Economia

Dólar fecha em alta e vai a R$ 5,77 com temor fiscal no radar; bolsa sobe





Espera do mercado por prometidas medidas de contenção de gastos do governo pressiona a moeda brasileira

 

Em mais um dia de alta global, o dólar chegou a oscilar acima dos R$ 5,80 pela manhã, mas desacelerou no restante do dia e encerrou esta segunda-feira (11) abaixo deste nível técnico, em uma sessão novamente marcada por receios quanto ao retorno de Donald Trump à Casa Branca e pela demora do governo Lula em lançar seu pacote fiscal.

O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,58%, cotado a R$ 5,7711. Em novembro, porém, a divisa acumula baixa de 0,18%.

Já o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,10%, a 127.959,05 pontos às 17h17.

Hoje foi mais um dia de elevação praticamente generalizada da moeda norte-americana ante as demais divisas, em meio aos receios quanto à adoção pelos Estados Unidos de tarifas mais elevadas de importação — uma das promessas de campanha do presidente eleito Donald Trump.

Cenário Internacional

A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA tem ajudado a valorizar o dólar em sessões recentes, uma vez que as promessas do republicano para a economia, incluindo tarifas, são vistas como inflacionárias por analistas, o que impulsiona a divisa do país ao provocar a perspectiva de juros norte-americanos elevados.

O Partido Republicano também está próximo de conquistar o controle total do Congresso dos EUA com uma esperada manutenção de sua maioria na Câmara dos Deputados, após garantir uma maioria no Senado na semana passada. Esse cenário facilitaria a aprovação das medidas propostas por Trump.

“Apesar do feriado nos Estados Unidos, os investidores dão continuidade ao chamado ‘Trump Trade’, digamos, a um ajuste de posições nas carteiras de investimento, após a vitória expressiva de Donald Trump”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Em mercados emergentes, ainda pesava a contínua decepção dos investidores com as medidas de estímulo fiscal na China. O país divulgou na sexta-feira (08) um pacote de dívida de 10 trilhões de iuanes (US$ 1,40 trilhão) para aliviar tensões relacionadas a financiamento de governos locais.

O pacote decepcionou investidores, que esperavam amortecedores fiscais adicionais para evitar outra rodada de tensões sino-americanas e barreiras comerciais após a vitória de Trump.

Mais cedo, o presidente do banco central da China, Pan Gongsheng, disse que o país intensificará o ajuste anticíclico e afirmará uma postura de apoio na política monetária, segundo um comunicado da instituição nesta segunda-feira.

O dólar avançava mais de 1% sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Nesta semana, os mercados estarão atentos a uma série de dados econômicos, incluindo leituras de inflação nos EUA, na quarta-feira (13), e em países importantes da zona do euro.

No cenário doméstico

A espera do mercado por prometidas medidas de contenção de gastos do governo também pressionava a moeda brasileira, com investidores ansiosos após diversas reuniões entre ministros do Executivo sobre o tema na semana passada.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou recentemente que faltavam apenas “detalhes” para que o pacote fiscal fosse anunciado, reiterando que há convergência entre os membros do governo sobre a necessidade de garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo.

“A paciência de investidores pode ir se esgotando, visto que semana passada tivemos um otimismo e bom desempenho do real impulsionado pela expectativa dessas medidas, mas investidores começam a se mostrar impacientes com a demora da divulgação”, afirmou Mattos.

Na curva de juros brasileira, as taxas de DI avançavam de forma acentuada, com os vencimentos de longo prazo mostrando altas em torno de 10 pontos-base, em reflexo aos temores fiscais.

Fonte: CNN - Reuters