Saúde

Varíola dos macacos: aumento de casos faz Saúde cogitar comitê de segurança





Após a decretação de emergência sanitária global pela OMS (Organização MUndial da Saúde) e com o aumento de casos da varíola dos macacos no Brasil, atingindo quase 700 casos, o Ministério da Saúde afirmou que está em análise a possibilidade da criação de um comitê dedicado à doença e sua vigilância. As declarações foram dadas por Arnaldo Medeiros, secretário de Vigilância do ministério, ao jornal O Globo.

"Nós estamos analisando, à medida que os casos forem aumentando. Hoje temos um departamento que toma conta dessa vigilância", declarou Medeiros. "Estamos analisando a possibilidade de criar um comitê para continuarmos ainda mais com a sensibilidade da vigilância nesse sentido", disse.

Até o último dia 13, o ministério da Saúde mantinha uma sala de situação, aberta para monitorar a doença. No entanto, esse esforço foi finalizado. De acordo com o secretário, a sala cumpriu seu papel, que é "entender a doença, como ela se comporta, e construir um fluxo de vigilância".

Em relação às vacinas, Medeiros avisou que não há previsão para doses destinadas à população geral. No entanto, disse que a pasta está planejando a compra de vacinas para trabalhadores de saúde e pessoas em constante contato com esse público. O quantitativo esperado é de 50 mil doses iniciais, previstas para chegar ainda esse ano, de acordo com Medeiros.

Medeiros anunciou futura campanha de conscientização

Segundo o secretário do Ministério da Saúde, uma campanha de conscientização deve ser lançada, com informações sobre medidas de prevenção, controle e até mesmo cuidados.

"Muitas vezes a população não tem o conhecimento adequado de como a doença aparece, quais as formas de transmissão. Então, na verdade a campanha vai no sentido de esclarecer efetivamente a população sobre o que é a doença", afirmou Medeiros.

 

- EUA registram primeiros casos de varíola dos macacos em crianças

Os Estados Unidos registraram os primeiros casos de varíola dos macacos em crianças. A informação foi dada pela diretora do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, em entrevista ao jornal Washington Post, na sexta-feira (22). São duas crianças infectadas, sendo que uma delas ainda é uma criança de colo, em casos não relacionados.

De acordo com o CDC, a contaminação ocorreu dentro de casa, mas as autoridades ainda estão apurando como isso ocorreu. Uma das crianças não mora nos Estados Unidos. Ela e os pais estavam em viagem pela capital Washington. Já a criança de colo mora na Califórnia. As crianças, acrescentou a diretora do CDC ao Washington Post, passam bem e estão sendo submetidas ao tratamento antiviral.

Nos dois casos, relatou Rochelle, as crianças tiveram contato com homens da comunidade gay. Esse grupo é o mais afetado pela varíola dos macacos e a maior causa de preocupação das organizações de saúde. Inclusive, uma das preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS) é com o estigma que a doença pode provocar em homossexuais do sexo masculino. A entidade, inclusive, já tem pedido ajuda de organizações da sociedade civil, incluindo aquelas com experiência no trabalho com pessoas HIV positivo, para combater a discriminação.

No sábado (23), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, declarou que a varíola dos macacos configura emergência de saúde pública de interesse internacional. Ainda que tenha sido uma decisão unânime dentro do comitê de emergência da OMS, o diretor-geral entendeu que já existem elementos suficientes para enquadrar a varíola dos macacos nessa categoria.

 

- Queiroga: Brasil se preparou para surto de varíola dos macacos

 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse hoje (25) que o Brasil “fez o dever de casa” diante do surto de varíola dos macacos desde o início da epidemia. Durante a abertura de um workshop sobre vigilância em saúde promovido pelo ministério, Queiroga disse que o Brasil se preparou para lidar com o vírus, providenciando laboratórios para diagnóstico, identificação dos casos e isolamento dos pacientes.

 

“Nós aqui no Brasil já vínhamos fazendo nosso dever de casa desde o primeiro rumor, desde o primeiro caso suspeito. Preparamos nossa estrutura para fazer o diagnóstico. Temos quatro laboratórios hoje no Brasil com capacidade para isso”, disse Queiroga.

 

Os laboratórios prontos para o diagnóstico da doença, segundo o ministro, estão no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais; na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro; e no laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

“Desde o início começamos a fazer o diagnóstico e o acesso ao diagnóstico está disponível. Fizemos alertas para as secretarias estaduais de saúde e para as secretarias municipais. Os casos são identificados, são isolados”, acrescentou o ministro.

 

Queiroga lembrou da decisão do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, que declarou que a varíola dos macacos configura emergência de saúde pública internacional, e citou a ocorrência maior do vírus em homossexuais do sexo masculino. “E essa fala não é para estigmatizar ninguém. Apenas não se pode obscurecer que essa é uma realidade, mas outros públicos podem também ter essa doença. Enfim, vamos também aprender juntos como lidar com esse problema sanitário”.

 

O Brasil tem 696 casos confirmados até o momento. Destes, 506 são procedentes do estado de São Paulo, 102 do Rio de Janeiro, 33 de Minas Gerais, 13 do Distrito Federal, 11 do Paraná, 14 do Goiás, três na Bahia, dois do Ceará, três do Rio Grande do Sul, dois do Rio Grande do Norte, dois do Espírito Santo, três de Pernambuco, um de Mato Grosso do Sul e um de Santa Catarina.

 

Doença

 

A varíola dos macacos é causada por um vírus e transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode se dar por meio de abraço, beijo, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo infectado.

 

Não há tratamento específico, mas, de forma geral, os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões. O maior risco de agravamento acontece, em geral, para pessoas imunossuprimidas com HIV/AIDS, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade.

 

Sintomas

 

O paciente pode ter febre, dor no corpo e apresentar manchas, pápulas [pequenas lesões sólidas que aparecem na pele] que evoluem para vesículas [bolha contendo líquido no interior] até formar pústulas [bolinhas com pus] e crostas [formação a partir de líquido seroso, pus ou sangue seco].

 

Fonte: Agência Brasil - UOL