O Papa recebeu em audiência uma delegação juvenil do Conselho Universal da Paz (Universal Peace Council), uma instituição fundada em 2016 e que inclui 15 organizações de várias religiões em todo o mundo. De modo especial, seus membros atuam em prol da paz na Terra Santa, "terra que nos séculos foi testemunha de tanta violência e sofrimento", constatou Francisco.
A situação atual, que degenerou no último ano, torna a promoção da paz ainda mais importante e a contribuição dos jovens é fundamental, afirmou o Pontífice, pois possuem um tipo de "idealismo, entusiasmo e esperança, que recordam a todos nós que um mundo melhor é possível, que a paz é possível".
Francisco citou uma série de características que fazem dos jovens artesãos de paz, como uma maior propensão ao perdão, a superar preconceitos e feridas do passado e ao diálogo, "único caminho para paz".
"Os jovens são criativos, mas é ruim quando encontramos jovens 'ideologizados', em que a ideologia toma lugar dos pensamentos e a vontade de fazer o bem."
Para o Pontífice, é fácil desanimar quando se veem os efeitos devastasores da guerra e do ódio, da pobreza, da fome e da discriminação. Mas jamais perder a esperança:
"Nesses momentos, lembrem-se de que qualquer coisa que valha a pena fazer nunca é fácil. Requer sacrifício e vontade de empenhar-se todos os dias. Mantenham viva a esperança, queridos jovens, mantendo sempre presente que somos todos parte de uma única família humana", encorajou o Papa, que acrescentou outro elemento imprescindível: não perder jamais o senso de humor. "Isso é muito importante! Não perder a capacidade de alegrar-se, que ajuda a ver as coisas melhor."
- Papa: o amor gratuito de Deus é mais persuasivo do que muitas palavras
Entre várias propostas, o nome da revista "Piazza San Pietro" foi escolhido pelo próprio Papa Francisco. A publicação mensal, que ganhou o modelo arquitetônico da Colunata de Bernini como logotipo por representar "o abraço com a comunidade", estará disponível ao público que visita o Vaticano ou também por assinatura, além de futuramente poder ser distribuída em escolas e salas de espera de estações de trem e aeroportos. A revista vai oferecer conteúdo sobre os temas da Igreja e do mundo ao abordar questões atuais, com foco em problemas sociais como pobreza, imigração, violência e os desafios enfrentados pelas famílias e pelos excluídos. O Papa Francisco também vai participar mensalmente ao responder cartas de leitores, uma para cada edição, disponibilizando-se para ouvir e dialogar com os leitores.
A primeira edição da revista foi divulgada em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25/11). E, como prometido, o Papa respondeu à carta de Oliva da Bergamo, mãe de duas filhas e avó de 3 netos. A última neta, aos 5 anos, ainda não foi batizada "porque os pais, que eram casados no civil, se afastaram do Senhor durante a adolescência". Oliva, assim, abre seu coração ao Papa na carta, falando do seu "grande sofrimento" pela situação, já que sabe "como é importante ter o Senhor ao nosso lado, rezar para Ele, ouvi-Lo e acolher Seu amor":
"Dirijo-me ao senhor, Santo Padre, em busca de conforto e conselho, confiante de que o Senhor nos mostrará o caminho certo para ajudar a nossa neta."
Em resposta, o Papa logo diz compreender o sofrimento da avó, afirmando que realmente "o batismo é um grande dom que podemos dar aos pequenos, porque é o primeiro dos sacramentos". Porém, "se os pais se afastaram da fé, não se deve perder a confiança. A oração pode fazer muito. Faz milagres. Rezem com mais fé", assim como fez Santa Mônica pela conversão do filho Agostinho, recordou Francisco, que mais tarde se tornou um santo.
Alguns podem pensar, continua o Papa: "mas por que batizar uma criança que não entende? Quando for adulta, será ela a decidir". A resposta vem através da oportunidade dos pais darem "algo extraordinário às crianças, algo belo, algo bom: sentir que elas são filhos de Deus". E Francisco alerta:
"Não pensem muito nas festas mundanas, porque esse é um dos motivos que às vezes afastam muitos da fé. Vivam essa expectativa juntos, na paróquia, com outras pessoas. Vivam-na com simplicidade. Batizar uma criança significa confiar no Senhor, no Espírito Santo, porque quando batizamos uma criança, o Espírito Santo entra nessa criança, e o Espírito Santo faz com que as virtudes cristãs cresçam nessa criança, como uma criança, que então florescerá."
O batismo, entretanto, "não pode ser imposto aos pais que não o desejam para seus filhos", explica o Papa, mas "o amor autêntico e desinteressado" da oração dos avós, além do seu exemplo, "podem abrir muitos corações que parecem fechados". Então, Francisco recomenda a não "insistir na proposta do batismo. O amor gratuito é mais persuasivo do que muitas palavras. O amor de Deus semeia futuro, amizade, busca por Ele e em tempos que não conhecemos".
Além da revista, a Basílica de São Pedro está se preparando com outras quatro ações para promover a comunicação, com ênfase na inovação da era digital, como foi explicado em coletiva aos jornalistas nesta segunda-feira (25/11), na Sala de Imprensa da Santa Sé. A estratégia foi divulgada pelo cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica e presidente da Fábrica de São Pedro, e por Pe. Enzo Fortunato, diretor de Comunicação da Basílica de São Pedro.
Outra ação do plano de comunicação por uma Igreja mais inclusiva, em diálogo com o mundo contemporâneo, será uma nova fonte concebida para celebrar a beleza da Basílica de São Pedro e o patrimônio religioso, histórico, artístico e cultural que ela representa. O lançamento dessa espécie de distintivo, que irá acompanhar todas as formas de comunicação, assim como o novo site, está marcado para 2025. A presença da Basílica nas redes sociais, com linguagem simples, será outra ferramenta para oferecer informações úteis em vista do iminente Jubileu.
Duas webcams também serão instaladas: uma sobre o túmulo de São Pedro com inauguração prevista para 2 de dezembro pelo Papa Francisco; e outra sobre a Porta Santa, permitindo quem não puder vir até Roma poder atravessá-la simbolicamente. A experiência "íntima e de massa" de "30 milhões de peregrinos que passarão pela Porta Santa e descerão até as Grutas do Vaticano" poderá ser então compartilhada remotamente, como comenta o cardeal Gambetti:
"Com isso, no dia 2 de dezembro, o próprio Papa vai olhar pela primeira vez para o túmulo do Apóstolo através do olho de uma câmera; vai inaugurar o uso de uma webcam que permitirá que as pessoas se conectem visualmente ao local que testemunhou o sepultamento do Apóstolo e preserva a memória, e permitirá que qualquer pessoa de compartilhar uma intenção de oração, uma mensagem, uma palavra amiga com os irmãos e irmãs em todo o mundo."
E, finalmente, dentro da Fábrica de São Pedro será criada uma sala multiusopara acolher jornalistas para reuniões e briefings. O nosso objetivo, finaliza o Pe. Enzo Fortunato, "é tornar a Basílica acessível a todos, usando ferramentas modernas, como a inteligência artificial, mas sempre adequadamente orientada e controlada. A linguagem deve ser clara e envolvente. Uma linguagem que parte do coração, da comunicação com o coração, como também indica a mais recente encíclica do Papa. A Igreja nunca teve medo de alcançar novos horizontes e fronteiras, com criatividade e coragem, para proclamar o Evangelho".
- Papa lamenta morte de jovens em acidentes de trânsito: educação é o caminho
O respeito às leis de trânsito foi o tema da saudação que o Papa dirigiu aos membros da Federação Italiana de Motociclismo, recebidos na manhã de segunda-feira, 25 de novembro.
A Federação tem como missão gerir e disciplinar o motociclismo na Itália e representá-lo em nível internacional e ao fazê-lo, Francisco pediu um forte empenho na sensibilização ao respeito das regras do Código de Trânsito para garantir mais segurança nas estradas.
Para o Pontífice, um dos méritos desta Federação é o trabalho que realizam nas escolas para promover a educação no trânsito. "Deste modo, vocês têm a possibilidade de fazer refletir os jovens, que admiram os campões de motociclismo, mas que com frequência não têm consciência dos perigos."
Com efeito, o Papa lamentou as inúmeras vítimas de acidentes, sobretudo jovens. "Em muitos casos, o escasso conhecimento ou a falta de aplicação das normas de segurança coloca em perigo a incolumidade não só de quem dirige, mas também dos outros. Por isso, o tempo dedicado às iniciativas didáticas neste sentido é um investimento a favor da vida", afirmou Francisco.
O Santo Padre concluiu a audiência com bom humor, pedindo as orações dos presentes. E por quê? "Porque o meu trabalho é muito acelerado e a minha moto envelheceu e não funciona bem. Obrigado!"
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- Papa a jainistas: cultivar a fraternidade para cuidar uns dos outros e da casa comum
A série de audiências desta segunda-feira (25/11) começou com um encontro inter-religioso no Vaticano, quando o Papa Francisco recebeu uma delegação internacional que representa o jainismo, uma das religiões mais antigas do mundo baseada nos ensinamentos do filósofo indiano Mahāvīra (que viveu no IV século a.C.) de não violência e compaixão por todo ser vivo. Na Sala dos Papas, o Pontífice agradeceu a presença do grupo de 40 pessoas provenientes de vários países e coordenadas pelo Instituto de Jainologia de Londres, uma visita que se insere "no crescente diálogo entre jainistas e cristãos, que vem ocorrendo há décadas, promovido pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso". Momento em que Francisco pediu uma oração especial pela saúde do prefeito, o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot:
"Também gostaria de lhes dar uma notícia não muito boa: o chefe deste Dicastério, o cardeal Ayuso, está muito mal de saúde, está perto da morte. Uma bela oração por ele."
Os representantes do jainismo, como recordou o Papa, seguem o mesmo compromisso dos cristãos de buscar "maneiras de cuidar da terra, dos pobres e das pessoas mais vulneráveis na sociedade". São áreas de reflexão e ação que se tornaram muito importantes para os nossos tempos, marcados pelo "individualismo e indiferença", que levam muitas pessoas "a desconsiderar a dignidade e os direitos do próximo, principalmente em contextos multiculturais". Por um lado, resumiu o Papa, "há grupos que dominam e excluem as minorias, permanecendo surdos ao 'grito da terra e ao grito dos pobres' (Carta Encíclica Laudato si', 49)".
"Por outro lado, há aqueles que se propõem construir a amizade social, a solidariedade e uma paz duradoura. Três coisas que devemos ter sempre em mente: amizade social, solidariedade e paz. Infelizmente, esses esforços construtivos são frequentemente dificultados e bloqueados. No entanto, não devemos desanimar nem ter medo de semear esperança por meio de iniciativas que cultivem o senso de humanidade em nós, crentes, e em todos."
Um compromisso constante e conjunto para fortalecer "a vontade comum de trabalhar juntos para construir um mundo melhor":
“Jamais devemos nos esquecer dessa fraternidade universal. Toda pessoa de boa vontade pode difundir amor, dedicar-se aos necessitados, respeitando as diferenças. É esse estilo que sempre nos dá nova energia para cuidarmos uns dos outros e da casa comum.”
Fonte: Vatican News