Polícia

Suspeito de matar policial militar se entrega à polícia e confessa crime





 (Foto: Rodrigo Indinho)

Kassio Mangas se entregou à polícia e confessou aautoria do crime, no entanto, não relatou detalhes. Emily Karine foi morta a tiros no fim da tarde de domingo em Macapá.

 

O soldado da Polícia Militar (PM), Kassio de Mangas dos Santos, principal suspeito da morte de sua companheira, a cabo da PM Emily Karine de Miranda Monteiro, de 29 anos, se entregou na Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) na manhã de terça-feira (14). Ele estava na companhia de seu advogado e foi recebido com protestos de familiares e amigos da vítima.

Kassio Mangas foi interrogado e teve sua prisão decretada, sendo encaminhado para o Centro de Custódia. De acordo com a titular da DCCM, Katiúcia do Amaral, mesmo ter passado o flagrante, de 48h, o soldado foi preso pelo fato da Justiça ter aceitado, na noite de segunda-feira (14) o pedido de detenção preventiva dele, que estava desaparecido desde o dia do crime, ocorrido no domingo (13).

A titular informou que durante o interrogatório, o suspeito confessou a autoria do crime, porém se negou a dar detalhes sobre o caso. Além disso, ele entregou a pistola 40, utilizada para efetuar os disparos contra a sua ex-companheira.

Ainda, em depoimento, ele não revelou sobre as motivações do crime e nem o período em que ficou foragido. Apenas informou que havia deixado o carro do casal no terminal rodoviário e teria pedido ajuda a seu irmão, mas omitindo o que havia acontecido.

Segundo ele, ficou em uma residência no bairro Ilha Mirim, onde pensou sobre a situação e sua intenção de entregar-se à polícia.

Kassio foi preso preventivamente pelo crime de feminicídio cometido contra Emily. Para a delegada, a crueldade, a motivação e a gravidade do crime cometido possibilitou a autorização do juiz para que o soldado fosse encaminhado para o presídio após interrogatório.

Antes de se entregar, o advogado de Kassio Mangas teria impetrado um habeas corpus na Justiça solicitando a garantia de que seu cliente não seria preso em flagrante, pelo fato de ele ter se entregado 48h após o crime. Além disso, ele solicitou a prisão do soldado na unidade da Polícia Militar (PM).

Até o fechamento desta matéria, o pedido ainda não havia sido avaliado pela Justiça. Ao sair do prédio, populares que acompanhavam o caso protestaram e tentaram agredir o acusado.

Entenda o caso

Na noite deste domingo, 12, Emily Karine de Miranda Monteiro, cabo da Polícia Militar, foi morta a tiros no bairro Pacoval, Zona Norte de Macapá. Segundo a família, o responsável pelo crime é o companheiro da vítima, Kassio Mangas, que também é cabo da corporação. Segundo levantamento, o suspeito não teria aceitado o fim da relação.

O crime aconteceu por volta da 18h22 na casa de Emily, localizada na Avenida Rio Grande do Norte. Segundo testemunhas, o suspeito teria entrado na residência, disparos foram ouvidos e ele saiu logo em seguida em um veículo de cor branca, de propriedade da vítima.

“Recebemos uma ligação e repassamos a informação para a viatura do Bombeiros, que foi ao local e socorreu a vítima, que estava sobre a cama, de bruços, com um tiro na cabeça, um no peito e um na coxa direita; ela foi levada ao Hospital de Emergências, mas momentos após foi a óbito”, informou a sargento Gisela, do Corpo de Bombeiros Militar (CBM/AP).

Familiares informaram que, mais cedo, o casal teria anunciado o fim do relacionamento e ambos “aparentavam” estar bem.

Investigação

A Polícia Civil apurou que a vítima e o suspeito namoravam e moravam juntos há cerca de 2 anos. Segundo o delegado Ronaldo Coelho, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa, responsável pela investigação, aponta que os tiros provavelmente foram efetuados por uma pistola 40. As cápsulas não foram encontradas no local do crime, o que, para o delegado, caracteriza como um crime premeditado.

O caso está sendo tratado como feminicídio, devido a possível não aceitação de Kassio sobre o fim do relacionamento. Por conta disso, o caso deverá ser encaminhado para a Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) de Macapá.

Na manhã de segunda-feira, 13, o veículo de Emily foi encontrado por populares no Terminal Rodoviário de Macapá. A Polícia Técnico-Científica foi ao local realizar perícia. Equipes do Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE) identificaram, previamente, a partir de imagens de sistema de monitoramento de um estabelecimento próximo ao terminal que o carro foi deixado ainda na noite de domingo.

Em 2014, Emily Karine participou, durante curso de formação de cabos da Polícia Militar, de uma simulação de episódio semelhante, onde foi protagonista e era assassinada pelo marido. “Trata-se de uma lastimável coincidência, porque a simulação teve basicamente o mesmo enredo, embora cenários diferentes. A trama se transforma em realidade e ela é barbaramente assassinada dessa forma”, lamentou uma vizinha da policial, que pediu para não ser identificada.

Redação