A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta quinta-feira (1º) que vai começar a análise dos primeiros resultados de testes de uma vacina contra Covid-19 em um processo que, futuramente, pode acelerar o trâmite do pedido de registro da vacina.
A agência governamental recebeu da farmacêutica AstraZeneca a solicitação para analisar os estudos já produzidos. A empresa utilizou um expediente criado pela própria Anvisa e divulgado na terça-feira (29): a agência reduziu a exigência da documentação inicial e simplificou o processo para análise dos imunizantes contra o novo coronavírus.
A farmacêutica britânica está desenvolvendo uma vacina em parceria com a Universidade de Oxford. No Brasil, a vacina será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O pedido de análise junto à Anvisa é o passo inicial para que seja autorizada a aplicação da vacina no país. Entretanto, ainda é preciso que sejam concluídos os testes clínicos, que estão em andamento. Segundo a Anvisa, no atual estágio, a empresa ainda não fez o pedido de registro da vacina, mas busca acelerar a análise da documentação para quando formalizar a solicitação.
No atual estágio, os técnicos da Anvisa já podem avaliar os primeiros resultados dos testes, ainda dos estudos pré-clínicos, que não envolveram seres humanos. A ideia é agilizar o registro da vacina caso, futuramente, ela apresente resultados positivos de segurança e eficácia nas demais fases dos estudos. Esse protocolo é chamado de "revisão contínua" pela Anvisa.
Assim como a Anvisa, a Agência Europeia do Medicamentos (EMA) anunciou o início a revisão do primeiro grupo de dados disponibilizados pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, também para tentar agilizar o futuro registro do produto. A reguladora europeia usará o mesmo procedimento adotado pelo Brasil.
Em 8 de setembro, os testes da fase 3 da vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford precisaram ser interrompidos temporariamente. Uma voluntária apresentou reações adversas, mas os estudos foram retomados quatro dias depois, no dia 12. A continuidade das pesquisas foi liberada após confirmação da Autoridade Reguladora da Saúde de Medicamentos (MHRA) de que era seguro continuar com as pesquisas.
A vacina britânica é tida como uma das principais apostas para a imunização contra o Covid-19 no Brasil.
O governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde e da Fiocruz, assinou um memorando de entendimento com a AstraZeneca que prevê a compra de 30 milhões de doses, com entrega em dezembro deste ano e janeiro do ano que vem. Há, ainda, a possibilidade de aquisição de mais 70 milhões se a vacina tiver eficácia e segurança comprovadas.
Além disso, o acordo inicial prevê a transferência da tecnologia desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca para produção local na Fiocruz, com previsão de início, de acordo com o ministério, ainda no primeiro semestre de 2021.
Fonte: G1