Economia

Ibovespa fecha em alta de 1,15% com expectativa de corte dos juros; temor global joga dólar para R$ 5,03





Dados da prévia da inflação em maio reforçaram cenário para recuo da Selic

O Ibovespa retornou ao campo positivo nesta quinta-feira (25), com investidores animados com a desaceleração da prévia da inflação em maio. A alta foi puxada por empresas expostas à economia doméstica diante da expectativa de que a perda de fôlego dos preços leve ao corte dos juros pelo Banco Central (BC).

No cenário internacional, o clima segue tenso pela falta de acordo entre democratas e republicanos para o teto da dívida dos Estados Unidos. Em paralelo, o mercado reagiu positivamente com a forte previsão de vendas da Nvidia, dando força também para outras empresas de tecnologia.

Diante destes cenários, o principal indicador da bolsa brasileira fechou a sessão com alta de 1,15%, aos 110.054 pontos. O Ibovespa seguiu a recuperação dos mercados globais. Em Wall Street, Dow Jones fechou com queda de 0,11%, enquanto S&P 500 subiu 0,88% e a Nasdaq encerrou o dia com valorização de 1,75%.

O temor de um calote norte-americano deu força para o dólar com a busca dos investidores por proteção. A moeda norte-americana subiu 1,65%, negociada a US$ 5,034 na venda. É a primeira vez que o dólar fecha acima de R$ 5 desde o último dia 8, quando encerrou em R$ 5,015.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, ficou em 0,51% em maio, desacelerando 0,06 ponto após alta de 0,57% em abril. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã.

A desaceleração dos preços repercutiu na queda dos juros em toda a curva ao indicar um cenário para o corte de juros pelo BC, atualmente na faixa de 13,75% ao ano.

O movimento foi reforçado pelas falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, chamando a atenção para a redução das taxas futuras.

Em entrevista à GloboNews, Campos Neto destacou que os juros longos já recuaram 2% nos últimos meses, enquanto as expectativas para inflação caíram para 4%.

O movimento favoreceu empresas ligadas ao consumo interno, como construtoras, além dos bancos, que enxergam na queda dos juros um estímulo maior da população em buscar crédito.

As ações da MRV (MRVE3) estiveram entre as maiores altas, com valorização de 10,44%. No mesmo segmento, os papéis da construtora Cyrela (CYRE3) subiram 6,19%.

O bom humor se sobressaiu a queda da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4; PETR3), com o recuo do minério de ferro e petróleo, respectivamente. As ações da mineradora fecharam o dia com recuo de 0,09%, enquanto os papéis preferencias da Petrobras (PETR4) perderam 0,75%, e os ordinários (PETR3), recuaram 0,74%.

Na pauta global, as atenções seguem nas negociações para o aumento do teto da dívida dos EUA na tentativa de evitar um calote histórico. Após uma série de reuniões infrutíferas, o Tesouro norte-americano está se preparando com um plano de contingência caso um acordo não seja firmado.

Na véspera, a agência de risco Fitch colocou uma perspectiva negativa para a nota de crédito dos Estados Unidos, que é “AAA”, citando crescentes disputas políticas em torno do teto de dívida do país.

 

 

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Haddad: aumento da produtividade requer mudança no sistema tributário

O ministro da Fazenda Fernando Haddad voltou a criticar, nesta quinta-feira (25), o atual sistema tributário brasileiro e avaliou que o país já está maduro o suficiente para aprovar a reforma tributário no Congresso. Segundo o ministro, que discursou em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Brasil não tem como aumentar a sua produtividade com o sistema de tributos atual.

"Não há como crescer a produtividade do Brasil com esse sistema tributário. O Congresso está absolutamente maduro e a sociedade ansiosa para ver diante de si algo que dê segurança jurídica para os investidores, e hoje eu diria que tão importante quanto isso, segurança jurídica para a base fiscal do Estado", disse Haddad.

De acordo com o ministro, a reforma tributária poderá resolver a maioria dos problemas do sistema de arrecadação de impostos atual, que se tornou, segundo ele, anacrônico e "monstruoso".

"Estamos endereçando uma reforma tributária que é mais moderna ainda, porque introduz no sistema tributário nacional um Imposto de Valor Agregado que praticamente resolve uma boa parte dos vícios do atual sistema que, na minha opinião, é o grande vilão pelas baixas taxas de crescimento da nossa produtividade."

"A coisa se tornou tão monstruosa que até o Estado nacional não sabe quanto pode arrecadar. A cada momento há uma decisão judicial que solapa a base fiscal do Estado e nos deixa em estado permanente de insegurança", acrescentou.

Para o ministro, a reforma tributária trará regras estáveis, que possibilitarão ao Estado saber quanto poderá investir e gastar. "E que os empresários possam se planejar no médio e longo prazo. Os investimentos hoje exigem um prazo de planejamento e de previsibilidade que o sistema tributário atual não consegue oferecer."

Educação

O ministro da Fazenda comemorou a aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados. O projeto do novo regime fiscal teve a votação em plenário concluída nesta quarta-feira (24) e agora será submetido à análise do Senado. Segundo Haddad, o marco garante a reposição de 100% do orçamento da educação e abre possibilidade de outros investimentos no desenvolvimento do país.

"Se nós tivermos os recursos para fazer os investimentos acontecerem, sobretudo as PPPs [parcerias público-privadas], que agora todas elas terão aval do Tesouro Nacional, se nós tivermos recursos para voltar a educar o nosso povo, se nós fizermos essa arrumação da casa, ao tempo da transição ecológica, que nós estamos alinhavando no governo federal, estimulando a industrialização a partir de uma perspectiva de futuro que olhe para o fiscal, para o ambiental, e para o social, eu não tenho dúvida que nós vamos verificar que o Brasil vai voltar a crescer." 

 

Fonte: CNN - Agência Brasil