Após rezar a oração mariana do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa voltou seu olhar a diversos acontecimentos ao redor do mundo, a começar pela beatificação em Sevilha, no sábado, de sacerdote espanhol:
Ontem, em Sevilha, foi proclamado Beato padre José Torres Padilla, cofundador da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz. Tendo vivido na Espanha do século XIX, distinguiu-se como sacerdote, confessor e guia espiritual, demonstrando grande caridade para com os necessitados. Que o seu exemplo apoie especialmente os sacerdotes no seu ministério. Uma salva de palmas para o novo Beato!
O Papa continuou então com suas esperanças em relação à COP29, que tem início nesta segunda-feira em Baku, Azerbaijão:
Há três anos era lançada a Plataforma de Ação Laudato Si'. Agradeço a quem trabalha em favor desta iniciativa. A este propósito, faço votos que a Conferência sobre as Alterações Climáticas COP 29, que começa amanhã em Baku, dê uma contribuição eficaz para a proteção da nossa casa comum.
A erupção do vulcão Lewotobi Laki-Laki, na Indonésia, e as enchentes na Espanha também receberam a atenção do Santo Padre:
Estou próximo da população da ilha de Flores, na Indonésia, atingida pela erupção de um vulcão; rezo pelas vítimas, por suas famílias e pelos deslocados. E renovo a minha recordação pelos habitantes de Valência e de outras partes de Espanha que enfrentam as consequências das inundações. Faço-lhes uma pergunta: vocês rezaram por Valência? Já pensaram em dar alguma contribuição para ajudar essas pessoas? É apenas uma pergunta.
O pedido de oração pelos países em guerra foi renovado por Francisco neste domingo:
E, por favor, continuem a rezar pela martirizada Ucrânia, onde hospitais e outros edifícios civis também estão sendo atingidos; e rezemos também pela Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão; e rezemos pela paz em todo o mundo.
O Papa recordou ainda o Dia de Ação de Graças celebrado pela Igreja italiana:
Hoje a Igreja italiana celebra o Dia de Ação de Graças. Expresso a minha gratidão ao mundo agrícola e encorajo a cultivar a terra, a fim de preservar a sua fertilidade para as gerações futuras.
Antes da despedir-se, o Papa saudou os peregrinos e grupos presentes, em particular aqueles provenientes de Beja e do Algarve em Portugal.
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- Papa: todos são bem-vindos na Basílica de São Pedro, quem tem fé e quem busca a fé
"Estive entre outro dia ali para ver. É maravilhoso o que vocês fazem", disse o Papa Francisco à uma delegação de técnicos e parceiros da Fábrica de São Pedrosobre a sua visita à Basílica Vaticana para conferir os projetos que estão sendo desenvolvidos na "casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7; Mt 21,13)". O grupo de 40 pessoas - que compõe a instituição da Santa Sé responsável em manter, cuidar e administrar o edifício, além de acolher peregrinos e visitantes - foi recebido pelo Pontífice para uma audiência nesta segunda-feira (11/11), na Sala do Consistório, no Vaticano.
Em discurso, o Papa agradeceu o trabalho realizado com "diligência" e "criatividade" em benefício da Basílica de São Pedro - que também não deixa de ser um presente a todos cuidar dela, "tanto em sentido espiritual quanto material, mesmo por meio das tecnologias mais recentes". Uma tarefa que também exige "responsabilidade", alertou Francisco, para "o uso correto e construtivo de um potencial que é certamente útil, mas ambivalente", porque às vezes pode haver uma sopreposição de propósitos: a técnica com as suas intervenções não pode se tornar mais importante que a obra. A Basílica de São Pedro, recordou o Pontífice, deve ser sempre e para todos os visitantes "um lugar vivo de fé e de história, morada hospitaleira, templo de encontro com Deus e com os irmãos que vêm a Roma de todas as parte do mundo":
“Todos, realmente todos, devem se sentir bem-vindos nesta grande casa: quem tem fé e quem busca a fé; aqueles que vem para contemplar a beleza e os muitos tesouros artísticos de Roma e quem deseja decifrar seus códigos culturais.”
Assim como todos chegam à Basílica para se direcionar ao seu "núcleo original" que é o túmulo do Apóstolo Pedro, os projetos da Fábrica de São Pedro devem ter o mesmo propósito de "acompanhar os homens e as mulheres de hoje; apoiar o caminho deles como discípulos" orientados por três critérios "corporais e espirituais", explicou o Papa, para ordenar "de forma inteligente" o trabalho. O primeiro é a escuta da oração, podendo adotar tecnologias para favorecer a participação interativa das pessoas, mas "sobretudo, consciência delas do lugar sagrado, que é um espaço de meditação". Em segundo lugar, o olhar de fé, usando ferramentas modernas, mas "com um estilo missionário, não turístico, sem buscar a atratividade de efeitos especiais". E, finalmente, o toque do peregrino, dando atenção a projetos realizados "a serviço do povo de Deus" como sempre aconteceu ao longo dos séculos, tanto em relação a obras de arte visíveis como escondidas - aquelas dos confessores, disse o Papa, ao acrescentar:
"Por favor, que haja sempre confessores à disposição. As pessoas vão, ouvem alguma coisa, até os não cristãos se aproximam para pedir uma bênção, alguma coisa... Há neste mundo tão artístico e bonito, há também a arte da comunicação pessoal... E, por favor, digam aos confessores de perdoar tudo, tudo, tudo! Tudo deve ser perdoado! O Senhor quer isso e não fazer discursos: 'não, você deve...'. Não, nada de “você deve”. Eu o perdoo e siga em frente, o Senhor.... Perdoar, não tanto pregar ali, algumas palavras devem ser ditas, mas perdoe. Que ninguém seja mandado embora. E mesmo aqueles que não são cristãos - os confessores me dizem que muitas vezes são pessoas muçulmanas ou de outras religiões que se aproximam para pedir uma bênção. Sempre deem as bênçãos a todos e, àqueles que querem se confessar, perdoem todos, todos, todos!"
- O Papa: promover a paz sem desanimar, mesmo diante dos fracassos
São Bernardo de Aosta é o padroeiro dos alpinistas, dos viajantes e dos habitantes dos Alpes, e sua vida foi marcada pelo anúncio, pelo acolhimento e pela promoção da paz.
O Papa Francisco aprofundou estes traços da figura de São Bernardo de Aosta ao receber em audiência, nesta segunda-feira (11/11), na Sala Clementina, no Vaticano, as delegações da Diocese de Aosta e da Congregação dos Cônegos do Grande São Bernardo, no final do Ano Jubilar dedicado ao centenário da proclamação dos títulos que lhe foram reconhecidos, dos 900 anos de sua canonização e do primeiro milênio de seu nascimento.
Francisco se deteve no trabalho de São Bernardo como promotor da paz, recordando “a sua viagem a Pavia, já doente, para tentar convencer o imperador Henrique IV a desistir da intenção de fazer guerra ao Papa Gregório VII”. Esta viagem, que não teve um resultado positivo, “custou-lhe a vida”, de fato, faleceu pouco depois de seu retorno, recordou o Papa Francisco, sublinhando que o seu compromisso numa tarefa tão "delicada e incerta, sem nenhuma garantia de sucesso", tornou o santo "ainda mais nobre aos nossos olhos".
Promover a paz, sem desanimar, mesmo diante do fracasso: quanto precisamos desta coragem ainda hoje.
A seguir, Francisco sublinhou que Bernardo “foi um pregador capaz de tocar até os corações mais endurecidos, abrindo-os ao dom da fé e da conversão” e que “se dedicou com zelo à missão do anúncio até à sua morte em 1081 em Novara”. Quanto ao acolhimento, o fato de “cuidar dos peregrinos e viajantes que atravessavam os passos alpinos perto do Monte Branco” para ir “da França e da Suíça para Itália e vice-versa”, foi o que o tornou popular. Foi uma viagem “impermeável” pelos desfiladeiros da montanha mais alta dos Alpes, sublinhou o Papa, “e envolveu o risco de se perder, de ser atacado e morrer no gelo”. Nestes lugares Bernardo fundou dois hospícios, com a presença de cônegos que ainda hoje se dedicam a este serviço, tendo como lema: Hic Christus adoratur et pascitur, “Aqui Cristo é adorado e nutrido”.
É um programa de caridade integral, material e espiritual, que tem a Eucaristia no centro e que, a partir da oração, leva ao acolhimento de quem bate à porta. Um verdadeiro modelo também para os nosso dias: acolher e cuidar de quem pede ajuda, no corpo e no espírito, sem distinções e sem fechamentos.
Concluindo a audiência, o Papa utilizou “dois símbolos da montanha” para destacar outras duas características da existência do padroeiro dos alpinistas: “a picareta de alpinismo e a corda”. A primeira, para São Bernardo, “era a Palavra de Deus, com a qual soube atingir até as almas mais frias e endurecidas”; a segunda “foi a comunidade, com a qual caminhou – e ajudou outros a caminhar – mesmo por caminhos arriscados, para chegar à meta”. O Papa espera que todos possam “percorrer caminhos bonitos como o seu, entre as altas montanhas, mas sobretudo dentro do coração”.
- Papa: enfrentamos mudanças de época com consequências para o futuro
"Enfrentamos um momento de mudança de época, com suas consequências para o futuro da família humana."
Ao saudar uma delegação do Catholic Philanthropy Network (Fadica), por ocasião de sua “peregrinação, simpósio e retiro” em Roma, o Papa Francisco elogia o apoio da organização americana aos setores da Santa Sé em seu sustento à Igreja universal: atitudes realizadas com alegria e amor que transformam sempre tantas coisas".
Francisco recebeu os membros da Fadica, rede filantrópica de fundações e doadores que apoiam atividades e iniciativas católicas, na manhã desta segunda-feira, 11 de novembro. O Santo Padre espera que os próximos dias de “reflexão e oração” aumentem neles “o amor pela Igreja” e a “dedicação à difusão do Evangelho”.
Segundo o Papa, o Sínodo recentemente concluído é símbolo do empenho da Igreja “em um processo de reflexão sobre sua natureza de comunidade sinodal”. Isso ocorre enquanto a humanidade enfrenta grandes e significativas mudanças, nas quais a Fadica é chamada a atuar.
Em particular, Francisco destaca a colaboração com os setores do Vaticano, empenhados em discernir os “sinais dos tempos” e em apoiar a comunidade eclesial em todo o mundo, em resposta “às necessidades e aos desafios do presente”.
"Eu agradeço pelo vosso apoio silencioso a tantas iniciativas que enriquecem a vida e o apostolado da Igreja nos Estados Unidos. Muito obrigado."
Em seu estilo de “network”, de “rede”, a Fadica encarna uma “natureza sinodal”, podendo contar “com a visão comum, dedicação e cooperação de tantas pessoas, tantas famílias e fundações”, sublinha o Papa. Esse “espírito de solidariedade e de generoso interesse pelos outros” deve ser, no entanto, “nutrido por um senso de gratidão pelos abundantes dons que o Senhor nos concedeu”, assim como “por uma experiência cada vez mais viva do poder transformador de Seu amor”.
"Porque o amor transforma sempre, muda as coisas, transforma."
Um sentimento que Francisco convida a “exteriorizar”, para que a Fadica possa continuar, citando a encíclica Dilexit nos, a “viver a alegria de buscar comunicar o amor de Cristo aos outros”.
- O Papa aos siro-malankar: sinodalidade e ecumenismo são inseparáveis
O Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, nesta segunda-feira (11/11), os membros do Santo Sínodo da Igreja Siro-Malankar Mar Thoma que visita a Igreja de Roma pela primeira vez.
"Este é certamente um dia de alegria na longa história das nossas Igrejas", disse Francisco no início de seu discurso. A seguir, Francisco deu as boas-vindas aos membros do Santo Sínodo, pedindo-lhes para que transmitam seus melhores votos de boa saúde ao seu Metropolita, Sua Beatitude Theodosius Mar Thoma, estendendo também sua saudação a todos os fiéis.
"A sua Igreja, herdeira tanto da tradição siríaca dos cristãos de São Tomé quanto da tradição reformada, se define justamente como uma “Igreja ponte” entre o Oriente e Ocidente", disse o Papa, ressaltando que "a Igreja Mar Thoma tem uma vocação ecumênica, e não é por acaso que se envolveu desde cedo no movimento ecumênico, estabelecendo muitos e vários contatos bilaterais com cristãos de diferentes tradições". O Pontífice lembrou que "os primeiros encontros com a Igreja de Roma foram retomados na época do Concílio Vaticano II, no qual Sua Graça Philipose Mar Chrysostom participou como observador. "É a abordagem dos pequenos passos que são dados", acrescentou o Papa.
Nos últimos anos, a Providência permitiu o desenvolvimento de novas relações entre as nossas Igrejas. Lembro-me em particular de quando em novembro de 2022 tive a alegria de recebê-lo, caro Metropolita Barnabé. Estes nossos contatos levaram ao início de um diálogo oficial: o primeiro encontro realizou-se em dezembro passado, em Kerala, e o próximo se realizará dentro de algumas semanas. Alegro-me com o início deste diálogo, que confio ao Espírito Santo e que espero que apresse o dia em que poderemos partilhar a mesma Eucaristia, cumprindo a profecia do Senhor: "Muitos virão do Oriente e do Ocidente, e sentarão à mesa”.
Neste caminho de diálogo, o Papa destacou duas perspectivas: sinodalidade e missão.
Com relação à sinodalidade, Francisco ressaltou o fato de a Igreja Siro-Malankar Mar Thoma "fazer esta visita como Santo Sínodo", pois ela "é, por tradição, essencialmente sinodal". "Como vocês sabem, há poucos dias a Igreja Católica concluiu um Sínodo sobre a sinodalidade, no qual participaram também delegados fraternos de outras tradições cristãs que enriqueceram as nossas reflexões", ressaltou o Papa. "Uma das convicções expressas foi a de que a sinodalidade é inseparável do ecumenismo, porque ambos se baseiam no único Batismo que recebemos, no sensus fidei em que todos os cristãos participam em virtude do próprio Batismo", sublinhou.
Segundo o Papa, o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade "afirma que não devemos apenas «prestar mais atenção às práticas sinodais dos nossos parceiros ecumênicos, tanto no Oriente quanto no Ocidente», mas também «imaginar práticas sinodais ecumênicas, incluindo formas de consulta e discernimento sobre questões de interesse comum e urgente»".
Tenho certeza de que sua Igreja pode nos ajudar neste caminho de sinodalidade ecumênica. Lembro-me do que o grande Zizioulas disse sobre a unidade cristã. Era um grande homem, aquele homem; homem de Deus. Ele disse: “Conheço bem a data do encontro total, da união total entre as Igrejas”. Qual é a data? “No dia seguinte ao Juízo Final”, disse Zizioulas, “mas, enquanto isso, devemos caminhar juntos, rezar juntos e trabalhar juntos”. Todos juntos. Todos juntos.
A seguir, o Papa passou à segunda perspectiva: a missão. "A sinodalidade e o ecumenismo são inseparáveis também porque ambos têm como objetivo um melhor testemunho dos cristãos. No entanto, a missão não é apenas o fim do caminho ecumênico, é também o meio", sublinhou.
Estou convencido de que trabalhar juntos para testemunhar o Cristo Ressuscitado é a melhor maneira de nos aproximar. É por isso que, como propôs o nosso recente Sínodo, espero que um dia se possa celebrar um Sínodo ecumênico sobre a evangelização, todos juntos. E esse Sínodo será para garantir, rezar, refletir e comprometer-se juntos por um melhor testemunho cristão, “para que o mundo creia”.
"Também neste caso", concluiu o Papa, "estou certo de que a Igreja Mar Thoma, que traz em si essa dimensão missionária, pode oferecer muito. Mas, todos juntos".
Fonte: Vatican News