Cultura

Papa: Jesus é a esperança de um mundo fraterno!





Francisco presidiu à tradicional cerimônia das Primeiras Vésperas de ação de graças pelo ano que se encerra. Assim como no ato de veneração a Nossa Senhora em 8 de dezembro, o Pontífice dedicou sua homilia ao Jubileu e de como a cidade de Roma se preparou para este evento.

Este é o momento do agradecimento, e temos a alegria de vivê-lo celebrando a Santa Mãe de Deus: assim o Papa iniciou sua homilia na cerimônia das Primeiras Vésperas de Maria Santíssima, com o canto do Te Deum, em ação de graças pelo ano que passou.

E repercorrendo o ano de 2024, Francisco falou sobretudo do esforço que moradores de Roma e turistas fizeram nesta fase que precedeu o Jubileu recém-inaugurado, com inúmeros canteiros de obras pelas ruas da cidade. Tudo isso para que Roma corresponda à sua vocação, que é a de acolher todos, para que todos possam reconhecer-se filhos de Deus e irmãos entre si.

“Por isso, neste momento, queremos elevar o nosso agradecimento a Deus, porque nos permitiu trabalhar, trabalhar tanto, e sobretudo porque nos permitiu fazê-lo com este sentido grande, com este horizonte amplo que é a esperança da fraternidade. A esperança da fraternidade.”

A esperança do mundo está na fraternidade!

Fraternidade, aliás, comentou o Pontífice, é uma das “vias” de peregrinação deste Jubileu. “Sim, a esperança do mundo está na fraternidade!” E é belo pensar que Roma se preparou para esta finalidade, de acolher homens e mulheres de todo o mundo, católicos e cristãos de outras confissões, fiéis de todas as religiões e pessoas em busca de verdade, liberdade, justiça e paz. Enfim, todos peregrinos de esperança e fraternidade.

Mais do que um slogan retórico, a esperança de uma humanidade fraterna encontra fundamento na Mãe de Deus ao nos indicar Jesus.

“A esperança de um mundo fraterno não é uma ideologia, não é um sistema econômico, não é o progresso tecnológico. A esperança de um mundo fraterno é Ele, o Filho encarnado, enviado pelo Pai para que todos possam se tornar o que somos, isto é, filhos do Pai que está nos céus e, portanto, irmãos e irmãs entre nós.”

E assim, enquanto admiramos o resultado das obras em Roma, podemos nos conscientizar de que o verdadeiro canteiro de obras está dentro de nós, ao permitir a Deus de mudar aquilo que não é digno de um filho, aquilo que não é humano, empenhando-se todos os dias a viver como irmão e irmã do meu próximo. 

“Que nos ajude a nossa Santa Mãe a caminhar juntos, como peregrinos de esperança, no caminho da fraternidade. Que o Senhor nos abençoe, a todos nós, nos perdoe os pecados e nos dê a força para ir avante na nossa peregrinação do próximo ano. Obrigado!”

Visita ao presépio

Ao final da cerimônia no interior da Basílica Vaticana, o Papa foi até a Praça São Pedro para rezar diante do presépio montado junto ao obelisco, ao lado da árvore de Natal, detendo-se com fiéis e peregrinos no decorrer do trajeto.

 

-  Recordando Bento XVI: ser amado por Deus por toda a eternidade

Esse foi o lema da Missa solene celebrada pelo cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, na cripta da Basílica de São Pedro, para marcar o segundo aniversário da morte de Bento XVI. Em uma entrevista à Rádio Vaticano, alguns amigos de longa data recordam o Pontífice da Baviera, falecido há dois anos, na véspera do Ano Novo, aos 95 anos de idade.

“Eu via Joseph Ratzinger, Bento XVI, como uma pessoa muito humilde que se aproximava dos outros e ouvia o que eles tinham a dizer”, recorda o cardeal Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em uma entrevista à Rádio Vaticano. “Ele era uma pessoa muito gentil. Se você olhasse em seus olhos, veria que havia muita luz interior. E sempre foi muito importante para ele o fato de que ser cristão era baseado em ser humano. E isso formava uma unidade para ele. Ser cristão significa aprender a ser humano novamente. E ele foi um excelente exemplo disso”.

A centralidade da questão de Deus  

O próprio Papa Bento XVI disse certa vez que estava ciente de que não teria um longo Pontificado pela frente, que não seria capaz de iniciar nenhum projeto importante; que sua preocupação, sua missão, era trazer a fé de volta ao centro da Igreja, continuou o cardeal suíço, que foi nomeado presidente do então Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos pelo Papa Bento XVI em 2010.

“Para ele, a questão de Deus era central. A centralidade da questão de Deus era o núcleo central de toda a sua obra, mas não um Deus qualquer, um ser supremo no céu, mas o Deus que não é mudo, que fala, que falou ao seu povo Israel e, acima de tudo, mostrou sua face em Jesus de Nazaré, em Jesus Cristo. Acredito que a centralidade da questão de Deus e do cristocentrismo: esse é o núcleo central que certamente permanecerá.”

A esperança cristã

Com vistas ao Ano Santo da Esperança que acaba de começar, o cardeal Koch enalteceu a Spe salvi, a Encíclica que Bento XVI dedicou ao tema da esperança cristã.

“Um texto maravilhoso! Ele mesmo disse certa vez: “Se nos levássemos mais a sério, poderíamos voar como anjos e pássaros. Mas às vezes nos levamos tão a sério que ficamos presos na Terra. Só podemos ter esperança se orientarmos nossa vida para Deus. E é por isso que ele nos mostra qual é o significado intrínseco do Ano Santo. Isso se torna visível com a porta, a Porta, o símbolo de Jesus Cristo. Somente por meio dele podemos alcançar a santidade, e espero que este Ano Santo permita que as pessoas encontrem a santidade que prometeram em seu batismo.”

Um cristão e um pai 

O sacerdote e professor Ralph Weimann, membro do grupo de estudantes de Ratzinger, também descreve o quanto foi influenciado por Bento XVI como pessoa e como sacerdote:

“Para mim, o Papa Bento XVI era acima de tudo um cristão. Um cristão é alguém que se revestiu de Jesus Cristo. E foi isso que o Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, defendeu. Ele seguiu Cristo com a sua verdade e deu testemunho dela. E isso deixou uma impressão profunda no meu coração, e sou muito grato a ele por isso. Então ele era como um pai para mim, mas acima de tudo um cristão. Um cristão conosco, um pai para nós”.

Georg Gänswein: com o pensamento em Roma

O secretário particular de longa data de Bento XVI, o arcebispo Georg Gänswein, infelizmente não pôde comparecer ao serviço memorial em Roma este ano. Desde o verão é núncio apostólico para os Estados Bálticos, com sede em Vilnius. Mas os seus pensamentos estavam em Roma, na véspera do Ano Novo.

Com a distância a proximidade interior cresce... 

“Sim, é o segundo ano que vivo o Natal sem o Papa Bento XVI”, afirmou Gänswein na entrevista à Rádio Vaticano. “Quanto mais longe estou geograficamente de casa, de Roma, mais cresce a proximidade interior. Claro que sinto tristeza. Mas também sinto uma esperança interior e uma gratidão por todo o tempo que pude estar com ele. Neste aspecto, o Natal deste ano foi algo completamente diferente dos outros anos. Mas é Natal e sei que a ajuda de Bento é um presente para mim”.

Ele recorda também a Encíclica de Bento XVI sobre a esperança cristã, que tem um significado muito especial neste Ano Santo:

Spe salvi é uma encíclica que centra a esperança humana principalmente em Deus. E, em última análise, é o próprio Deus quem cria esta esperança. Nele está o fundamento e a meta desta esperança. Para mim a encíclica, e com ela a esperança, tornaram-se muitas vezes a âncora da minha própria vida, a âncora, mas também a meta da minha vida. A esperança ajuda-me a superar as coisas difíceis e angustiantes, a manter os olhos fixos na meta da minha vida, na esperança que se baseia em Deus”.

Da Lituânia, seu novo local de trabalho, o arcebispo envia as seguintes saudações pelo Ano Santo:

“Desejo a todos os ouvintes da Rádio Vaticano, para o novo Ano Santo, que tem como lema: Esperança e Peregrinação, que nós, como pessoas, sejamos peregrinos de esperança e que vivamos deste mistério. As ricas bênçãos de Deus para o novo ano de salvação de 2025.”

 

Fonte: Vatican News