Nem o peso-pesado mais dominante da história do UFC conseguiu parar Jon Jones. É verdade, Stipe Miocic estava há quase quatro anos sem lutar e, aos 42 anos, não parecia mais o mesmo homem que conquistou o cinturão da categoria por duas vezes e o defendeu com sucesso em quatro oportunidades. Muito disso, porém, foi mérito da força irresistível que é o atual campeão da divisão, que teve mais uma performance dominante e saiu do Madison Square Garden em Nova York com uma vitória por nocaute aos 4min29s do terceiro round, na luta principal do UFC 309, neste sábado.
Amplamente considerado o melhor lutador de MMA de todos os tempos, Jones venceu a segunda luta como peso-pesado (até 120kg), sua primeira defesa de cinturão, após uma década dominando o peso-meio-pesado (até 93kg). Em 29 lutas, são agora 28 vitórias e apenas uma derrota, numa desclassificação por usar uma técnica recentemente permitida nas regras do esporte após anos de banimento. Com a adição de Miocic no currículo, "Bones" poderia pendurar as luvas neste sábado, como o próprio Stipe fez.
Mas o maior da história descartou a aposentadoria. Só não disse se seu próximo desafio será contra Tom Aspinall, atual campeão interino dos pesados, ou Alex "Poatan" Pereira, campeão dos meio-pesados e ex-campeão dos médios (até 84kg).
- Sobre meu futuro no octógono, eu decidi que talvez não vá me aposentar. E tive umas conversas com Dana (White) e Hunter (Campbell, dirigentes do UFC), e talvez vamos lhes dar o que vocês querem em 2025. Só sei que tenho opções e vamos conversar - declarou Jones.
Jon Jones abriu os trabalhos jogando um direto de esquerda - começou a luta em base canhota. Stipe passou perto com um direto na resposta. O campeão passou a mirar as pernas e o corpo com chutes baixos, e mostrou velocidade para escapar dos cruzados pesados de Miocic. Jon jogou um pontapé no joelho e, na sequência, deu um osoto-gari para levar o desafiante ao chão. Por cima com muito tempo para trabalhar, "Bones" jogou suas características cotoveladas na cabeça. Mas Mioci resistiu bem e, surpreendentemente, só sofreu um corte abaixo do olho direito no último segundo do assalto.
Miocic parecia lento e travado, mas soltou alguns jabs e diretos no início do segundo round. Jones estava confortável e esquivava os golpes com facilidade. Paciente, ele acertou uma dura ponteira na linha de cintura e uma joelhada no clinche. O campeão tentou alguns chutes altos de esquerda que pararam na guarda, e conectou um chute rodado no corpo.
Stipe foi para cima no início do terceiro round, mas Bones novamente mostrou boa esquiva e saiu de perto. Ele voltou a apostar nos chutes no corpo e nas pernas. Um jab e direto de Jones machucaram o desafiante, mas Miocic conectou um direto de encontro perigoso. Mas o campeão permanecia inteiro, esquivando bem e usando o jab com eficácia. Ele também acertou um bom direto de esquerda. O nocaute, porém, veio num chute rodado potente na costela, que dobrou Stipe na mesma hora.
- Ele é muito muito bom, muito durável. Acertei golpes muito duros e ele continuou indo. É como enfrentar o Exterminador do Futuro, ele não para de vir atrás de ti. Todos sabem que Miocic não é um dos maiores pesos-pesados, mas ele não mostra muita reação com os golpes na cabeça, então mirei mais o corpo - disse Jones sobre o adversário ao final da luta.
Confira os resultados completos do evento:
UFC 309
16 de novembro de 2024, em Nova York (EUA)
CARD PRINCIPAL:
Jon Jones venceu Stipe Miocic por nocaute aos 4min29s do R3
Charles do Bronx venceu Michael Chandler por decisão unânime (49-46, 49-46, 49-45)
Bo Nickal venceu Paul Craig por decisão unânime (triplo 30-27)
Viviane Araújo venceu Karine Silva por decisão unânime (triplo 29-28)
Mauricio Ruffy venceu James Llontop por decisão unânime (triplo 29-28)
CARD PRELIMINAR:
Marcus McGhee venceu Jonathan Martinez por decisão unânime (triplo 29-28)
Jim Miller venceu Damon Jackson por finalização aos 2min44s do R1
David Onama venceu Roberto Romero por decisão unânime (triplo 30-27)
Marcin Tybura venceu Jhonata Diniz por nocaute técnico (interrupção médica) aos 5min00s do R2
Ramiz Brahimaj venceu Mickey Gall por nocaute aos 2min55s do R1
Oban Elliott venceu Bassil Hafez por nocaute aos 40s do R3
Eduarda Moura venceu Veronica Hardy por decisão unânime (30-27, 29-28, 29-28)
Confira outras notícias
- UFC 309: Charles do Bronx leva susto, mas dá aula e vence Chandler de novo
A revanche entre Charles "do Bronx" Oliveira e Michael Chandler teve o mesmo vencedor da primeira luta, mas desta vez, foi por pontos. O brasileiro deu uma aula de MMA contra o americano, tomou um susto no último dos cinco rounds, mas saiu com a vitória por decisão unânime (49-46, 49-46, 49-45) na co-luta principal do UFC 309, neste sábado, em Nova York (EUA).
A vitória credencia o ex-campeão dos pesos-leves a disputar novamente o cinturão em 2025, contra o vencedor entre Islam Makhachev e Armen Tsarukyan, em luta ainda sem data pra acontecer.
- Quem é o próximo da fila? Eu posso ir lá em janeiro, fevereiro. Eu vou estar lá esperando - se prontificou Charles..
Charles tomou o centro do cage e jogou os primeiros golpes. Ao tentar um direto, sentiu um cutucão inadvertido de Chandler. Mas o brasileiro não parou de pressionar. Em sua primeira entrada de queda, derrubou o americano e caiu em boa posição para atacar uma chave de perna. Do Bronx ficou por cima numa meia-guarda invertida, que manteve até o final do primeiro assalto.
Oliveira desferiu uma machadada no joelho para abrir o segundo período. Uma sequência de golpes retos desequilibrou o americano, e pareceu que o nocaute da primeira luta seria repetido. Mas Chandler conseguiu escapar e passar do primeiro minuto. O brasileiro encurralou o americano e acertou um bom gancho, seguido de joelhada na cabeça. Chandler respondeu com diretos perigosos, mas Charles o levou ao solo e chegou à montada. Dali, jogou cotoveladas duras e armou um bote no braço. O americano defendeu e acabou abrindo a defesa para mais cotoveladas. Mas sobreviveu até o fim do round.
Chandler circulava bastante no início do terceiro round, e o brasileiro o pressionava no perímetro. O americano defendeu uma queda, mas levou um duro uppercut. Chandler até acertou um jab e direto, mas Charles acertou mais bons golpes, agarrou, derrubou e pegou as costas com mais de dois minutos e meio restando. Chandler deu a vida para defender o pescoço, e foi engolindo socos. Do Bronx tentou levar "na marra", porém, outra vez, o americano sobreviveu.
Dependendo de um nocaute, Chandler passou a disparar cruzados perigosos no quarto assalto. O brasileiro jogou uma joelhada voadora e absorveu bem os socos do americano, para agarrar mais uma vez e pegar as costas, agora com mais de três minutos. Chandler tentou girar, mas Do Bronx o acompanhou e encontrou um pequeno espaço para passar o antebraço por baixo do queixo. Não encaixou perfeitamente, e a luta foi para o quinto e último round.
Só restava a Chandler nocautear. Um pisão de Do Bronx no joelho machucou o americano, mas ele conseguiu um direto que abalou bastante o brasileiro. Charles agarrou o adversário, que desferiu muitas marretadas. Por pouco não veio um nocaute técnico, mas o ex-campeão conseguiu remontar a guarda e se proteger. Ele ameaçou um triângulo, o americano se defendeu na postura, e Charles o afastou para se levantar. Chandler ainda acertou um último direto dolorido, mas o brasileiro conseguiu uma queda salvadora a um minuto do fim. Voltou às costas. Chandler se levantou duas vezes e se jogou de costas no chão, mas Do Bronx não largou e ainda riu. Nada tiraria a vitória dele neste sábado.
- Esse cara é um dos caras mais duros que eu já enfrentei. Ele merece todo meu respeito - disse Charles sobre Chandler, mas incluiu um aviso aos seus próximos adversários. - Se for bater, bate forte, porque se não me bater, eu vou sangrar e andar pra frente.
A brasiliense Viviane Araújo fechou a porta do top 10 das pesos-moscas para a sul-matogrossense Karine "Killer" Silva neste sábado. Vivi mostrou sua já conhecida qualidade na trocação, mas também surpreendeu ao quase finalizar a adversária, que havia finalizado suas primeiras três adversárias no UFC e deixou claro que esta era sua estratégia desde o início. Araújo saiu vencedora por decisão unânime (triplo 29-28).
Karine buscou encurtar para agarrar desde o início, mas Vivi se movimentava muito rápido pelo perímetro. A brasiliense acertava jabs e diretos e saía do raio de ação. Nos 30 segundos finais, porém, a sul-matogrossense encontrou a adversária e acertou um duro cruzado de esquerda, seguido de um direto de direita, e o sangue começou a descer do nariz de Araújo.
Vivi buscou retomar o ritmo forte no segundo round, mas a sul-matogrossense conseguiu se aproximar mais. Ela conectou um duro direto e, apesar de sofrer um direto de encontro forte na resposta, agarrou e derrubou Araújo. No chão, porém, a brasiliense surpreendeu e deu um bote no braço, que por pouco não finalizou Karine. A sul-matogrossense escapou e respondeu com um triângulo de mão. Vivi se livrou e terminou o assalto batendo por cima.
Karine agarrou Araújo no início do último assalto e derrubou, mas a brasiliense deu um contragolpe para ficar por cima e se levantar novamente. As duas trocaram chutes baixos, e a brasiliense parecia mais inteira. Ela acertou bons diretos e cruzados, e Silva apelou a cair no chão e tentar atrair Vivi para sua guarda. A sul-matogrossense agarrou de novo no último minuto, mas foi a brasiliense quem completou a queda para garantir a vitória.
O peso-leve brasileiro Mauricio Ruffy deu mais um show em sua segunda luta pelo UFC. Contra o peruano James Llontop, que aceitou o combate de última hora, o lutador da academia Fighting Nerds acertou golpe plástico atrás de golpe plástico, e só não nocauteou porque o adversário se recusou a se entregar. Saiu vencedor por decisão unânime (triplo 29-28), aplaudido pela plateia, e desafiou o francês Benoit Saint-Denis para seu próximo compromisso.
Ruffy foi bastante paciente no primeiro round. Ele permitiu que Llontop chutasse suas pernas e se aproximasse enquanto estudava o tempo dos golpes para jogar na resposta. Na reta final, machucou o peruano com um direto de direita. A partir daí, soltou o jogo e arriscou cotoveladas de baixo para cima e golpes rodados. No segundo assalto, um gancho de esquerda levou Llontop a knockdown. O peruano se levantou, mas bloqueou por pouco um chute rodado alto e levou duros cruzados de direita.
Com o olho esquerdo praticamente fechado, James foi para cima no último assalto. Ruffy voltou a conectar bons cruzados de esquerda, mas Llontop o incomodou bastante buscando a curta distância. O último grande golpe da luta foi outro cruzado de direita que abalou o peruano, mas não foi suficiente para nocautear.
O kickboxer curitibano Jhonata Diniz sofreu sua primeira derrota no MMA neste sábado. O nocaute técnico a favor do polonês Marcin Tybura foi definido por decisão dos médicos, que optaram por preservar o peso-pesado brasileiro após este sofrer cortes sobre as duas pálpebras superiores dos olhos na reta final do segundo assalto.
Jhonata até teve um começo bom e parecia que nocautearia rapidamente ao acertar alguns cruzados logo no primeiro minuto. Contudo, com o adversário caído, aceitou entrar na sua guarda em busca do nocaute. Acabou sofrendo a raspagem, Tybura se recuperou e encontrou o caminho da vitória. No segundo assalto, o polonês derrubou o brasileiro de novo, passou à montada e desferiu duríssimas cotoveladas nos segundos finais.
Diniz perdeu muito sangue com os cortes causados pelas cotoveladas e se levantou com o apoio de seu treinador. O árbitro Herb Dean chamou os médicos ao octógono para examiná-lo e, apesar de o brasileiro insistir que estava 100% bem, eles julgaram que os cortes apresentavam riscos sérios à integridade física a longo prazo do lutador.
A peso-mosca sergipana Eduarda Moura conquistou sua segunda vitória no UFC ao bater a venezuelana Veronica Hardy por decisão. Eduarda fez uma luta equilibrada contra Hardy. No primeiro assalto, as duas trocaram bons golpes, e uma queda nos segundos finais pareceram fazer a diferença a favor da brasileira. Ela investiu novamente na luta agarrada no segundo round e manteve a venezuelana por baixo pela maior parte do período. Eduarda pediu para trocar mais no último assalto, e acertou bons diretos de resposta para garantir a vitória.
O veterano Jim Miller fez neste sábado sua 45ª luta pelo UFC, recorde de apresentações dentro do octógono - três a mais que o segundo colocado, Andrei Arlovski. E, aos 41 anos, o peso-leve anotou sua 27ª vitória, outro recorde com quatro triunfos a mais que qualquer outro atleta no Ultimate, ao finalizar Damon Jackson com uma guilhotina perfeita, em apenas 2min44s. Ironicamente, Jackson, de 36 anos, se aposentou após a luta, deixando suas luvas no centro do cage. Miller, por sua vez, disse que pretende chegar a 50 combates pela organização.
- Jungle Fight: Luis Aguiar vence em 37 segundos e conquista cinturão
Dono do cinturão até 57kg, Wagner Reis encarou o estreante no evento Luis Aguiar, integrante da filial pernambucana da equipe Pitbull Brothers. E quem esperava uma guerra de cinco rounds se surpreendeu. Logo em uma das primeiras trocas de golpes, Aguiar encaixou uma direita certeira em seu adversário, que caiu. O desafiante então emendou uma saraivada de socos e, quando Reis tentou escapar, acabou dando as costas, onde foi finalizado com um mata-leão. Tudo isso em apenas 37 segundos.
- Estou muito orgulhoso pelo trabalho que ele e toda equipe vem fazendo aqui em Recife. Sem dúvida nenhuma foi uma grande vitória - vibrou Patrício Pitbull, presente na primeira fila do evento, que comemorou bastante com o atleta.
Quem também brilhou no evento e venceu de forma arrasadora foi Cláudio Ribeiro. O lutador de São Paulo, que fez sua última luta no UFC em março deste ano, teve uma ótima atuação no Jungle Fight. Ele enfrentou o veterano Cassio Jacaré e precisou de apenas 10 segundos para encaixar uma sequência de socos e conquistar a vitória por nocaute.
Com vários atletas de Pernambuco no card, o Jungle Fight 132 contou com um casal em ação no card, e eles voltaram para casa com uma vitória e uma derrota. Ingrid Silva derrotou Fernanda Sevalho na decisão dos juízes após dominá-la por três rounds, enquanto o marido dela, Gustavo Negromonte, foi anulado por Alan Adler e perdeu por pontos.
Veja abaixo os resultados completos do evento:
Jungle Fight 132
16 de novembro de 2024, em Recife
Luis Henrique Aguiar venceu Wagner Reis por finalização aos 37s do R1
Alan Adler venceu Gustavo Negromonte por decisão unânime (29-28, 29-28 e 30-27)
Fábio The King venceu Miguel Firmino por finalização aos 3min33s do R3
Ingrid Silva venceu Fernanda Sevalho por decisão unânime (triplo 30-27)
Michel "Guindaste” venceu Euller "Mamute" por nocaute técnico aos 3min08s do R1
Denes "Deninho 3D" Fontes venceu Gilson Nogueira por nocaute técnico aos 2min15s do R3
Álvaro Lutador venceu Djalma Morais por nocaute técnico com 1min19s do R1
Claudio Ribeiro venceu Cássio Jacaré por nocaute aos 10s do R1
Caio Trovão venceu Matheus da Silva por nocaute técnico com 1min13s do R2
Jhonattan Vicente venceu Luis Carlos Dietrich por decisão unânime (triplo 30-25)
Matheus Evangelista venceu Antônio Alves por finalização com 1min43s do R2
Jefferson Gladiador venceu Bruno Caetano por nocaute técnico aos 3min54s do R1
Daniel Oliveira venceu Cassio Henrique por nocaute técnico aos 5min do R1
Dudu Santos venceu Denilson Abadie por nocaute técnico (interrupção médica) com 1min28s do R2