A Índia disse nesta quarta-feira (23) que encontrou cerca de 40 casos no país da variante do coronavírus delta, que carrega uma mutação que parece torná-la mais transmissível, e aconselhou os estados a aumentarem os testes que detectam a infecção pelo coronavírus. Ao menos 197 casos da mutação, que passou a ser chamada de delta plus, foram descobertos em 11 países.
Abaixo, está o que sabemos sobre a variante.
A variante, chamada de "delta plus" na Índia, foi relatada pela primeira vez em um boletim do Public Health England em 11 de junho.
Ela é uma sub-linhagem da variante delta, detectada pela primeira vez na Índia, que adquiriu a mutação da proteína spike chamada K417N, que também é encontrada na variante Beta identificada pela primeira vez na África do Sul.
Alguns cientistas temem que a mutação, juntamente com outras características existentes da variante Delta, possam torná-la mais transmissível.
"A mutação K417N tem sido considerada de interesse, pois está presente na variante Beta (linhagem B.1.351), que foi relatada como tendo propriedade de evasão imunológica (que inibe a resposta imunológica)", disse o ministério da saúde da Índia em um comunicado.
Shahid Jameel, um importante virologista indiano, disse que a K417N era conhecida por reduzir a eficácia de um coquetel de anticorpos monoclonais terapêuticos.
Até 16 de junho, pelo menos 197 casos de infecção pela delta plus foram descobertos em 11 países – Reino Unido (36), Canadá (1), Índia (8), Japão (15), Nepal (3), Polônia (9), Portugal (22) , Rússia (1), Suíça (18), Turquia (1), Estados Unidos (83).
A Índia disse nesta quarta-feira que cerca de 40 casos da variante foram observados nos estados de Maharashtra, Kerala e Madhya Pradesh, com "nenhum aumento significativo na prevalência". O caso mais antigo na Índia é de uma amostra coletada em 5 de abril.
O Reino Unido disse que seus primeiros 5 casos foram sequenciados em 26 de abril e eram contatos de pessoas que viajaram ou transitaram pelo Nepal e pela Turquia.
Nenhuma morte foi relatada entre os casos do Reino Unido e da Índia.
Estudos estão em andamento na Índia e em todo o mundo para testar a eficácia das vacinas contra essa mutação.
"A OMS está rastreando esta variante como parte da variante delta, assim como estamos fazendo para outras variantes de preocupação com mutações adicionais", disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) em um comunicado enviado à Reuters.
"No momento, esta variante não parece ser comum, e atualmente está respondendo por apenas uma pequena fração das sequências da delta ... A delta e outras variantes de preocupação circulantes permanecem como um maior risco para a saúde pública, pois demonstraram ser mais transmissíveis". disse.
Mas o Ministério da Saúde da Índia advertiu que as regiões onde a mutação foi encontrada "podem precisar melhorar sua resposta de saúde pública, concentrando-se na vigilância, em testes aprimorados, no rastreamento rápido de contato e na vacinação prioritária."
Há temores de que o delta plus inflija outra onda de infecções na Índia, depois que emergiu do pior surto de casos no mundo recentemente.
"A mutação em si pode não levar a uma terceira onda na Índia - que também depende do comportamento apropriado da Covid-19-, mas pode ser uma das razões", disse Tarun Bhatnagar, cientista do Conselho Indiano de Pesquisa Médica estatal.
*Reportagem de Shilpa Jamkhandikar em Pune, Bhargav Acharya e Ankur Banerjee em Bengaluru e Alistair Smout em Londres; Edição de Miyoung Kim e Giles Elgood.
Fonte: CNN Brasil