. "Além disso, só na ressurreição de Cristo é que cada um dos nossos destinos encontra o seu lugar no horizonte infinito da eternidade. O Ressuscitado caminha conosco, fazendo-se nosso companheiro de viagem, como aconteceu com os discípulos de Emaús. À semelhança destes, também nós podemos partilhar com Ele as nossas perturbações, preocupações e desilusões, podemos escutar a sua Palavra que nos ilumina e faz arder o coração, e reconhecê-Lo presente ao partir o Pão, recolhendo do seu estar conosco, apesar dos limites do tempo presente, aquele “mais além” que, ao aproximar-se, nos restitui a coragem e a confiança", destaca o Papa.

Saber captar a beleza e o alcance destes encontros de graça

Por fim o terceiro aspecto, a partilha. "Os lugares onde se sofre são frequentemente espaços de partilha, nos quais nos enriquecemos uns aos outros. Quantas vezes se aprende a esperar junto ao leito de um doente! Quantas vezes se aprende a crer ao lado de quem sofre! Quantas vezes descobrimos o amor inclinando-nos sobre quem tem necessidade! Ou seja, percebemos de que todos juntos somos “anjos” de esperança, mensageiros de Deus, uns para os outros: enfermos, médicos, enfermeiros, familiares, amigos, sacerdotes, religiosos e religiosas. E isto, onde quer que estejamos: nas famílias, nos ambulatórios, nos postos de saúde, nos hospitais e nas clínicas", ressalta Francisco.

"É importante saber captar a beleza e o alcance destes encontros de graça, e aprender a anotá-los na alma para não os esquecer: guardar no coração o sorriso amável de um profissional de saúde, o olhar agradecido e confiante de um doente, o rosto compreensivo e atencioso de um médico ou de um voluntário, o rosto expectante e trepidante de um cônjuge, de um filho, de um neto, de um querido amigo", escreve o Papa na mensagem.

“Todos eles são raios de luz que é preciso valorizar e que, mesmo durante a escuridão das provações, não só dão força, mas dão o verdadeiro sabor da vida, no amor e na proximidade.”

"Queridos doentes, queridos irmãos e irmãs que cuidam de quem sofre, neste Jubileu, mais do que nunca, vocês desempenham um papel especial. O caminhar juntos de vocês é um sinal para todos, «um hino à dignidade humana, um canto de esperança», capaz de levar luz e calor aonde é mais necessário", conclui Francisco.   

Adiada celebração do Dia Mundial do Enfermo para 2026

Num comunicado conjunto, divulgado nesta segunda-feira (27/01), o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e o Dicastério para a Evangelização, Seção para Questões Fundamentais da Evangelização no Mundo, informam que por causa do Ano Jubilar de 2025, o Papa Francisco ordenou que a celebração do Dia Mundial do Enfermo deste ano, seja realizada em 11 de fevereiro de 2026, no Santuário Mariano da Virgem de Chapi, em Arequipa, no Peru. O arcebispo de Arequipa, dom Javier Del Rio Alba, acolheu com grande entusiasmo a decisão do Santo Padre.

O Dia Mundial do Enfermo é celebrado anualmente em 11 de fevereiro, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes. A cada três anos, a celebração do Dia se realiza de forma solene num santuário mariano.

No Ano Jubilar, a Igreja celebrará o Dia Mundial do Enfermo na forma ordinária, no âmbito diocesano, no dia 11 de fevereiro. O Jubileu dos Enfermos e do Mundo da Saúde se realizará nos dias 5 e 6 de abril, e o Jubileu das Pessoas com Deficiência nos dias 28 e 29 de abril.         

 

Fonte: Vatican News