Economia

Dólar recua 2,3% e fecha a R$ 6,12 com leilões e coletiva do BC; bolsa sobe





Moeda norte-americana atingiu R$ 6,30 nesta manhã; na véspera, o dólar fechou em um novo patamar histórico, a R$ 6,26, com a piora na perspectiva

O dólar à vista fechou a sessão desta quinta-feira (19) em queda frente ao real depois do Banco Central (BC) realizar um segundo leilão de US$ 5 bilhões para conter a alta da moeda. Na abertura, a divisa norte-americana apresentou forte alta e chegou a alcançar o patamar de R$ 6,30.

O dólar à vista fechou a sessão com queda de 2,29%, a R$ 6,1243 na venda. Já o Ibovespa encerrou o pregão com alta 0,34%, a 121.187,91mil pontos.

No primeiro leilão, o BC vendeu um total de US$ 3 bilhões à vista em um novo leilão, no que foi a 5ª operação do tipo na última semana.

Na véspera, o dólar fechou em um novo patamar histórico, a R$ 6,26, enquanto investidores digeriam a aprovação do texto-base de uma das propostas do pacote fiscal do governo na Câmara dos Deputados.

O cenário, porém, segue negativo diante do temor do mercado de que novas medidas não sejam aprovadas ainda neste ano ou sejam esvaziadas pelo Congresso.

A divisa, que já operava em novos recordes, ganhou mais força após o Federal Reserve (Fed) anunciar o corte dos juros em 0,25 ponto nos Estados Unidos e sinalizar a redução de novos cortes para o próximo ano.

Na quarta-feira (18), o Ibovespa fechou com um tombo de mais de 3%, no pior desempenho em dois anos, reflexo de preocupações persistentes sobre o cenário fiscal no país e sinalização de menos cortes de juros nos Estados Unidos.

Coletiva do BC

O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse, nesta quinta-feira (19), que não vê um ataque especulativo contra o real. Durante coletiva, o atual diretor de Política Monetária afirmou que depreciação cambial é uma reação natural do mercado ao cenário econômico do Brasil.

“Não é correto tratar o mercado como um bloco monolítico, como se fosse coordenada andando em um único sentido. Toda vez que há uma mobilização em torno de um ativo há vencedores e perdedores. Então falar que há um ataque especulativo coordenado não representa bem.”  

O futuro do presidente do Banco Central também afirma que “não há bala de prata” para o problema fiscal do Brasil no curto prazo.  

“Todos sabem. Mercado e academia sabem que é difícil apresentar qualquer tipo de plano fiscal que seja bala de prata, que vai dar conta de endereçar todos os problemas no curto prazo. Sinto isso na conversa que tenho com o presidente Lula e com o ministro Fernando Haddad o reconhecimento do diagnóstico de que existem problemas fiscais a serem endereçados no país”, afirmou o diretor de Política Monetária.  

O diretor de Política Monetária foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sobre isso, Galípolo disse que vai “lidar com questões políticas”, caso seja pressionado por parte do governo para reduzir os juros. 

Cenário fiscal

A Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno, por 344 votos a 154, e duas abstenções, nesta quinta-feira (19), a proposta de emenda à Constituição (PEC)que compõe o pacote de corte de gastos do governo. Os deputados ainda devem votar o texto em segundo turno.

São necessários 308 votos para o texto ser aprovado em cada turno. Depois de concluída a votação, a proposta seguirá para a análise do Senado.  

O texto começou a ser analisado na quarta-feira (18), mas o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), suspendeu a sessão para retomá-la nesta manhã. 

 

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Consumo nos lares brasileiros aumenta 7% em novembro

O consumo nos lares brasileiros, medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), cresceu 7% em novembro, na comparação com o mês anterior. Em relação a novembro de 2023, a alta é de 4,40% e, no acumulado do ano, de 2,85%. O resultado inclui os formatos de lojas do tipo atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e comércio eletrônico. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, as promoções da Black Fridayajudaram a impulsionar as vendas de novembro, que contaram com o pagamento do 13º salário, aumentando o volume no último fim de semana do mês. "Durante a Black Friday, o consumo teve elevação de 27,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre os itens mais procurados, destacaram-se artigos natalinos, bebidas, como sidras, pisco, whisky, champanhe e gin, panetones, carnes típicas de natal e frutas em calda", disse.

Milan também atribuiu a alta ao aumento do emprego formal, à liberação de R$ 1,3 bilhões para os aposentados a partir de julho, ao pagamento de R$ 27,7 bilhões do PIS/Pasep, ao pagamento do lote residual do Imposto de Renda (R$ 559 milhões), do Bolsa Família (R$ 14,11 bilhões) e à liberação de R$ 2,4 bilhões de Requisições de Pequeno Valor para aposentados e pensionistas.

Conforme o levantamento, os descontos oferecidos no período reduziram os preços da cesta natalina em quase 7% na média nacional. A maior queda foi registrada em aves natalinas, panetones e sidras. O valor médio da cesta passou de R$ 345,83 para R$ 320,76, representando uma economia de R$ 25,07.

A maior redução ocorreu na região Sul (-11%), seguida do Centro-Oeste (-9,75%), Nordeste (-9%) e Sudeste (-7,5%). Já no Norte, os preços apresentaram alta de 1,5%, devido a questões logísticas que pressionaram os custos.

A pesquisa abrange produtos de marcas próprias dos supermercados, marcas regionais e tradicionais, incluindo aves natalinas, azeite, caixas de bombons, espumantes, lombos, panetones, pernis, perus, sidras e tender. O levantamento de preços foi feito entre os dias 12 e 17 de dezembro.

Segundo a Abras, com a terceira alta consecutiva nos preços dos alimentos, novembro terminou com a AbrasMercado, cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza), em alta de 3,02% na comparação com outubro. Os preços passaram de R$ 757,49 para R$ 780,36, na média nacional. No ano, a variação é de 8%. Em 12 meses, os itens da cesta subiram 9,46%.

Todas as carnes tiveram alta nos preços em novembro: carne bovina – cortes do dianteiro (+ 8,87%) e cortes do traseiro (+7,83%), pernil (+6,67%) e frango congelado (+2,50%). A única proteína animal cujo preço caiu foi o ovo (-1,23%).

A pesquisa mostrou que a maior variação nos preços veio do óleo de soja (+11%), seguido de café torrado e moído (+2,33%), batata (+2,18%), extrato de tomate (+1,10%), leite em pó integral (+0,94%), açúcar refinado (+0,85%) e farinha de mandioca (+0,25%). As quedas foram puxadas por cebola (-6,26%), leite longa vida (-1,72%), papel higiênico (-0,71%) e feijão (-0,51%).

As variações por região foram: Norte (+3,94%), com os preços da cesta saindo de R$ 816 para R$ 848,16; Centro-Oeste (+3,30%), de R$ 716,12 para R$ 739,75; Sudeste (+2,98%), de R$ 776,03 para R$ 799,15; Nordeste (+2,45%), de R$ 675,95 para R$ 692,53, e Sul (+2,18%) passando de R$ 839,08 para R$ 857,34.

Fonte: CNN