Cultura

Papa: em meio às dificuldades, o Advento é uma oportunidade para renovar a esperança





"Se as preocupações sobrecarregam o coração e nos levam a nos fecharmos em nós mesmos, Jesus, ao contrário, nos convida a erguer a cabeça, a confiar em Seu amor que quer nos salvar e que se aproxima de nós em toda situação de nossa existência", foi a exortação do Papa Francisco em sua reflexão antes da oração mariana do Angelus deste I Domingo do Advento.

“O convite de Jesus é este: erguer a cabeça para o alto e manter o coração leve e vigilante.”

Foi o que recordou o Papa Francisco, durante a oração mariana do Angelus deste I Domingo do Advento (01/12), com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua reflexão, o Santo Padre, ao meditar sobre o evangelho proposto pela liturgia neste tempo em que a Igreja convida os fiéis a se prepararem para o Natal, destacou o convite de Jesus para enfrentar as ansiedades da vida com um coração vigilante e livre, confiando no amor divino que nos sustenta.

"O Mestre quer que nossos corações não fiquem pesados pelas angústias ou preocupações", afirmou o Pontífice ao comentar os eventos catastróficos e as tribulações descritas no Evangelho. "Ao contrário, Ele nos convida a erguer a cabeça, confiando em Seu amor e em Sua promessa de salvação, mesmo nos momentos mais difíceis."

Superar o medo com confiança em Deus

O Papa ressaltou que, nos tempos de Jesus, muitos interpretavam os acontecimentos dramáticos como sinais do fim do mundo, sendo tomados pelo medo. No entanto, Francisco enfatizou que Cristo oferece uma perspectiva diferente: "Ele nos liberta das falsas convicções e nos ajuda a interpretar os fatos à luz do projeto de Deus, que realiza Sua salvação mesmo nas situações mais dramáticas da história."

Francisco também convidou os fiéis a refletirem sobre suas próprias vidas: "Meu coração está sobrecarregado pelas preocupações e pelo medo do futuro? Ou consigo olhar para as circunstâncias diárias com os olhos de Deus, em oração, com um horizonte mais amplo?"

Vigilância e oração

Durante sua alocução, o Pontífice destacou ainda a importância de manter a vigilância espiritual, prevenindo que o coração se torne "pesado" com as preocupações mundanas, pois "todos nós, em muitos momentos da vida, nos perguntamos: como ter um coração 'leve', vigilante e livre que não se deixa esmagar pela tristeza?"

"Pode acontecer, de fato, que as ansiedades, os medos e as preocupações com nossa vida pessoal ou com o que acontece no mundo atualmente pesem sobre nós como pedras e nos lancem no desânimo. Se as preocupações sobrecarregam o coração e nos levam a nos fecharmos em nós mesmos, Jesus, ao contrário, nos convida a erguer a cabeça, a confiar em Seu amor que quer nos salvar e que se aproxima de nós em toda situação de nossa existência, a abrir espaço para Ele e, assim, reencontrar a esperança."

Acolher o projeto de Deus

Ao concluir sua reflexão, Francisco expressou seu desejo de que "este tempo do Advento seja uma oportunidade preciosa para levantar o olhar para o Senhor, que alivia o coração e nos sustenta no caminho", e acrescentou:

"Invoquemos a Virgem Maria, que, mesmo nos momentos de prova, esteve pronta para acolher o projeto de Deus."

 

- Papa Francisco: "A guerra é um horror, ofende Deus e a humanidade"

 

Ao final do Angelus deste domingo (01/12), Francisco fez mais um forte e longo apelo por paz e, ao recordar a situação na Síria, Gaza, Israel e Ucrânia, reforçou a importância do caminho virtuoso do diálogo e da reconciliação. O Santo Padre também expressou sua esperança pelo cessar-fogo estabelecido no Líbano e alertou à comunidade internacional para que se empenhe em interromper os conflitos em todas as frentes de guerra.

 

Ao término da oração do Angelus deste domingo, 1º de dezembro, o Papa fez uma série de apelos por paz, destacando os conflitos atuais que afligem a Síria, Gaza, Israel e a Ucrânia. Francisco reafirmou a importância do diálogo como caminho virtuoso para resolver disputas territoriais e promover a reconciliação, recordando o 40º aniversário do Tratado de Paz e Amizade entre a Argentina e o Chile, celebrado na última semana: "Graças à mediação da Santa Sé, esse tratado pôs fim a uma disputa territorial que havia levado os países à beira da guerra". O Pontífice também expressou sua alegria pelo cessar-fogo no Líbano:

 

“Espero que o cessar-fogo seja respeitado por todas as partes, permitindo que a população das regiões afetadas pelo conflito — tanto libanesa quanto israelense — possa voltar em breve e com segurança para suas casas, também com a ajuda preciosa do exército libanês e das forças de paz das Nações Unidas.”

 

Em seguida, o Pontífice fez um apelo urgente aos políticos libaneses, pedindo que elejam imediatamente o Presidente da República para restaurar a normalidade nas instituições e implementar as reformas necessárias para garantir a convivência pacífica entre as diversas religiões do país.

 

Paz no Oriente Médio

 

Em relação à situação em Gaza, Francisco se mostrou esperançoso de que o vislumbre de paz no Líbano possa influenciar positivamente o cessar-fogo em outras regiões em conflito. “Tenho muito presente no coração a libertação dos israelenses que ainda estão sendo mantidos como reféns e o acesso de ajuda humanitária à exausta população palestina”, afirmou, destacando a importância de garantir a segurança e dignidade para todos os afetados.

 

O Papa também manifestou sua proximidade com a Igreja na Síria, onde a guerra reacendeu recentemente, causando muitas vítimas: "Estou muito próximo à Igreja na Síria. Rezemos!”

 

Preocupação com a guerra na Ucrânia e os efeitos do inverno

 

Francisco se mostrou profundamente preocupado com o contínuo sofrimento da Ucrânia, que há quase três anos enfrenta as consequências devastadoras de um conflito armado.

 

“A guerra é um horror, a guerra ofende Deus e a humanidade, a guerra não poupa ninguém, a guerra é sempre uma derrota, uma derrota para toda a humanidade”, afirmou, ressaltando a situação dramática das crianças, mulheres, idosos e pessoas frágeis que são as primeiras vítimas. O Papa também alertou para a chegada do inverno, que pode piorar ainda mais a situação dos ucranianos:

 

“O inverno está às portas e pode agravar as condições de milhões de deslocados. Serão meses dificílimos para eles. A concomitância de guerra e frio é trágica.”

 

Diálogo, fraternidade e reconciliação

 

O Santo Padre fez um apelo à comunidade internacional, conclamando cada homem e mulher de boa vontade a se unir no esforço para pôr fim aos conflitos. “Faço, mais uma vez, um apelo à comunidade internacional e a cada homem e mulher de boa vontade para que façam tudo o que for possível para pôr fim a esta guerra e para que prevaleçam o diálogo, a fraternidade, a reconciliação.” O Pontífice também exortou todos os fiéis a não se cansarem de rezar pela paz e pelo fim dos sofrimentos impostos pelos conflitos:

 

“A busca pela paz é uma responsabilidade não de poucos, mas de todos. Se a indiferença e a resignação aos horrores da guerra prevalecerem, toda a família humana sairá derrotada. Caros irmãos e irmãs, não nos cansemos de rezar por essas populações tão duramente provadas e de implorar a Deus o dom da paz.”

 

Por fim, o Papa desejou a todos um bom início de Advento, um tempo de esperança e preparação para o Natal, e, como de costume, pediu que os fiéis não se esquecessem de rezar por ele.

 

Fonte: Vatican News