Começou na manhã desta quinta-feira (13) a greve dos professores no Amapá. A mobilização foi realizada na Praça da Bandeira, no centro de Macapá. Um dos principais temas abordados foi a perda salarial.
Essa perda ocorre por conta do reajuste da remuneração não acompanhar os índices inflacionários anuais. É o que explica a professora Helen Favacho, da Escola Estadual Mario Andreazza, localizada no centro da capital.
"Automaticamente, quando o salário não é reajustado de acordo com o índice (inflacionário), estaremos com perda, seja de 5%, de 1% [...] só que nós temos essa perda salarial ao longo de muitos anos, o que tá acumulado, e ele não é corrigido" disse a educadora
Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá(Sinsepeap), o acúmulo da perda chega a 95%.
O sindicato também informou que 60 escolas em Macapá aderiram à paralisação nesta quinta.
Em janeiro, o Ministério da Educação (MEC) definiu em R$ 4.420,55 o novo valor do piso salarial dos professores de escolas públicas de todo o Brasil.
Esse número representa um um crescimento de 14,95% com relação ao piso de 2022, que era de R$ 3.845,63. Porém, os grevistas alegam que esse aumento não foi repassado.
Ainda em janeiro, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou que planejava ter reuniões com os professores para dialogar sobre o assunto.
A contraproposta do governo do estado é de que seja realizado um reajuste a partir deste mês em 5,6%. No segundo semestre, seria feita um nova correção de 3%, em setembro, e mais 4,16% em dezembro.
Nesta sexta-feira (14), será realizada uma Assembleia Geral entre os professores e o Governo do Amapá. Caso os valores sejam aprovados, não haverá suspensão das aulas.
Rosenildo Coutinho é professor na Escola Estadual Profª Denise de Melo, em Santana, na região metropolitana de Macapá. Ele mencionou o aumento linear que foi dado a todos os servidores públicos estaduais neste mês, mas aguarda novas definições para a classe dos educadores.
"Por enquanto, eu vou aderir à greve. Eu quero ouvir quais são as propostas que o governo tem pra gente. Porque, até agora não, houve nenhuma proposta boa, convincente. Somente aqueles 5,6% linear que ele deu para todo mundo", explicou Rosenildo.
Kátia Almeida, presidente do Sinsepeap falou sobre as motivações para a realização da greve.
"(A greve) Não é planejada, é sentida no bolso. Quando você não paga o que você deve à categoria, a categoria se revolta", disse Kátia.
Ela também alegou que o Governo já dispõe de recursos repassados anualmente pela união, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb).
Desta forma, então não haveriam motivos para que o Amapá não acompanhasse a revisão salarial recomendada pelo MEC.
"Todo ano vem um valor para ser concedido aos trabalhadores e não é concedido [...] não é repassado para o salário dos trabalhadores", lamentou a presidente do sindicato.
Fonte: g1 AP - José Eduardo Lima