Entre várias propostas, o nome da revista "Piazza San Pietro" foi escolhido pelo próprio Papa Francisco. A publicação mensal, que ganhou o modelo arquitetônico da Colunata de Bernini como logotipo por representar "o abraço com a comunidade", estará disponível ao público que visita o Vaticano ou também por assinatura, além de futuramente poder ser distribuída em escolas e salas de espera de estações de trem e aeroportos. A revista vai oferecer conteúdo sobre os temas da Igreja e do mundo ao abordar questões atuais, com foco em problemas sociais como pobreza, imigração, violência e os desafios enfrentados pelas famílias e pelos excluídos. O Papa Francisco também vai participar mensalmente ao responder cartas de leitores, uma para cada edição, disponibilizando-se para ouvir e dialogar com os leitores.
A primeira edição da revista foi divulgada em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25/11). E, como prometido, o Papa respondeu à carta de Oliva da Bergamo, mãe de duas filhas e avó de 3 netos. A última neta, aos 5 anos, ainda não foi batizada "porque os pais, que eram casados no civil, se afastaram do Senhor durante a adolescência". Oliva, assim, abre seu coração ao Papa na carta, falando do seu "grande sofrimento" pela situação, já que sabe "como é importante ter o Senhor ao nosso lado, rezar para Ele, ouvi-Lo e acolher Seu amor":
"Dirijo-me ao senhor, Santo Padre, em busca de conforto e conselho, confiante de que o Senhor nos mostrará o caminho certo para ajudar a nossa neta."
Em resposta, o Papa logo diz compreender o sofrimento da avó, afirmando que realmente "o batismo é um grande dom que podemos dar aos pequenos, porque é o primeiro dos sacramentos". Porém, "se os pais se afastaram da fé, não se deve perder a confiança. A oração pode fazer muito. Faz milagres. Rezem com mais fé", assim como fez Santa Mônica pela conversão do filho Agostinho, recordou Francisco, que mais tarde se tornou um santo.
Alguns podem pensar, continua o Papa: "mas por que batizar uma criança que não entende? Quando for adulta, será ela a decidir". A resposta vem através da oportunidade dos pais darem "algo extraordinário às crianças, algo belo, algo bom: sentir que elas são filhos de Deus". E Francisco alerta:
"Não pensem muito nas festas mundanas, porque esse é um dos motivos que às vezes afastam muitos da fé. Vivam essa expectativa juntos, na paróquia, com outras pessoas. Vivam-na com simplicidade. Batizar uma criança significa confiar no Senhor, no Espírito Santo, porque quando batizamos uma criança, o Espírito Santo entra nessa criança, e o Espírito Santo faz com que as virtudes cristãs cresçam nessa criança, como uma criança, que então florescerá."
O batismo, entretanto, "não pode ser imposto aos pais que não o desejam para seus filhos", explica o Papa, mas "o amor autêntico e desinteressado" da oração dos avós, além do seu exemplo, "podem abrir muitos corações que parecem fechados". Então, Francisco recomenda a não "insistir na proposta do batismo. O amor gratuito é mais persuasivo do que muitas palavras. O amor de Deus semeia futuro, amizade, busca por Ele e em tempos que não conhecemos".
Além da revista, a Basílica de São Pedro está se preparando com outras quatro ações para promover a comunicação, com ênfase na inovação da era digital, como foi explicado em coletiva aos jornalistas nesta segunda-feira (25/11), na Sala de Imprensa da Santa Sé. A estratégia foi divulgada pelo cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica e presidente da Fábrica de São Pedro, e por Pe. Enzo Fortunato, diretor de Comunicação da Basílica de São Pedro.
Outra ação do plano de comunicação por uma Igreja mais inclusiva, em diálogo com o mundo contemporâneo, será uma nova fonte concebida para celebrar a beleza da Basílica de São Pedro e o patrimônio religioso, histórico, artístico e cultural que ela representa. O lançamento dessa espécie de distintivo, que irá acompanhar todas as formas de comunicação, assim como o novo site, está marcado para 2025. A presença da Basílica nas redes sociais, com linguagem simples, será outra ferramenta para oferecer informações úteis em vista do iminente Jubileu.
Duas webcams também serão instaladas: uma sobre o túmulo de São Pedro com inauguração prevista para 2 de dezembro pelo Papa Francisco; e outra sobre a Porta Santa, permitindo quem não puder vir até Roma poder atravessá-la simbolicamente. A experiência "íntima e de massa" de "30 milhões de peregrinos que passarão pela Porta Santa e descerão até as Grutas do Vaticano" poderá ser então compartilhada remotamente, como comenta o cardeal Gambetti:
"Com isso, no dia 2 de dezembro, o próprio Papa vai olhar pela primeira vez para o túmulo do Apóstolo através do olho de uma câmera; vai inaugurar o uso de uma webcam que permitirá que as pessoas se conectem visualmente ao local que testemunhou o sepultamento do Apóstolo e preserva a memória, e permitirá que qualquer pessoa de compartilhar uma intenção de oração, uma mensagem, uma palavra amiga com os irmãos e irmãs em todo o mundo."
E, finalmente, dentro da Fábrica de São Pedro será criada uma sala multiusopara acolher jornalistas para reuniões e briefings. O nosso objetivo, finaliza o Pe. Enzo Fortunato, "é tornar a Basílica acessível a todos, usando ferramentas modernas, como a inteligência artificial, mas sempre adequadamente orientada e controlada. A linguagem deve ser clara e envolvente. Uma linguagem que parte do coração, da comunicação com o coração, como também indica a mais recente encíclica do Papa. A Igreja nunca teve medo de alcançar novos horizontes e fronteiras, com criatividade e coragem, para proclamar o Evangelho".
- Papa Francisco: cessar imediatamente a produção e o uso de minas terrestres
Na mensagem endereçada ao Presidente da Quinta Conferência de Revisão da Convenção sobre Minas Antipessoais, realizada em Siem Reap, Camboja, o Papa Francisco, nesta segunda-feira, 25 de novembro, por meio de um texto assinado pelo cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin e lido pelo Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Ettore Balestrero, reforçou seu apelo por um mundo livre de minas terrestres, destacando os desafios humanitários e éticos associados a esses dispositivos.
“Nos 25 anos desde a entrada em vigor deste importante documento, as minas antipessoais e dispositivos explosivos continuam a ser usados, causando um sofrimento terrível, especialmente às crianças. Quando isso ocorre, toda a humanidade perde, pois toda vida humana é sagrada”, afirmou a mensagem.
O Santo Padre pediu que todos os Estados que ainda não aderiram à Convenção o façam sem demora e cessem imediatamente a produção e o uso dessas armas. Ressaltou ainda a importância de um compromisso renovado dos Estados Partes em implementar plenamente o tratado e intensificar a cooperação internacional para mitigar os impactos dessas armas. Segundo o Pontífice, “qualquer atraso ou retrocesso inevitavelmente aumentará o custo humano”.
Francisco destacou a gratidão da Igreja aos que trabalham no desarmamento e no apoio às vítimas, especialmente às organizações inspiradas pela fé, que atuam em regiões onde a solidariedade é crucial. Reiterou também que a Igreja Católica permanece firme em seu compromisso de contribuir para a paz global.
A mensagem concluiu com a bênção do Papa para que a conferência seja um marco significativo rumo a um mundo sem minas antipessoais, garantindo assistência integral e restauradora às vítimas.
Durante a Audiência Geral de 28 de fevereiro de 2024, Francisco já havia expressado preocupação semelhante ao recordar o 25º aniversário da entrada em vigor da Convenção de Ottawa, que proíbe as minas antipessoais. Na ocasião, o Santo Padre destacou o impacto devastador desses “dispositivos traiçoeiros que nos lembram a dramática crueldade das guerras”, mencionando os crescentes números de vítimas, especialmente em conflitos como os da Ucrânia, Síria, Iêmen e Mianmar.
“Manifesto minha proximidade às numerosas vítimas e agradeço a todos que oferecem sua ajuda, limpando áreas contaminadas e prestando assistência concreta. Esse trabalho é uma resposta ao chamado universal de sermos pacificadores, cuidando de nossos irmãos e irmãs”, afirmou Francisco.
Fonte: Vatican News