O Ministério da Saúde afirmou que a prioridade para a vacinação contra dengue será uma faixa etária dentre as pessoas de 6 a 16 anos (crianças e adolescentes). A recomendação é da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“De 6 a 16 é a faixa etária que vamos priorizar. Dentro dessa faixa etária, a gente vai decidir qual é o melhor grupo etário a se vacinar e atingir o melhor resultado que seja tanto operacionalmente interessante para estados e municípios, ou seja, que eles consigam executar da melhor forma possível mas ao mesmo tempo a gente consiga ter resultados epidemiológicos, que de fato a gente evite casos e hospitalizações”, disse Eder Gatti, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis.
A jornalistas, o diretor afirmou que que a estratégia foi discutida em reunião da CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização), realizada nesta 2ª feira. O grupo é formado por especialistas em imunização que aconselham a pasta nas decisões. A sugestão da OMS de vacinar crianças e adolescentes na faixa etária citada se deve ao fato de que a eficácia da vacina foi comprovada menor em crianças de 2 a 5 anos.
O diretor informou que a definição da estratégia de distribuição do imunizante precisa ser aprovada pela CIT (Comissão Intergestores Tripartite), em que Estados e municípios participam. A reunião está marcada para 25 de janeiro.
Inicialmente, o laboratório fabricante da Qdenga –a vacina contra dengue–, entregará 5,1 milhões de doses de fevereiro a novembro de 2024. O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de 3 meses entre elas, sendo assim, aproximadamente 3 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024, segundo informou o Ministério da Saúde.
“Esperamos que outros imunizantes sejam licenciados para que possamos ampliar a cobertura vacinal”, disse o diretor da operação. A previsão do ministério é que a distribuição das vacinas comece em fevereiro.
O registro de casos de dengue triplicou no Paraná, Distrito Federal e Rio de Janeiro na 1ª semana epidemiológica do ano (31.dez.2023 a 6.jan.2024), comparado ao mesmo período no ano passado.
Na soma de casos do Brasil, não houve aumento em relação a 2023. A estimativa é de que sejam registrados 3 milhões de casos da doença no país até o final de 2024. Os dados são do Ministério da Saúde e podem ser acessados neste link.
O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, se prolifera em ambientes de clima quente e úmido, sendo mais comum no Norte e Nordeste do país. No entanto, segundo o infectologista Antônio Bandeira, diretor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e especialista pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), há um cenário novo de epidemia em cidades em que os registros não costumavam ser frequentes.
“A dengue se expandiu para estados que nunca imaginávamos. O mosquito se ambientou numa espécie de corredor entre o Centro-oeste e o Sul. São estados que nunca tinham tido surtos de dengue, com uma população virgem da doença”, afirma Bandeira.
Em dezembro, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue ao SUS (Sistema Único de Saúde). O Brasil é o 1º país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
Foi definido que a vacina não seria usada em larga escala em um 1º momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses.
A infecção resulta numa doença que pode ser assintomática ou apresentar formas mais graves, podendo causar a morte. A forma viral clássica envolve sinais e sintomas, como: fraqueza muscular, sonolência, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.
Segundo a OMS, até junho de 2023 foram 2.162.214 casos e 974 mortes por dengue no mundo. Em 2022, foram notificados 2.803.096 casos na região das Américas, sendo a maior parte deles no Brasil (2.383.001), que também liderou a ocorrência de formas graves, juntamente com a Colômbia.
Fonte: Poder360