Cultura

Papa: devemos nos maravilhar com o mistério da vida: nenhuma criança é um erro





Devido ao frio intenso, unido aos sintomas de um resfriado que se manifestaram nos últimos dias neste domingo, 22 de dezembro, o Papa Francisco conduziu a oração do Angelus na capela da Casa Santa Marta. Abençoou os "Bambinelli".

“Sinto muito não estar na Praça com vocês, mas é preciso tomar precauções”. Foi o que disse o Papa Francisco, dirigindo-se aos fiéis presentes na Praça São Pedro, em relação ao seu estado de saúde, no início da alocução que precedeu a oração mariana do Angleus. “Estou melhorando”, garantiu o pontífice.

Devido ao frio intenso, unido aos sintomas de um resfriado que se manifestaram nos últimos dias neste domingo, 22 de dezembro, o Papa Francisco conduziu a oração do Angelus na capela da Casa Santa Marta, também em vista dos compromissos da próxima semana, destacou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, em um comunicado divulgado na tarde deste sábado através do canal Telegram.

Francisco em seguida recordou que o Evangelho deste 4º domingo do Advento nos apresenta Maria que, após o anúncio do Anjo, visita Isabel, sua parente idosa, que também está esperando um filho. Trata-se, portanto, do encontro de duas mulheres felizes pelo extraordinário dom da maternidade: Maria acaba de conceber Jesus, o Salvador do mundo, e Isabel, apesar de sua idade avançada, carrega no ventre João, que preparará o caminho para o Messias

Francisco sublinhou que ambas as mulheres “têm muito com o que se alegrar, e talvez possamos senti-las distantes, protagonistas de milagres tão grandes, que normalmente não ocorrem em nossa experiência”. No entanto, a mensagem que o evangelista quer nos transmitir, poucos dias antes do Natal, é diferente. De fato, contemplar os sinais prodigiosos da ação salvífica de Deus não deve nos fazer sentir distantes d’Ele, mas nos ajudar a reconhecer a sua presença e o seu amor perto de nós, por exemplo, no dom de cada vida, de cada criança carregada no ventre pela sua mãe.

“Nenhuma criança é um erro” enfatizou o Papa, dizendo que leu isso no programa “A Sua imagem”. “Nenhuma criança é um erro, o dom da vida”.

O Santo Padre, olhando para a Praça disse que ali havia certamente mães com seus filhos, e talvez houvessem algumas que estejam “grávidas”.

“Por favor, não fiquemos indiferentes à presença delas, aprendamos a nos maravilhar com sua beleza e, como fizeram Isabel e Maria, a beleza das mulheres grávidas. Abençoemos as mães e louvemos a Deus pelo milagre da vida!”

“Eu gosto - disse Francisco, eu gostava, porque agora não posso fazer isso - quando, na outra diocese, eu costumava pegar o ônibus, quando uma mulher que estava esperando entrava no ônibus, imediatamente lhe davam um lugar para sentar: é um gesto de esperança e respeito!”

Nestes dias gostamos de criar uma atmosfera festiva com luzes, decorações e músicas natalinas. Lembremo-nos, porém, - continuou o Papa - de expressar sentimentos de alegria toda vez que encontrarmos uma mãe que leva seu filho nos braços ou no ventre. E quando isso acontecer, rezemos em nossos corações e também digamos, como Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!”; cantemos como Maria: “A minha alma engrandece o Senhor”, para que toda maternidade seja abençoada, e em cada mãe do mundo seja agradecido e exaltado o nome de Deus, que confia aos homens e às mulheres o poder de dar vida às crianças!

Em seguida o Papa disse que iria abençoar os “Bambinelli” (imagens do Menino Jesus) que as crianças trouxeram. “Eu trouxe o meu, afirmou o Papa apontando para a imagem de um Menino Jesus sobre a mesa. Este – confidenciou -, foi-me dado pelo arcebispo de Santa Fé; foi feito pelos aborígenes equatorianos”.

Podemos nos perguntar, então, continuou Francisco: agradeço ao Senhor porque Ele se tornou homem como nós, para compartilhar em tudo, exceto o pecado, a nossa existência? Eu O louvo e O abençoo por cada criança que nasce? Quando encontro uma mamãe grávida sou gentil? Apoio e defendo o valor sagrado da vida dos pequeninos desde sua concepção no ventre materno?

O Santo Padre concluiu pedindo que Maria, a Bendita entre todas as mulheres, nos torne capazes de sentir admiração e gratidão diante do mistério da vida que nasce.

 

- O Papa, dor pelas “crianças metralhadas”. Calem-se as armas. Rezo por Moçambique

Nas saudações imediatamente após o Angelus, Francisco pede um cessar-fogo de Natal em todas as frentes de guerra e repete sua mensagem de paz, esperança e reconciliação para países como Moçambique, a martirizada Ucrânia e a Terra Santa. Saudações às crianças do dispensário de Santa Marta e pensamentos aos que vivem em territórios que aguardam recuperação dos seus terremos.

A preocupação do Papa por todos aqueles que padecem os sofrimentos infligidos pela guerra e pela violência é grande e constante. Faltando três dias para o nascimento de Jesus, em quem os homens colocam a sua esperança, o Papa, em sua saudação aos fiéis, logo após a recitação do Angelus, recordou Moçambique, espremido entre a pobreza e a violência:

“Sempre acompanho com atenção e preocupação as notícias de Moçambique, e desejo renovar a esse amado povo minha mensagem de esperança, paz e reconciliação. Rezo para que o diálogo e a busca do bem comum, sustentados pela fé e pela boa vontade, possam prevalecer sobre a desconfiança e a discórdia”.

Em seguida o Papa denunciou a “tanta crueldade” sofrida pelos pequenos inocentes em outras zonas de conflito.

A martirizada Ucrânia continua a ser atingida por ataques a cidades, às vezes danificando escolas, hospitais e igrejas.

“Silenciem as armas e deixem soar as canções de Natal! Rezemos para que no Natal o fogo cesse em todas as frentes de guerra, na Terra Santa, na Ucrânia, em todo o Oriente Médio e no mundo inteiro. E com dor penso em Gaza, em tanta crueldade; nas crianças metralhadas, no bombardeio de escolas e hospitais... Quanta crueldade!"

Nenhuma criança é um erro

Conectando-se da capela da Casa Santa Marta, de onde conduziu a oração do Angelus devido ao frio e aos sintomas de resfriado, o Papa se dirigiu a todos os cidadãos italianos que “vivem em territórios que há muito tempo esperam a bonificação para proteger a saúde”, expressando sua proximidade a todas essas populações, especialmente “àquelas que sofreram a recente tragédia de Calenzano”, município de Florença, onde cinco pessoas morreram na explosão de um depósito da Eni em 9 de dezembro. Francisco então conta sobre sua manhã, um motivo para lembrar que as crianças nunca são um erro.

“Esta manhã tive a alegria de estar com as crianças, com suas mães, que frequentam o Dispensário Santa Marta no Vaticano, administrado - aqui no Vaticano - pelas Irmãs Vicentinas, boas freiras .... Entre elas, há uma freira que é como a avó de tudo isso, a boa freira Antonietta (Ir. Antonietta Collacchi.), de quem elas se lembram com tanto amor. E para mim, eram tantas as crianças, elas encheram meu coração de alegria. Repito: “Nenhuma criança é um erro!”

Que no Natal ninguém fique sozinho

Por fim, a bênção dos “Bambinelli” que crianças e jovens levaram à Praça São Pedro e que depois serão colocados nos presépios, um “gesto simples, mas importante”, definiu o Papa, que concluiu com a esperança de que ninguém se esqueça de seus avós e que “ninguém fique sozinho nestes dias”.

 

- O Papa recebe as crianças do dispensário pediátrico Santa Marta

Um costume renovado poucos dias antes do Natal e dias depois do aniversário de Francisco, que, para a ocasião, recebeu um presente e um bolo com velas, que depois foram apagadas. Em seguida, a festa foi transferida para o átrio da Sala Paulo VI, com jogos, animações e um lanche final.

As crianças do dispensário pediátrico Santa Marta encontraram o Papa Francisco, poucos dias antes do Natal e dias depois de seu aniversário. Um costume, realizado pela instituição de caridade que há 102 anos ajuda comunidades em dificuldade com cuidados pediátricos e doação de necessidades básicas, que viu 150 famílias festejarem o Papa com uma canção e a criação de uma porta santa “simbólica” feita de palavras.

A festa na Sala Paulo VI

Após a entrega de um presente e o sopro das velas do bolo pelo Papa, a festa continuou no átrio da Sala Paulo VI. Lá, houve animações e jogos, fotos com o Papai Noel e, em seguida, a entrega dos presentes: brinquedos, um pacote com produtos alimentícios, panetone e um calendário com fotos do dispensário. Para finalizar a manhã, um lanche com pizza, nuggets, muffins e frutas.

Fonte: Vatican News