Economia

Copom corta Selic pela 3ª vez seguida; taxa básica de juros cai de 12,75% para 12,25% ao ano





Com a redução, a Selic atingiu seu menor nível desde maio de 2022, quando estava em 11,75% ao ano. A Selic desempenha um papel fundamental na política monetária, influenciando todas as taxas de juros no país.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (01), reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. 

Este foi o terceiro corte seguido na taxa básica de juros, que começou a recuar em agosto deste ano. 

A decisão de hoje foi unânime. Ou seja, todos os membros do Copom votaram pela redução de 0,5 ponto percentual. 

No comunicado emitido após a reunião, o colegiado sinalizou que poderá cortar novamente a Selic neste mesmo patamar - 0,5 ponto percentual - no próximo encontro. 

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". 

A Selic chegou agora ao menor nível desde o início de maio de 2022 -- quando estava em 11,75% ao ano. 

Neste ano, só terá mais uma reunião do Copom, marcada para os dias 12 e 13 de dezembro. Ou seja, se a previsão de redução se concretizar, a Selic deve terminar 2023 no patamar de 11,75% ao ano. Isso já é esperado pelo mercado financeiro. 

No comunicado, o comitê também defendeu a importância de perseguir as metas fiscais já estabelecidas. 

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas". 

Nos últimos dias, se acentuou a discussão sobre uma possível alteração da meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024 após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer, em conversa com jornalistas, que o país não precisa de uma meta fiscal zero no próximo ano. 

"Eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25%. o que é? Nada", disse Lula na última semana. 

O déficit zero, ou seja, um equilíbrio nas contas públicas, sem resultado negativo nem positivo, está previsto no arcabouço fiscal, nova regra aprovada neste ano para o controle de despesas do governo. 

Também consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), e no projeto de Orçamento (PLOA) para 2024. As propostas foram enviadas pelo Executivo ao Congresso Nacional e ainda precisam ser aprovadas pelos parlamentares. 

O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores da autarquia. Cabe ao comitê definir o patamar da Selic a cada 45 dias. 

A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação. A taxa influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. 

 

Como as decisões são tomadas

 

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro. 

Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. 

A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%. 

A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua, de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.

 

- Brasil volta a ter a maior taxa de juros reais do mundo, mesmo após novo corte; veja ranking

País havia descido à segunda colocação em setembro, mas falas recentes do governo em relação à questão fiscal e as projeções mais baixas de inflação levaram o país de volta ao topo do pódio; levantamento é do MoneYou.

O Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo nesta quarta-feira (1º), mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciar um novo corte da taxa básica, de 0,50 ponto percentual (p.p.). (entenda mais abaixo)

Segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram agora em 6,90%, no topo do ranking. Em seguida veio o México, com taxa real de 6,89%. 

O juro real é formado pela taxa de juros nominal do país subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. 

Veja abaixo os principais resultados da lista de 40 países. 

De acordo com o MoneYou, a volta do Brasil ao topo do ranking reflete a abertura das curvas de juros futuros (expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos), após falas recentes do governo sobre o cenário fiscal do país. (entenda mais abaixo)

As projeções mais baixas para a inflação completam o cenário e também ajudam a explicar a volta do Brasil ao 1º lugar. 

A Argentina ficou na ponta oposta do ranking. Apesar de ter as taxas nominais mais altas da lista (133% ao ano), o país também enfrenta um quadro de hiperinflação, o que acaba derrubando as taxas reais. 

Terceiro corte seguido de juros

Nesta quarta-feira (1º), o Copom anunciou um novo corte da taxa básica de juros, de 0,50 p.p.. Com a redução, a Selic ficou em 12,25% ao ano. 

Esse foi o terceiro corte consecutivo da taxa básica por parte do colegiado, após a Selic ter se mantido em 13,75% ao ano durante cerca de um ano.  

Mas o que explica a volta do Brasil ao topo do ranking?

Segundo o MoneYou, dois fatores explicam a volta do Brasil para o 1º lugar na lista dos maiores juros reais do mundo: 

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que "dificilmente" o governo alcançará a meta de déficit zero em suas contas em 2024. 

Desde então, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem defendido a adoção de medidas para o alcance da meta, vem sendo alvo de questionamentos sobre o tema. A ala política do governo defende a alteração da meta, por temer o impacto das restrições nas contas públicas nas despesas do próximo ano. 

Em entrevistas feitas a jornalistas durante esta semana, o ministro se esquivou de responder perguntas sobre a meta de zerar o déficit, mas afirmou que não há "nenhum descompromisso" de Lula em relação ao objetivo de equilíbrio fiscal do país. 

As afirmações acabaram aumentando as incertezas do mercado sobre o cumprimento da meta fiscal e, segundo o Moneyou, elevaram os juros futuros — cenário que, somado às projeções menores para a inflação, acaram resultando a volta do Brasil ao topo do ranking de maiores juros reais do mundo. 

Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira seguiu na 6ª posição. Veja abaixo:

  1. Argentina: 133%
  2. Turquia: 35%
  3. Hungria: 13%
  4. Colômbia: 13,25%
  5. Rússia: 15%
  6. Brasil: 12,25%
  7. México: 11,25%
  8. Chile: 9%
  9. África do Sul: 8,25%
  10. República Checa: 7%
  11. Filipinas: 6,50%
  12. Indonésia: 6%
  13. Polônia: 5,75%
  14. Hong Kong: 5,75%
  15. Estados Unidos: 5,50%
  16. Reino Unido: 5,25%
  17. Índia: 5,40%
  18. Canadá: 5%
  19. Israel: 4,75%
  20. Alemanha: 4,50%
  21. Áustria: 4,50%
  22. Espanha: 4,50%
  23. Grécia: 4,50%
  24. Holanda: 4,50%
  25. Portugal: 4,50%
  26. Suécia: 4,50%
  27. Bélgica: 4,50%
  28. França: 4,50%
  29. Itália: 4,50%
  30. China: 4,35%
  31. Austrália: 4,10%
  32. Singapura: 3,82%
  33. Dinamarca: 3,60%
  34. Coreia do Sul: 3,50%
  35. Malásia: 3%
  36. Tailândia: 2,56%
  37. Taiwan: 1,88%
  38. Nova Zelândia: 0%
  39. Japão: -0,10%
  40. Suíça: -0,75%

 

Fonte: g1