Economia

Bolsa sobe com apoio de Azul e Vale; dólar estabiliza em R$ 5,70 à espera de dados nos EUA





Semana é marcada por divulgação de PIB, inflação e mercado de trabalho norte-americano

O Ibovespa encerrou em alta e o dólar ficou estável contra o real nesta segunda-feira (28), com mercados à espera de uma série de dados da economia dos Estados Unidos e de resultados corporativos no terceiro trimestre.

Ainda na pauta internacional, as atenções também estão na disputa pela Casa Branca, com apostas inclinando para a vitória de Donald Trump, além das expectativas de arrefecimento das tensões no Oriente Médio após resposta mais contida de Israel em retaliação aos ataques do Irã.

O principal índice do mercado doméstico encerrou a sessão com alta de 1,02%, aos 131.212 pontos, em linha com ganhos em Wall Street e nas principais praças da Europa.

A alta do Ibovespa teve destaque da Azul (AZUL4), que subiu 13,99% com a recepção positiva do mercado com o anúncio de acordo com detentores de dívidas, como parte de uma reestruturação que espera ser capaz de aliviar preocupações de investidores sobre sua situação financeira.

A Vale (VALE3) – papel com maior peso no mercado – também contribuiu com o desempenho positivo ao subir 1,86%, a despeito da queda do minério de ferro no mercado global, com mercados reagindo positivamente à nomeação de Marcelo Bacci como diretor financeiro a partir de dezembro, conforme anunciado na semana passada.

Na parte de baixo, Petrobras (PETR4) recuou 0,17% me linha com a perda acima de 6% do barril do petróleo no mercado global na medida que as percepções de agravamento dos conflitos no Oriente Médio esvaziam, com mercados dando mais atenção ao excesso de oferta no próximo ano.

A expectativa com dados internacionais e novidades no campo fiscal brasileiro fizeram o câmbio fechar praticamente estável, com leve alta de 0,03% do dólar contra o real, que mantém o patamar na faixa de R$ 5,70.

Cenário internacional

Nesta semana, os mercados globais analisarão dados importantes sobre a economia norte-americana, incluindo números para o Produtor Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, na quarta-feira (30), dados do PCE — o indicador de inflação favorito do Federal Reserve (Fed) —, na quinta (31), e novos dados de emprego, na sexta (1º).

Em meio a bateria de dados, saem também resultados trimestrais de companhias nos EUA e no Brasil.

No radar estão números de cinco das chamadas “Sete Magníficas”, que têm impulsionado os ganhos em mercados acionários. Elas são Alphabet, Microsoft, Meta, Apple e Amazon.

Na frente brasileira de balanços corporativos, a semana terá resultados de Weg, Ambev, Bradesco e CCR.

Agentes financeiros ainda estão focados na reta final da campanha da disputa pela Casa Branca, com os mercados elevando as apostas na vitória do ex-presidente Donald Trump em 5 de novembro.

Fiscal no radar

No cenário doméstico, investidores aguardam o anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo a fim de se cumprir as regras estabelecidas no arcabouço fiscal.

A expectativa é que ideias sejam apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela equipe econômica nos próximos dias.

Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central subiram pela quarta semana consecutiva sua projeção para a alta da inflação neste ano, com a expectativa agora ultrapassando o teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central de 4,5%.

O levantamento mostrou que a mediana das expectativas para o IPCA chegou a 4,55%, de 4,5% na semana anterior.

Na semana passada, a prévia da inflação para outubro acelerou 0,54%, com o acumulado em 12 meses indo a 4,47%, de 4,12% no mês anterior.

“Uma coisa que atrapalha o real ainda é o fiscal. Mercado espera algo mais concreto do que palavras. O governo perdeu essa credibilidade para falar sobre o fiscal”, afirmou Guilherme Suzuki, sócio e responsável pela área de portfolio solutions da Astra Capital.

 

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- Tebet: momento é de cortar gastos em políticas públicas ineficientes

 

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou, nesta segunda-feira (28), em São Paulo, que o momento atual exige coragem para que sejam cortados gastos com políticas públicas ineficientes. Ao participar do 7º Fórum Brasil de Investimentos, Tebet disse que é preciso equilibrar as contas públicas para viabilizar programas que possam melhorar a vida dos brasileiros.

 

“Não existe social sem fiscal”, declarou a ministra. "Os números estão aí mostrando que tudo que tinha que dar certo, deu. Só falta uma coisa: ter coragem de cortar aquilo que é ineficiente. Erros e fraudes já foram cortados no ano de 2023 porque vieram como fruto da pandemia. Agora é hora de acabar com políticas públicas insuficientes e ineficientes para que possamos fazer, não superávit, mas os investimentos necessários, inclusive em infraestrutura. Como lembrou um grande veículo de comunicação recentemente, é preciso dobrar o investimento no país e, para isso, precisamos de parcerias", ressaltou Tebet.

 

Durante o evento, a ministra pontuou ainda que, além do corte de gastos, o Brasil precisa estimular investimentos privados. “Só investimento público é insuficiente. Nós, dos países considerados emergentes, estamos bem abaixo da média de investimento. Só conseguiremos alavancar isso fazendo o dever de casa, como estamos fazendo, garantindo a segurança jurídica e a estabilidade”.

 

Hoje,durante o fórum, a ministra assinou um memorando de entendimento com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Segundo a ApexBrasil, o objetivo do memorando é promover e divulgar a iniciativa das cinco Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano. As rotas visam incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia.

 

“Vamos aproveitar a expertise da Apex para fazer aquilo que efetivamente precisamos para o Brasil. Temos uma janela de oportunidade ímpar. Estamos no lugar certo e no momento certo”, disse a ministra. “[Faremos] a integração regional da América do Sul para diminuir as desigualdades regionais. Não vamos acabar com a miséria e diminuir a desigualdade social se não diminuirmos as desigualdades regionais do Brasil”, ressaltou.

 

Fonte: CNN - Reuters