Saúde

Paciente é declarado curado do HIV após receber células-tronco





Um paciente de 66 anos diagnosticado com HIV foi considerado curado após receber transplante com células-tronco para tratar leucemia, afirmaram pesquisadores.

Embora o transplante tenha sido planejado para o tratamento de câncer no sangue do indivíduo apelidado de “Cidade da Esperança”, os médicos também buscaram um doador que fosse resistente ao vírus que causa a Aids, um mecanismo que funcionou primeiramente na cura do chamado "Paciente de Berlim", Timothy Ray Brown, em 2007. 

O paciente mais recente é o quarto a ser curado dessa maneira. O apelido "Cidade da Esperança" foi dado por conta da instituição norte-americana em Duarte, na Califórnia, onde estava sendo atendido, e porque ele não quis ser identificado.

Além de ser o mais velho a receber o tratamento até agora, o paciente tinha HIV há mais tempo, tendo sido diagnosticado em 1988 com o que descreveu como uma "sentença de morte", que matou muitos de seus amigos.

O paciente faz a terapia antirretroviral para controlar sua condição por mais de 30 anos. 

Os médicos que apresentaram os dados antes do encontro da Sociedade Internacional da Aids de 2022 disseram que o caso abre um potencial para o acesso dos pacientes mais velhos a tratamentos contra o HIV e câncer sanguíneo, especialmente já que o doador de células-tronco não era um membro de sua família.

 

Confira outras noticias

- Ministério da Saúde lança campanha para combater hepatites virais

Queiroga alerta sobre importância de buscar diagnóstico e tratamento

O Ministério da Saúde lançou a campanha de enfrentamento às hepatites virais. No evento, o ministro Marcelo Queiroga e o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, alertaram sobre a importância de a população buscar diagnóstico e destacaram ações da pasta para combater as hepatites A, B e C e reduzir sua incidência no Brasil.

“A questão das hepatites é um problema de saúde pública. No passado, hepatites eram a principal causa de transplantes hepáticos. Hoje, em função das políticas públicas, passou a ser a esteato-hepatite crônica, já que temos maneiras efetivas de diagnosticar precocemente, de tratar com antivirais, de [aplicar] vacinas, de utilizar a força das políticas públicas para reduzir esse importante problema”, disse Queiroga.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cuidado integral a todos os pacientes com hepatites virais, da prevenção ao diagnóstico e ao tratamento. A melhor forma de prevenção contra as hepatites A e B são as vacinas disponibilizadas gratuitamente conforme o calendário vacinal. As hepatites B, C e D têm tratamento ofertado pelo SUS. Os medicamentos disponibilizados pela rede de saúde pública garante a cura para até 95% dos pacientes de hepatite C, para a qual não há vacina disponível.

Entre as ações do SUS para combater as hepatites virais, está a dispensa do exame de genotipagem para tratamento da hepatite C. Para o tratamento da hepatite B, foi acrescentada uma alternativa terapêutica, com a oferta de comprimidos de tenofovir alafenamida.

Além disso, o poder público promoveu ações em conjunto com a sociedade civil. Foram selecionadas dez organizações das cinco regiões do Brasil para ações de enfrentamento. Nesse contexto, foram testadas mais de 12 mil pessoas e realizadas milhares de atividades nas comunidades.

As regiões Norte e Nordeste, juntas, representam 55,4% de todos os casos de hepatite A notificados entre 2000 e 2021. Houve, no entanto, redução de 95,6% na taxa de incidência da hepatite A no Brasil. Em 2021, foram registrados 0,2 casos por 100 mil habitantes.

Segundo o ministério, as taxas de transmissão de hepatite B também têm caído em todo o país. Em pouco mais da metade dos casos, a transmissão ocorreu em relações sexuais. No caso da hepatite C, quase 40% das transmissões ocorrem por relação sexual; o uso de drogas representa pouco mais de 20% das transmissões. A hepatite D é a que tem menor número de casos. A Região Norte concentra a maioria deles.

Doença

Hepatites virais são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, elas podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

A transmissão das hepatites se faz por via sexual e pela transmissão da mãe para o filho, no caso do tipo B; e pelo compartilhamento de material perfuro/cortante, que tenha sido contaminado com sangue do indivíduo com o vírus, para a C.

Há 40 anos, as medidas de precaução não eram conhecidas, entre as quais, não compartilhar tesourinhas e alicates em salões, sem higienização adequada; e não usar seringas e agulhas não descartáveis.

 

- Câncer de cabeça e pescoço: prevenção e diagnóstico são fundamentais

Hoje é o Dia de Conscientização sobre Câncer de Cabeça e Pescoço

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, um alerta de que a prevenção e o diagnóstico precoce são elementos fundamentais para salvar vidas. O Dia Mundial faz parte da campanha Julho Verde, que objetiva alertar a população sobre os cuidados necessários para evitar o surgimento ou evolução desses tipos de tumores.

Os cânceres de cabeça incluem a cavidade oral, desde os lábios até as glândulas salivares, enquanto o pescoço tem a parte da orofaringe mais laringe e glândula tireoide. Somando todos esses tipos, a estimativa do Inca para o triênio 2020/2022 é que os cânceres de cabeça e pescoço atinjam 19,5 mil novos casos por ano para homens e 17.140 novos casos por ano para mulheres, totalizando 36.640 novos casos por ano no período.

A informação foi dada à Agência Brasil pela dentista e sanitarista Adriana Atty, da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Redes, da Coordenação Geral de Prevenção e Vigilância do Inca. O câncer de orofaringe se desenvolve em tecidos como a base da língua, amígdalas, o palato mole, as paredes laterais da orofaringe.

Sinais

Excetuando a tireoide, as outras regiões têm sinais de alerta que facilitam a identificação de cânceres. Na cavidade oral, por exemplo, Adriana disse que os sinais mais importantes são lesões que não cicatrizam por até 15 dias. “Lesões persistentes na cavidade oral são sinal de alerta. Precisam ser investigadas”. A dentista deixou claro que não necessariamente as lesões que fiquem na boca por mais de 15 dias podem ser câncer; mas, de qualquer forma, necessitam de investigação.

Do mesmo modo, nódulos no pescoço têm que ser investigados. Outros sinais de alerta são mudanças na voz, rouquidão, dificuldade para engolir, dificuldade na mobilidade da língua e, em consequência, dificuldade para falar ou mastigar. Adriana Atty observou que esses sinais vão piorando e quando se registra dificuldade para mastigar e engolir, “pode-se dizer que esse tumor está mais evoluído”.

Prevenção

Há fatores de risco importantes para o câncer de cabeça e pescoço. Entre eles, Adriana Atty citou o consumo de tabaco. O mesmo se aplica para os cigarros eletrônicos. “É um mal. Não usem. É mentira dizer que o cigarro eletrônico é inofensivo”. Junto com o narguilé e o cigarro convencional, o cigarro eletrônico e mascar tabaco, “tudo isso é fator de risco para o câncer”, apontou Adriana.

O consumo excessivo de álcool junto com o tabaco aumenta ainda mais o risco de desenvolver câncer nessa região. Do mesmo modo, a exposição ao sol exige proteção para os lábios. Principalmente pessoas que trabalham expostas ao sol devem proteger os lábios, observou a pesquisadora. Além de uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, outro fator de risco é o vírus HPV. “Existem subtipos que estão relacionados ao câncer de cabeça e pescoço, principalmente na região da orofaringe”, disse Adriana.

“Se nós pudéssemos eliminar esses fatores de risco, estaríamos prevenindo, só na cavidade oral, para se ter uma ideia, 95% dos casos em homens e 92% entre mulheres”, destacou. Na campanha Julho Verde, o importante, segundo ela, é disseminar, ao máximo, os fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce. Diante dos sinais de alerta, é muito importante procurar profissionais de saúde. Ela salientou, inclusive, a importância dos cirurgiões-dentistas para o momento de diagnóstico precoce.

Segundo a especialista, a população precisa ser estimulada a priorizar esses sinais de alerta, não postergar a ida ao profissional de saúde e esse profissional tem que efetuar uma investigação diagnóstica e, uma vez identificado que é câncer, encaminhar para tratamento. No Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento é realizado em estabelecimentos habilitados em oncologia.

Tratamento

Quando o tumor é diagnosticado no início, o tratamento principal é a cirurgia. Remove-se o tumor e o prognóstico relacionado à sobrevida e à qualidade de vida é maior, porque mutila-se menos o indivíduo. Outros tratamentos oncológicos incluem radioterapia e quimioterapia. Adriana ressaltou que para controlar o câncer de cabeça e pescoço, é necessário ter a população bem informada, mostrando-se a ela que é preciso investigar se é ou não um câncer, reiterando o malefício que é fumar e consumir bebida alcoólica e, também, destacar a importância de se proteger durante o sexo oral.

Para os profissionais de saúde, a orientação é que tenham o hábito da inspeção, em especial os cirurgiões-dentistas, mesmo em consultas rotineiras, e valorizar as queixas dos pacientes. A integração de toda essa rede, incluindo o SUS, é fundamental para que se consiga iniciar o tratamento do tumor ainda com pequenas dimensões. 

A mesma opinião tem o cirurgião de cabeça de pescoço da Fundação São Francisco Xavier, Clineu Gaspar Hernandes Júnior. Para ele, o desconhecimento sobre a doença é um fator de atraso no diagnóstico desses pacientes. “Na maioria dos casos, o paciente demora a chegar no serviço especializado e isso atrasa tanto o diagnóstico como o tratamento. É essencial a prevenção, buscar informações sobre os cânceres de cabeça e pescoço, assim como acontece com o câncer de mama e de próstata. O desconhecimento sobre a doença é um fator de atraso no diagnóstico”, afirmou o médico.

HPV

A Fundação do Câncer aproveitou o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço para fazer um alerta sobre a importância da vacina contra o vírus do HPV para o sexo masculino. A consultora médica da Fundação, Flávia Miranda Corrêa, doutora em Saúde Pública, advertiu que o HPV não protege somente as mulheres contra o câncer de colo de útero. Ela reforça que o HPV também está relacionado a alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço em homens e mulheres, como o câncer de boca, ou cavidade oral e, principalmente, o câncer de orofaringe. No câncer de orofaringe, o HPV está associado a cerca de 30% dos casos, informou a consultora médica da Fundação do Câncer.

“Assim sendo, a vacinação contra o HPV também é eficaz na prevenção dessas doenças em ambos os sexos e deve ser estimulada”, indicou a médica. Ela reiterou a importância da vacinação contra o HPV de meninas entre 9 e 14 anos de idade e de meninos entre 11 e 14 anos, além da população imunossuprimida de 9 a 45 anos, também para prevenir alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço.

Adriana Atty acrescentou que é possível ter um paciente com câncer na região de orofaringe e faringe, jovem, sem histórico de consumo de tabaco, mas com tumor relacionado ao HPV. “É preciso estar alerta e fazer a investigação”, insistiu.

Flávia Miranda Corrêa advertiu que, nos homens, 50% dos cânceres de pênis estão associados ao HPV. A vacinação foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2017 para meninos. “A vacinação contra o HPV é gratuita nos postos de saúde”. Para combater a baixa adesão, inferior aos 80% preconizada pelo Ministério da Saúde, Flávia defendeu que é preciso informar a população. Entre as meninas, 83,4% do público-alvo receberam a primeira dose, mas apenas 55,6% tomaram a segunda. Entre os meninos, 57,9% foram imunizados com a primeira dose e 35,6% com a segunda. “Essa baixa adesão é consequência da desinformação. Por isso, as armas para combater essas doenças são o esclarecimento e o aumento da cobertura da vacinação”, aponta a consultora médica da Fundação do Câncer.

Fonte: Agência Brasil - Reuters.