Economia

Dólar avança a R$ 5,76 com tensões geopolíticas e fiscal no radar; bolsa sobe





Investidores continuam à espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (19) em alta ante o real, com investidores atentos à escalada das tensões geopolíticas, especialmente o conflito entre Rússia e Ucrânia, enquanto questões fiscais domésticas permaneciam no radar.

O dólar à vista fechou com elevação de 0,34%, a R$ 5,7679 na venda. Também com viés positivo, o Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,34%, a 128.197,25 pontos.

A bolsa brasileira foi sustentada pelo desempenho das ações da Vale (VALE3) e de grandes bancos, como Itaú Unibanco (ITUB4) em movimento respaldado ainda por recuperação dos índices norte-americanos Nasdaq e S&P 500.

Cenário internacional

Putin aprovou nesta terça-feira alterações para a doutrina nuclear russa, flexibilizando as condições para um ataque nuclear do país ao permitir o uso de armas nucleares caso sofra uma ofensiva convencional de um inimigo apoiado por um Estado nuclear.

A decisão ocorreu dias depois de o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter supostamente aprovado o uso de mísseis norte-americanos pela Ucrânia para ataques ao território russo.

A escalada das tensões do conflito entre os vizinhos europeus, que marca seu milésimo dia nesta terça, afetava o apetite por risco em mercados de câmbio e de ações em todo o mundo, impulsionando ativos considerados seguros, como o dólar.

A fuga do risco afetava particularmente moedas emergentes, mais voláteis nesses cenários, com a moeda dos EUA avançando sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

“A real está em desvantagem em relação às moedas portos-seguros até o momento, já que uma ilustração da aversão ao risco varre os mercados em meio a temores de uma possível escalada na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, até o momento, o movimento tem sido relativamente contido”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

“É provável que continue assim enquanto os mercados considerarem a doutrina revisada de Putin apenas uma ameaça, e não o cruzamento de uma linha que dê início a um conflito mais amplo ou o uso de armas nucleares”, completou.

Os mercados globais também continuam observando a busca do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, por um secretário do Tesouro, conforme a disputa pelo cargo parece ter se ampliado após uma pausa no fim de semana.

A perspectiva da implementação de uma nova política econômica que inclua tarifas adicionais e cortes de impostos já vem valorizando o dólar, à medida que analistas consideram os projetos do republicano inflacionários.

Contexto doméstico

Investidores continuam à espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo. A demora na divulgação do pacote, após o governo ter prometido o anúncio para depois do segundo turno das eleições municipais, tem estressado o mercado e pressionado os ativos brasileiros.

Em entrevista à Times Brasil/CNBC divulgada no domingo (17), o ministro do Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o pacote está fechado e deve ser anunciado em breve, com a pendência apenas da resposta do Ministério da Defesa.

 

Fonte: CNN - Reuters