Economia

Ibovespa recua com pessimismo global e dúvidas por corte de juros nos EUA; dólar sobe





Na cena doméstica, mercado aguarda por reunião entre Haddad e Lula para tratar de desoneração da folha

O Ibovespa opera em queda e o dólar sobe nesta quarta-feira (17), estendendo o pessimismo dos mercados da véspera com as dúvidas de que o corte dos juros nos Estados Unidos comecem no primeiro trimestre deste ano. Em paralelo, investidores analisam dados da China apontando para uma recuperação irregular.

Na agenda doméstica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se encontra hoje com o presidente Lula para debater a desoneração da folha de pagamento em meio a queda de braço com o Congresso Nacional.

Por volta das 15h20, o principal índice do mercado brasileiro recuava cerca de 0,6%, na faixa dos 128 mil pontos. Na véspera, o pregão fechou com firme queda de 1,69%, o maior recuo diário em seis meses e a primeira vez abaixo dos 130 mil pontos desde meados de dezembro.

O movimento é reforçado com a queda dos principais papéis do mercado, com Vale (VALE3) recuando perto de 1,8% em linha com o declínio dos futuros do minério de ferro na Ásia, enquanto Petrobras (PETR4) perdia 0,3% seguindo a desvalorização do petróleo.

Na mesma hora, o dólar apresentava alta próxima de 0,2%, negociado a R$ 4,935 na venda, alinhado aos leves ganhos do índice da moeda norte-americana frente a uma cesta de pares fortes.

O mercado segue moderando as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), neste ano. Nesta terça, o diretor do Fed Reserve Christopher Waller disse que, embora a inflação esteja se aproximando da meta de 2% do banco central norte-americano, a entidade não deve ter pressa para reduzir os custos de empréstimos.

Economistas esperavam que o Fed começasse os cortes em março. A ferramenta CME FedWatch, que monitora as perspectivas de corte, mostra que 66,3% apostam em uma queda de 0,25 ponto percentual.

Os comentários somaram-se a falas um pouco mais duras de autoridades do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos dias, o que levou a uma reversão no otimismo internacional de que as maiores economias do mundo poderiam começar a afrouxar as condições monetárias muito em breve.

A manutenção de juros altos por mais tempo nas economias avançadas tende a prejudicar a atratividade de divisas emergentes, como o real, uma vez que deixa moedas como o dólar e o euro — já preferidas por serem extremamente seguras — mais rentáveis para investidores estrangeiros.

Ainda na pauta global, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% no trimestre entre outubro e dezembro em relação ao ano anterior, acelerando em relação aos 4,9% do terceiro trimestre, mas um pouco abaixo da previsão de 5,3% em uma pesquisa da Reuters.

Na base trimestral, cresceu 1,0%, após alta revisada de 1,5% no trimestre anterior.

Alguns indicadores de dezembro foram mais sombrios, sugerindo que a prolongada crise imobiliária do país está se aprofundando, bem como que o crescimento das vendas no varejo desacelerou e o investimento permaneceu morno. Apenas a produção industrial mostrou alguns sinais de melhora.

Desoneração da folha

No cenário doméstico, as atenções se voltam aos esforços de Haddad em meio aos embates com o Congresso na pauta da desoneração da folha de pagamento para os 17 setores que mais empregam no país.

Desde o início da semana o ministro faz uma série de reuniões, e hoje se reúne com Lula para debater o tema.

Segundo apurou a CNN, o governo deve revogar a atual medida provisória e enviar ao Legislativo um projeto de lei com novo desenho para a volta gradual desses setores à tributação sobre a folha de salários.

Um dos modelos que está em discussão na equipe econômica é aumentar o prazo de transição para a reoneração até 2029.

Na noite de terça, Haddad disse em entrevista à imprensa que renúncias não previstas no orçamento de 2024, aprovado em dezembro do ano passado, causam um rombo de R$ 32 bilhões nas contas públicas.

Fonte: CNN