Economia

Dólar vai a R$ 5,51 e renova máxima desde janeiro de 2022 com falas de Lula; Ibovespa avança





Investidor também repercute dados do IPCA-15, que subiu 0,39% em junho

O dólar renovou a máxima em mais de dois anos e o Ibovespa registrou alta nesta quarta-feira (26), com mercados digerindo novas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os gastos do governo.

Mais cedo, o presidente pediu  que se discuta sobre se há de fato necessidade de cortar gastos públicos no Brasil ou se o ajuste deve ser realizado através da arrecadação. Além disso, Lula rechaçou a ideia de desvincular o salário mínimo do pagamento de programas sociais.

Ainda no cenário interno, a prévia da inflação de junho subiu 0,39%, ante alta de 0,44% no mês passado e abaixo da expectativa dos analistas.

A divisa norte-americana fechou a sessão com avanço de 1,18%, negociada a R$ 5,519 na venda, no maior patamar desde 18 de janeiro de 2022, quando foi cotado a R$ 5,560.

O movimento seguiu o avanço do dólar ante a cesta com as principais moedas do globo, em especial em relação ao iene, que atingiu seu nível mais baixo desde 1986.

O Ibovespa também fechou no campo positivo, com avanço de 0,25%, aos 122.641 pontos, com destaque para avanço da Vale (VALE3), em dia de valorização do minério de ferro.

Em entrevista ao portal UOL pouco depois da abertura do mercado, Lula demonstrou resistência a realizar cortes de gastos, dando preferência ao ajuste fiscal pelo lado da receita – algo que vêm sendo criticado por economistas do mercado.

O presidente disse que o governo não pode gastar mais do que arrecada, mas argumentou que as despesas do Brasil estão aquém da de muitos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em outro ponto da entrevista, Lula descartou uma desvinculação de pensões e benefícios da política de ganhos reais do salário mínimo.

“Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República”, disse.

Em falas recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vinha defendendo a proposta de desindexação dos benefícios da Previdência Social do salário mínimo.

Lula também desconversou sobre a possibilidade de o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, substituir Campos Neto a partir de 2025.

Ele classificou Galípolo como um “companheiro” preparado, mas disse que ainda não pensa na sucessão de Campos Neto no BC – outro tema de interesse do mercado.

IPCA-15

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,39% em junho, ante alta de 0,44% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa da Reuters com economistas estimava elevação de 0,45 por cento para o período.

Na visão da economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, o dado não muda as expectativas de inflação para o ano, e assim não deve trazer nenhum alívio para o Banco Central.

“Continuamos esperando (uma alta) de 4% para o IPCA esse ano… e também nenhum corte de taxa de juros em 2024”, afirmou.

O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2024.

 

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Dívida Pública fica em R$ 6,91 tri em maio, aumento de 3,1% no mês 

A Dívida Pública Federal (DPF) fechou o mês de maio em R$ 6,912 trilhões, um aumento nominal de 3,10% em relação a abril, quando a dívida ficou em R$ 6,703 trilhões. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Tesouro Nacional.

Segundo o Tesouro Nacional, a variação nominal ocorre em razão da emissão líquida de R$ 146,71 bilhões e da apropriação positiva de juros de R$ 61,38 bilhões.

Já a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) teve seu estoque ampliado em 3,16%, passando de R$ 6.423 trilhões para R$ 6,626 trilhões, devido à emissão líquida no valor de R$ 147,33 bilhões, e à apropriação positiva de juros, no valor de R$ 55,80 bilhões.

Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa houve variação positiva de 1,77% sobre o estoque apurado em abril, encerrando o mês de maio em R$ 285,47 bilhões (US$ 54,46 bilhões), sendo R$ 238,17 bilhões (US$ 45,44 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 47,30 bilhões (US$ 9,02 bilhões) relativos à dívida contratual.

Em maio, as emissões da DPF foram a R$ 172,25 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 25,54 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 146,71 bilhões, sendo R$ 147,33 bilhões referentes à emissão líquida da DPMFi e R$ 0,62 bilhão, ao resgate líquido da Dívida Pública Federal externa - DPFe.

O Tesouro Informou ainda que o percentual de vencimentos da DPF para os próximos 12 meses apresentou aumento, passando de 19,07%, em abril, para 20,79%, em maio.

O volume de títulos da DPMFi a vencer em até 12 meses também ampliou de 19,26%, em abril, para 21,05%, em maio. Os títulos prefixados correspondem a 36,67% deste montante, seguidos pelos títulos atrelados a índice de preços, os quais apresentam participação de 33,99% desse total.

O prazo médio do vencimento da DPF apresentou queda, passando de 4,13 anos, em abril, para 4,08 anos, em maio. O prazo médio da DPMFi também diminuiu de 4 anos, em abril, para 3,95 anos, em maio.

Em relação à DPF externa, observou-se o aumento do percentual vincendo em 12 meses de 14,70%, em abril, para 14,78% em maio, sendo os títulos e contratos denominados em dólar responsáveis por 94,26% desse total.

O prazo médio da DPFe apresentou variação negativa, passando de 7,07 anos, em abril, para 7,02 anos em maio. O destaque ficou para os vencimentos acima de 5 anos que respondem por 50,01% do estoque da DPF externa.

Com isso, prazo médio de emissão do total da dívida em maio foi de 4,87 anos.

Programa Tesouro Direto

As emissões do Tesouro Direto em maio atingiram R$ 5.078,87 milhões, enquanto os resgates corresponderam a R$ 3.177,59 milhões, o que resultou em emissão líquida de R$ 1.901,29 milhões. O título mais demandado pelos investidores foi o Tesouro Selic, que respondeu por 40,93% do montante vendido.

O estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 139.634,62 milhões, o que representa um aumento de 2,26% em relação ao mês anterior. O título com maior representação no estoque é o Tesouro IPCA+, que corresponde a 38,18% do total.

Em relação ao número de investidores, 320.221 novos participantes se cadastraram no Tesouro Direto em maio. Desta forma, o total de investidores cadastrados chegou a 28.667.472, o que representa um incremento de 17,81% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Fonte: CNN com Reuters