O Ibovespa fechou em queda de 2,22% nesta quarta-feira (9), aos 113.580,09 pontos, com Bradesco despencando 17,38% após um desempenho trimestral decepcionante, enquanto um resultado sólido assegurou à Gerdau uma alta de 4,66%, em sessão repleta de balanços corporativos. Qualicorp também teve forte queda de 15,6%.
A Vale, que antes segurava o índice para perto da estabilidade, passou a cair no decorrer do pregão e auxiliou na descida do Ibovespa. A Petrobras também ficou no vermelho, com os riscos de ingerência política rondando a companhia.
Incertezas sobre a transição do governo no Brasil, bem como o desempenho negativo em Wall Street, em meio a uma eleição de meio de mandato acirrada e expectativa de dados de inflação nos Estados Unidos, corroboraram as perdas na bolsa paulista.
Já o dólar avançou frente ao real, em linha com movimento internacional de aversão a risco após as eleições de meio mandato dos Estados Unidos, enquanto investidores continuavam acompanhando as discussões em torno da agenda fiscal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em meio a incertezas sobre quem será o ministro da Fazenda do governo brasileiro eleito.
A moeda norte-americana valorizou 0,67%, negociada a R$ 5,184 na venda, após mostrar volatilidade durante as negociações.
“As atenções seguem divididas, no mercado, para o processo de transição dos governos, a expectativa pela nomeação dos ministérios e para a temporada de balanços”, afirmou a Ágora Investimentos, em relatório a clientes.
Do ponto de vista gráfico, a equipe da corretora avalia que o Ibovespa permanece com formação de topo em seu gráfico diário, e na perda do apoio aos 115.700 pontos ganhará força vendedora até o suporte marcado aos 112.500 pontos.
“Do lado superior, para retomar o viés positivo, o índice precisa vencer de forma definitiva a resistência dos 120.500 e, neste caso, passaria a mirar inicialmente no topo de abril formado aos 121.500, podendo estender a busca até a linha dos 124.000 pontos.”
Marco Caruso economista-chefe do Banco Original, notou receios do mercado em torno dos gastos perseguidos para o ano que vem, e disse que a falta de indicações claras sobre quem será o ministro da Fazenda do petista torna o cenário especialmente complicado.
“Você não combinou com quem vai comandar a pasta o que vai se fazer e como vai se fazer? Então o mercado acaba cobrando um certo prêmio sobre isso”, disse o especialista.
Na segunda-feira, por exemplo, o dólar à vista disparou 2,39%, a R$ 5,173 na venda, maior valorização percentual diária desde 24 de outubro (+2,94%), devido aos receios sobre a pasta econômica de Lula.
“Mas, no fundo, hoje, quando a gente olha esses R$ 5,15, R$ 5,20, é um câmbio que está em compasso de espera. Eu, sinceramente, quando eu olho este câmbio, me parece que pressupõe algum tipo de nome forte (no Ministério da Fazenda), mais alinhado com as incertezas e os anseios do mercado”, ponderou Caruso.
Ele entendeu a configuração da equipe econômica de transição do governo eleito como uma sinalização promissora, já que equilibrou economistas mais favoráveis à agenda social do PT –Guilherme Mello e Nelson Barbosa– e profissionais mais ortodoxos e moderados na visão do mercado –André Lara Resende e Pérsio Arida.
“Acho que mostra uma predisposição (do governo eleito) a discutir uma frente ampla do lado da economia também. No mínimo, mostra uma predisposição para ouvir”, completou Caruso.
Fonte: CNN Brasil