Um agradecimento a todos que, nas dioceses e paróquias, promoveram iniciativas de solidariedade com os mais necessitados por ocasião do Dia Mundial dos Pobres, que tem como tema “A oração dos pobres eleva-se até Deus”. O Papa Francisco pronunciou essa frase após a oração mariana do Angelus, diante de uma Praça de São Pedro repleta de fiéis de todo o mundo:
Neste dia, lembremos também de todas as vítimas de trânsito: rezemos por elas e pelos familiares, e nos comprometamos a prevenir os acidentes. E faço uma pergunta, cada um pode fazer essa pergunta a si mesmo: eu me privo de alguma coisa para dar aos pobres? E quando dou esmola, toco a mão do pobre e olho em seus olhos? Irmãos e irmãs, não nos esqueçamos de que os pobres não podem esperar!
Após a celebração eucarística do VIII Dia Mundial dos Pobres, o habitual almoço com 1.300 pessoas, com a presença do Papa Francisco, é realizado na Sala Paulo VI. A iniciativa, este ano, é oferecida pela Cruz Vermelha Italiana: cerca de 340 voluntários servem a refeição.
O cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro do Papa e prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, que organiza o almoço, explica à mídia vaticana por que o Pontífice não se cansa de repetir esse gesto: simplesmente para imitar Jesus, “para devolver a dignidade às pessoas”. Rosario Valastro, presidente de uma associação que distribui diariamente produtos e pacotes de alimentos e apoia os sem-teto, respondendo às necessidades e exigências de tantas pessoas, enfatiza o valor da beleza que está nas coisas simples, nos pequenos gestos. “Que o fato de viverem à margem, na solidão, não os torne invisíveis aos nossos olhos, não apague sua dignidade humana”.
O almoço, animado pela Fanfarra da Cruz Vermelha Nacional, inclui um cardápio de lasanha com legumes, bolo de carne recheado com espinafre e queijo, purê de batatas, frutas e sobremesa. No final, cada pessoa recebe uma mochila oferecida pelos Padres Vicentinos (Congregação da Missão), contendo alimentos e produtos de higiene pessoal.
O dia de hoje é o ponto culminante dos esforços feitos pelo Dicastério para a Evangelização durante a semana passada, que supriu as necessidades dos mais necessitados com várias iniciativas de caridade, incluindo, por exemplo, o pagamento de contas para as famílias mais necessitadas por meio de contatos com as paróquias. Uma iniciativa que se tornou possível graças à tradicional generosidade da UnipolSai. O ambulatório Mãe de Misericórdia, que trabalha com o Dicastério para apoiar aqueles que vivem em condições frágeis, fechou na noite de sábado (16/11) com “um rio de caridade que" - disse o diretor Massimo Ralli - "graças aos muitos voluntários, tornou possível acolher e visitar quase mil pobres na semana”.
Ao mesmo tempo, todas as comunidades paroquiais e diocesanas responderam ao convite para colocar a atenção às necessidades dos pobres em seus bairros no centro de suas atividades pastorais por meio de sinais concretos. A Caritas Italiana publicou a 28ª edição do Relatório sobre a Pobreza e a Exclusão Social na Itália, apresentado como parte da primeira assembleia sinodal das Igrejas na Itália, que se encerra neste domingo (17/11) em São Paulo Fora dos Muros. Hoje, na Itália, 9,7% da população vive na pobreza absoluta, praticamente uma pessoa em cada 10. No total, há 5 milhões 694 mil pobres absolutos, em um total de mais de 2 milhões 217 mil famílias (8,4% dos lares). Esse número, que é ligeiramente superior ao de 2022 em termos de família e estável em termos individuais, ainda é o mais alto da série histórica e não mostra nenhum sinal de diminuição.
- Papa Francisco: por favor, não nos esqueçamos dos pobres
“Por favor, não nos esqueçamos dos pobres!”. A invocação com a qual o Papa Francisco encerra sua homilia na missa do VIII Dia Mundial dos Pobres neste domingo (17/11), na Basílica de São Pedro, é dirigida à Igreja, aos governos dos Estados e às organizações internacionais, mas também “a todos e a cada um”. E aos fiéis em Cristo, o Papa nos lembra que “é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte”. Porque a esperança cristã precisa de “cristãos que não se viram para o outro lado” e que sintam “a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres”. Francisco sublinhou isso lembrando uma advertência do cardeal Martini: somente servindo os pobres “a Igreja ‘torna-se’ ela mesma, isto é, uma casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada homem”.
Em uma Basílica lotada, com a presença dos pobres que mais tarde almoçam com ele na Sala Paulo VI, o Pontífice abre a celebração com a exortação do ato penitencial: “Com o olhar fixo em Jesus Cristo, que se fez pobre por nós e rico de amor para com todos, reconheçamos que precisamos da misericórdia do Pai”. O celebrante no altar é o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização.
Na homilia, o Papa Francisco relê a passagem do Evangelho de Marcos, na liturgia deste XXXIII Domingo do Tempo Comum, com as palavras de Jesus aos discípulos antes de sua paixão, descrevendo “o estado de espírito daqueles que viram a destruição de Jerusalém”, mas também a chegada extraordinária do Filho do Homem. “Quando tudo parece desmoronar-se, que Deus vem, que Deus se aproxima, que Deus nos reúne para nos salvar”.
Jesus convida-nos a ter um olhar mais aguçado, a ter olhos capazes de “ler por dentro” os acontecimentos da história, para descobrir que, mesmo na angústia dos nossos corações e dos nossos tempos, há uma esperança inabalável que resplandece.
Neste Dia Mundial dos Pobres, portanto, o Papa nos convida a nos determos nas duas realidades, “angústia e esperança, que sempre duelam entre si na arena do nosso coração”. Ele começa com a angústia, tão difundida em nosso tempo, “onde a comunicação social amplifica os problemas e as feridas, tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais incerto”. Se o nosso olhar, enfatiza, “se detém apenas na crônica dos acontecimentos, dentro de nós a angústia ganha terreno”, porque ainda hoje, como na passagem do Evangelho, “vemos o sol escurecer e a lua se apagar, vemos a fome e a carestia que oprimem tantos irmãos e irmãs, vemos os horrores da guerra e a morte de inocentes”. E corremos o risco de “afundarmos no desânimo e de não nos apercebermos da presença de Deus no drama da história. Assim, condenamo-nos à impotência".
Vemos crescer à nossa volta a injustiça que causa a dor dos pobres, mas juntamo-nos à corrente resignada daqueles que, por comodismo ou por preguiça, pensam que “o mundo é assim mesmo” e que “não há nada que eu possa fazer”. Desse modo, até a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade.
Francisco cita a sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium para nos lembrar que, “enquanto crescem as desigualdades e a economia penaliza os mais fracos, enquanto a sociedade se consagra à idolatria do dinheiro e do consumo”, acontece que “os pobres e os excluídos não podem fazer outra coisa senão continuar a esperar”. Mas no quadro apocalíptico que acaba de ser descrito no Evangelho, Jesus “acende a esperança”, descrevendo a chegada do Filho do Homem “com grande poder e glória”, para reunir “os seus eleitos dos quatro ventos”. Assim, ele “alarga o nosso olhar para que aprendamos a perceber, mesmo na precariedade e na dor do mundo, a presença do amor de Deus que se faz próximo, que não nos abandona, que atua para a nossa salvação”. Jesus, lembra o Pontífice, está apontando “inicialmente para a sua morte que terá lugar pouco depois”, mas também para “o poder da sua ressurreição” que destruirá as cadeias da morte, “e um mundo novo nascerá das ruínas de uma história ferida pelo mal”. Jesus nos dá essa esperança por meio da bela imagem da figueira: “quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto”.
Do mesmo modo, também nós somos chamados a ler as situações da nossa história terrena: onde parece haver apenas injustiça, dor e pobreza, precisamente naquele momento dramático, o Senhor aproxima-se para nos libertar da escravidão e fazer brilhar a vida.
E isso é feito, ele explica, “com nossa proximidade cristã, com a nossa fraternidade cristã”.
Não se trata de jogar uma moeda nas mãos de quem precisa. Àquele que dá a esmola, eu pergunto duas coisas: “Você toca as mãos das pessoas ou joga a moeda sem tocá-las? Você olha nos olhos a pessoa que ajuda ou desvia o olhar?”.
Cabe a nós, seus discípulos, continua o Papa Francisco, que graças ao Espírito Santo podemos semear essa esperança no mundo. “Somos nós" - e aqui ele cita sua Encíclica Fratelli tutti - "que podemos e devemos acender luzes de justiça e de solidariedade, enquanto se adensam as sombras de um mundo fechado".
Somos nós que a sua Graça faz brilhar, é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte.
Não esqueçamos, é a invocação do Papa, que a esperança cristã, “que se realizou em Jesus e se concretiza no seu Reino, precisa de nós e do nosso empenho, de uma fé operosa na caridade, de cristãos que não passam para o outro lado do caminho". E aqui ele lembra a imagem de um fotógrafo romano de um casal de adultos saindo de um restaurante, que olhava para o outro lado para não cruzar dom o olhar de “uma pobre senhora, deitada no chão, pedindo esmolas”.
Isso acontece todos os dias. Perguntemos a nós mesmos: eu olho para o outro lado quando vejo a pobreza, as necessidades, a dor dos outros?
Francisco cita então um teólogo do século XX, Metz, quando dizia que a fé cristã deve gerar em nós uma “mística de olhos abertos”: “não uma espiritualidade que foge do mundo, mas, pelo contrário, uma fé que abre os olhos aos sofrimentos do mundo e às aflições dos pobres, para exercer a mesma compaixão de Cristo”.
“Eu sinto a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres, diante daqueles que não têm trabalho, que não têm o que comer, que são marginalizados pela sociedade?”
E, continua o Papa Francisco, “não devemos olhar apenas para os grandes problemas da pobreza mundial, mas para o pouco que todos nós podemos fazer todos os dias".
Com o nosso estilo de vida, com o cuidado e a atenção pelo ambiente em que vivemos, com a busca tenaz da justiça, com a partilha dos nossos bens com os mais pobres, com o engajamento social e político para melhorar a realidade que nos rodeia..
Assim, “o nosso pouco será como as primeiras folhas que brotam na figueira: uma antecipação do verão que está próximo”. Concluindo, o Papa recorda uma advertência do cardeal Carlo Maria Martini, quando disse “que devemos ter cuidado ao pensar que existe primeiro a Igreja, já sólida em si mesma, e depois os pobres dos quais escolhemos cuidar. Na realidade, tornamo-nos a Igreja de Jesus na medida em que servimos os pobres, pois somente assim «a Igreja “torna-se” ela mesma, isto é, uma casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada homem»”.
Digo-o à Igreja, digo-o aos governos dos Estados e às organizações internacionais, digo-o a todos e a cada um: por favor, não nos esqueçamos dos pobres.
Antes da missa, o Papa Francisco abençoou simbolicamente 13 chaves, representando os 13 países nos quais a Famvin Homeless Alliance (FHA), da Família Vicentina, construirá novas casas para pessoas necessitadas com o Projeto “13 Casas” para o Jubileu. Entre esses países está também a Síria, cujas 13 casas serão financiadas diretamente pela Santa Sé como um gesto de caridade para o Ano Santo. Um ato de solidariedade que se tornou possível graças a uma generosa doação da UnipolSai, que desejou entusiasticamente contribuir, no período que antecedeu o Ano Santo, com esse sinal de esperança para uma terra ainda devastada pela guerra.
No final da missa e após a recitação do Angelus, o Papa almoça na Sala Paulo VI junto com 1.300 pessoas pobres. O almoço, organizado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, é oferecido este ano pela Cruz Vermelha Italiana e animado por sua Fanfarra Nacional. No final do almoço, cada pessoa recebe uma mochila oferecida pelos Padres Vicentinos (Congregação da Missão), contendo alimentos e produtos de higiene pessoal.
- Francisco: confiar no Evangelho para não viver com a angústia da morte
Na reflexão do Angelus deste domingo, 17 de novembro, o Papa Francisco se detém sobre o que passa e o que permanece. Todas as realidades deste mundo estão destinadas a passar, o que permanecerá será o amor do qual teremos sido capazes.
Francisco comenta as leituras do dia, convidando-nos a superar o apego às coisas terrenas: crises e fracassos, ou a dor causada por guerras, violência, desastres naturais, que não podem e não devem nos mergulhar na desolação. A sensação de que tudo está chegando ao fim é apenas uma sensação, parece dizer o Papa, “sentimos que até as coisas mais belas passam”.
As crises e os fracassos, no entanto, embora dolorosos, são importantes, pois nos ensinam a dar a tudo o devido peso, a não prender o coração às realidades deste mundo, porque elas passarão: estão destinadas a passar.
O convite do Papa é para viver de acordo com a promessa de eternidade e ressurreição do Evangelho. É isso que torna possível “não viver mais sob a angústia da morte”.
Tudo morre e nós também morreremos um dia, mas não perderemos nada do que construímos e amamos, porque a morte será o início de uma nova vida. Irmãos e irmãs, mesmo nas tribulações, nas crises, nos fracassos, o Evangelho nos convida a olhar a vida e a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece: não nos esqueçamos que Deus prepara para nós um futuro de vida e alegria.
- Papa: governantes, escutem o grito dos povos que pedem paz
No dia dedicado aos pobres, o Papa Francisco não pode esquecer “dos povos que pedem paz”, que se tornaram refugiados, sem teto sobre a cabeça, pelas muitas guerras que mancham o planeta de sangue. Ele o faz após a oração do Angelus deste domingo (17/11), com a triste lista dos países que mais sofrem, pelos conflitos mais conhecidos.
Rezemos pela paz: na martiriziada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Myanmar, no Sudão. A guerra torna as pessoas desumanas, induz a tolerar crimes inaceitáveis. Que os governantes ouçam o grito dos povos que pedem paz.
O Papa então se uniu à oração da Igreja na Itália que nesta segunda-feira, 18 de novembro, irá repropor o Dia de Oração pelas Vítimas e os Sobreviventes de Abuso.
Todo abuso é uma traição à confiança, é uma traição à vida! A oração é indispensável para “reconstruir a confiança”.
O Pontífice recordou então que neste sábado (16/11), em Shkodër, na Albânia, dois mártires foram beatificados na missa presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos: Luigi Palić, sacerdote da Ordem dos Frades Menores, e Gjon Gazulli, sacerdote diocesano. Vítimas de perseguição religiosa no século XX. E neste domingo (17/110, em Freiburg im Breisgau, na Alemanha, o cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, conduziu a missa de beatificação de outro mártir, o padre Max Josef Metzger, fundador do Instituto Secular de Cristo Rei, “combatido pelo nazismo por seu compromisso religioso em favor da paz”.
Que o exemplo desses mártires possa confortar tantos cristãos que são discriminados pela fé em nosso tempo. Vamos aplaudir os novos Beatos!
Por fim, o Papa Francisco também lembrou de todos os pescadores, por ocasião do Dia Mundial da Pesca, que será celebrado na próxima quinta-feira, 21 de novembro, pedindo a Maria, Estrela do Mar, que proteja os pescadores e suas famílias.
Fonte: Vatican News