Economia

Dólar fecha em queda firme após eleições nos EUA e com fiscal no radar; bolsa recua





Investidores permanecem na expectativa do pacote fiscal, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que a rodada de reuniões com os ministros sobre as medidas está concluída

Após superar os R$ 5,86 no início da sessão desta quarta-feira (6), na esteira da vitória de Donald Trump na disputa presidencial dos Estados Unidos, o dólar à vista perdeu força no Brasil e fechou em queda firme, abaixo de R$ 5,70, com investidores à espera de medidas efetivas do governo Lula para conter gastos.

A disparada de ordens de “stop loss” (parada de perdas) no mercado durante o dia também favoreceu a queda do dólar ante o real, ainda que no exterior a moeda norte-americana sustentasse fortes altas ante as demais divisas.

O dólar à vista fechou o dia em baixa de 1,21%, cotado a R$ 5,6774. No ano, porém, a divisa acumula alta de 17,02%. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 0,24%, a 130.340,92 mil pontos. O volume financeiro somava R$ 22,6 bilhões antes dos ajustes finais.

A concretização da vitória de Trump retomou os temores dos mercados globais por suas promessas econômicas, que incluem tarifas e cortes de impostos. Na visão de analistas, a natureza inflacionária das políticas do republicano geraria necessidade de a taxa de juros dos EUA permanecer em um nível elevado.

Diante da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) precisará ser mais cauteloso em seu afrouxamento monetário com a chegada de Trump na Presidência, os rendimentos dos Treasuries disparavam, impulsionando a divisa dos EUA ante seus pares fortes e emergentes.

O cenário de um segundo mandato de Trump também gera preocupações de aumento das tensões geopolíticas, alimentando a aversão ao risco.

“A vitória de Trump, de forma acachapante e um fortalecimento muito grande dos republicanos, reforça a ideia de que haverá mais protecionismo, uma tendência maior à pressão inflacionária e consequentemente a elevação da taxa de juros”, disse Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV.

As atenções dos agentes financeiros se voltarão na quinta-feira (7) para a próxima decisão de juros do Fed, em que se espera que as autoridades reduzam a taxa em 25 pontos-base, após um corte de 50 pontos no encontro de setembro.

No Brasil

Uma bateria de resultados corporativos também ocupava as atenções, com Gerdau entre os destaques positivos, após balanço e anúncio de dividendos.

No cenário macroeconômico, os investidores permanecem na expectativa do pacote fiscal, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que a rodada de reuniões com os ministros sobre as medidas está concluída. Investidores também aguardam a decisão de juros do Banco Central no final do dia.

Apesar da redução de incertezas com o desfecho eleitoral na maior economia do mundo, a visão de que as políticas de Trump são potencialmente inflacionárias elevava os rendimentos dos Treasuries, o que tende a minar ativos de mercados emergentes.

De acordo com o gestor Oliver Blackbourn, da Janus Henderson, o movimento nos títulos do Tesouro dos EUA ocorre devido à evolução contínua das expectativas da taxa de juros e ao potencial de aumento da inflação.

Ele também destacou em comentário por e-mail que o avanço nos futuros acionários norte-americanos não é surpreendente, dadas as indicações de que os republicanos tentarão manter os cortes de impostos existentes e fazer mais.

 

Fonte: CNN - Reuters