Economia

Dólar avança e fecha a R$ 5,81 com tensões geopolíticas e fiscal no radar; bolsa cai





Rússia lançou um míssil balístico intercontinental em um ataque à Ucrânia nesta quinta (21), segundo a Força Aérea de Kiev

 

O dólar encerrou em queda frente ao real nesta quinta-feira (21), à medida que investidores voltavam a demonstrar aversão ao risco em meio à escalada das tensões entre Ucrânia e Rússia, enquanto o mercado aguarda com nervosismo o anúncio de medidas fiscais pelo governo.

O dólar à vista fechou o dia com alta de 0,76%, a R$ 5,8117 na venda. Já o Ibovespa encerrou com baixa de 0,99%, a 126.922,11 pontos, após o mercado ficar fechado na véspera com o feriado do Dia da Consciência Negra.

O principal índice do mercado brasileiro foi pressionado pela performance negativa de grandes bancos e em meio ao ceticismo em relação ao pacote de corte de gastos prometido pelo governo, mas ainda não apresentado.

Nos Estados Unidos, pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 6 mil para 213 mil em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 16 de novembro. O resultado demonstra uma recuperação em novembro, depois de ter desacelerado abruptamente no mês passado em meio a furacões e greves.

Contexto internacional

A Rússia lançou um míssil balístico intercontinental em um ataque à Ucrânia nesta quinta, segundo a Força Aérea de Kiev, no primeiro uso conhecido na guerra de uma arma tão poderosa, com capacidade nuclear e alcance de milhares de quilômetros.

O incidente ampliou as preocupações recentes de agentes financeiros, que vão desde a possibilidade de expansão do conflito para membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) até novos choques de oferta de produtos como petróleo e grãos.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,38%, a 107,0820.

Na última terça-feira (19), os mercados globais já haviam fugido do risco após o presidente russo, Vladimir Putin, aprovar alterações na doutrina nuclear de Moscou, flexibilizando as condições para o uso de armas nucleares, em resposta a relatos de que os Estados Unidos teriam permitido que a Ucrânia usasse mísseis norte-americanos contra seu oponente.

Ainda no cenário externo, investidores seguem especulando sobre o novo governo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à medida que aguardam o anúncio de quem será seu secretário do Tesouro e quais serão suas prioridades econômicas no início do mandato.

O dólar tem acumulado uma série de ganhos diante da perspectiva de que Trump implementará tarifas sobre importações e cortes de impostos, medidas que economistas veem como inflacionárias, o que pode reduzir o ritmo de afrouxamento monetário aplicado pelo Federal Reserve.

Cenário nacional

O mercado demonstra nervosismo com a demora da divulgação de um pacote com medidas de contenção de gastos pelo governo, uma vez que o Executivo havia prometido que o anúncio viria após o segundo turno das eleições municipais.

“Temos uma grande trava aqui que é o pacote de corte de gastos do governo… Ao que tudo indica haverá um pacote bom, mas enquanto o mercado não encontrar materialização, não vamos ter gatilho local”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Mais cedo, o ministro da Casa Civil, disse em entrevista à GloboNews que há expectativa de que a redação do pacote seja finalizada nesta semana, com a data de anúncio a ser definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ansiedade do mercado se refletia na curva de juros brasileira, com as taxas de DI subindo para todas as datas de vencimento, com altas sólidas nos contratos de prazos mais longos.

 

Fonte: CNN