Economia

Bolsa fecha em alta apoiada em Petrobras e com juros dos EUA no radar; dólar recua





Preços ao consumidor vieram acima do esperado e subiram 0,2% na base mensal no país norte-americano

O Ibovespa encerrou em alta, apoiada pela valorização das commodities, e o dólar recuou contra o real nesta quinta-feira (10), à medida que investidores digeriam dados dos Estados Unidos, tentando decifrar indicativos em relação à próxima decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).

Na cena internacional, as atenções se voltaram para os preços ao consumidor dos EUA, que subiram 0,2% na base mensal — levemente acima do 0,1% projetado por economistas consultados pela Reuters — de acordo com novos dados de inflação divulgados nesta quinta-feira.

Para alguns profissionais do mercado, o resultado corroborou a expectativa de que o Federal Reserve tende a cortar os juros em apenas 25 pontos-base em novembro — e não em 50 pontos-base, como fez em setembro.

O mercado também acompanham o furacão Milton que atinge a Flórida e os impactos da tempestade no economia norte-americana.

Diante deste cenário, o principal índice do mercado brasileiro, o Ibovespa, encerrou com avanço de 0,30%, aos 130.352 pontos. A bolsa foi apoiada pelas altas da Petrobras e Vale, em meio aos temores em relação ao conflito no Oriente Médio, que valorizaram as commodities como minério de ferro e petróleo.

O dólar oscilou em margens estreitas até fechar próximo da estabilidade, fechando em queda de 0,04%, cotado a R$ 5,584.

Cenário externo

Do lado do emprego, dados mostraram que a quantidade de pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram mais do que o esperado na semana encerrada em 5 de outubro, reforçando as preocupações recentes dos membros do Fed com o esfriamento do mercado de trabalho dos EUA.

“Sinais mistos, (logo) mercado instável. Mercado de trabalho veio abaixo das previsões, mas inflação acima”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

“Já tivemos aqui duas alternâncias de sinal. Cedeu na abertura, virou para cima seguindo os Treasuries após dados da inflação, e virou pra baixo agora de novo”, completou.

Investidores consolidavam apostas de que o banco central dos EUA reduzirá os juros novamente no próximo mês, mas de forma mais gradual, com um corte de 25 pontos-base, enquanto o Fed pondera os riscos para seu mandato duplo de inflação e emprego.

Na quinta-feira, a ata da última reunião do Fed mostrou que uma “maioria substancial” das autoridades apoiou o início do afrouxamento monetário com um corte de 50 pontos, mas pareceu haver mais concordância de que o banco central não estaria comprometido com nenhum ritmo específico de cortes no futuro.

No cenário doméstico, uma agenda macroeconômica esvaziada fazia as atenções se voltarem para o exterior, onde ainda se esperava por novas notícias do Oriente Médio e sobre o estímulo econômico da China.

 

- Comércio recua 0,3% em agosto, mas acumula alta em 2024

Variação negativa no varejista demonstrou estabilidade no setor

Em agosto deste ano, as vendas do comércio varejista no Brasil recuaram 0,3% em comparação a julho. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo aponta, por outro lado, um crescimento de 5,1% em relação a agosto do ano passado e uma alta acumulada também de 5,1% ao longo dos oito primeiros meses de 2024. Já nos últimos 12 meses, o resultado acumulado é um crescimento de 4,0%.

Gerente da PMC, Cristiano Santos explica que a variação negativa no comércio varejista em agosto demonstrou estabilidade no setor, diante do crescimento em julho. “O comportamento do comércio em 2024 ainda é positivo, apenas em junho tivemos resultado efetivamente negativo (-0,9%). O aspecto negativo do resultado de agosto é o fato de quatro das oito atividades pesquisadas terem registrado queda significativa, três ficarem estáveis e só uma ter apresentado alta”.

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de rendas reduziu 0,8% de julho para agosto. Em comparação, no mesmo período em 2023 houve um aumento de 3,1%. 

Setores

Em relação às atividades, sete das oito avaliadas pela PMC sofreram redução. Foram elas: outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,9%), livros, revistas e papelaria (2,6%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%) e móveis e eletrodomésticos (1,6%) tiveram as maiores quedas. 

Outros setores com queda no volume de venda foram tecidos, vestuários e calçados (0,4%), combustíveis e lubrificantes (0,2%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,1%). Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria foi o único setor que teve expansão entre julho e agosto de 2024, de 1,3%.

“As lojas de departamento são o principal tipo de empresa atuante no setor de Outros artigos de uso pessoal e doméstico. Elas tiveram, em 2023, um ano muito turbulento, com registros de problemas contábeis afetando alguns dos principais players desse mercado, fazendo com que revisassem seus balanços patrimoniais. Isso provocou ajustes em toda a cadeia produtiva, levando à redução do número de lojas físicas. O aumento da competição com outros nichos e a sazonalidade de promoções também influenciaram a queda no volume de vendas em agosto”, avalia Santos.

Estados

Nas unidades federativas, entre julho e agosto de 2024, 17 dos 26 estados tiveram desempenho negativo no volume de vendas. Os piores resultados foram Minas Gerais, com queda de 2,4%, Tocantins, com 2,0% e Rondônia, com 1,8%. Por outro lado, Roraima (2,2%), Ceará (2,1%) e Bahia (1,3%) foram os estados que se destacaram com resultados positivos, registrando aumentos.

Cenário semelhante se manteve no comércio varejista ampliado. Em 16 estados foram registrados menor volume de vendas, com destaque para Mato Grosso do Sul, com redução de 4,5%, Minas Gerais, de 2,9% e Acre, de 2,5%.

Enquanto isso, os estados do Rio Grande do Sul (1,9%), Rio Grande do Norte (1,3%) e Roraima (1,3%) encerraram o mês de agosto com resultados positivos. Amapá e Distrito Federal foram as unidades federativas a registrar estabilidade (0,0%) de acordo com a pesquisa.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil