Política

Lula chama Bolsonaro de genocida e diz que combater covid é '3ª Guerra'





O ex-presidente Lula (PT) voltou a criticar a atuação do governo Bolsonaro frente à pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao jornal francês "Le Monde", Lula disse que o povo brasileiro "nunca" sofreu como agora, chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "genocida" e classificou o combate à covid-19 como a "3ª Guerra Mundial".

"Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida. É realmente muito triste", afirmou.

Ainda sobre o atual governo, Lula afirmou ainda que, com o surgimento de uma doença como a covid-19, um "comitê de crise" deveria ter criado reunindo o ministro da Saúde e cientistas para criar medidas de enfrentamento.

"O que nosso governo fez? A primeira coisa que disse foi que não acreditava na doença. Bolsonaro disse que era uma "gripezinha" e que, sendo militar, não pegaria. Ele inventou a história da cloroquina. Ele comprou milhões de doses de Donald Trump. Ele estava errado como uma criança que vai comprar chupeta pode estar errada. Ele desperdiçou milhões comprando este produto ineficaz. Hoje, ele continua a dizer que usar máscara é um sinal de covardia".

O ex-presidente apelou ainda para que os países do G20 e do G8 se reúnam para combater a pandemia. "Apelo ao Presidente Emmanuel Macron: chame o G20. Ligue para Joe BidenXi Jinping, Vladimir Putin e o resto! Estamos em guerra, é a terceira guerra mundial e o inimigo é muito perigoso! A vacina não deveria ser um produto de mercado como é hoje, mas se tornar um bem comum da humanidade", completou.

PT e eleições presidenciais

Na entrevista, Lula ainda falou sobre as eleições presidenciais de 2022 e sobre lideranças da esquerda. Sobre uma eventual candidatura — ele recuperou seus direitos políticos após a decisão provisória do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) de anular suas condenações na Operação Lava Jato —, ele repetiu o que vem dizendo nas entrevistas: "não sei".

"Em 2022, na época das eleições, terei 77. Se eu ainda estiver em grande forma, e for estabelecido um consenso entre os partidos progressistas deste país para que eu seja candidato, bem, não verei nenhum problema para estar! Mas eu já fui candidato, já fui presidente e cumpri dois mandatos. Também posso apoiar alguém em boa posição para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro governar mais este país", afirmou.

Ele reforçou que está aberto a alianças e, questionado sobre a falta de novas lideranças da esquerda, fez uma comparação com o futebol.

"Quanto tempo levou para a França produzir um Kylian Mbappé ou um Zidane? Muito tempo, não é! Política é a mesma coisa. Demorou pelo menos um século para que as esquerdas europeias produzissem um François Mitterrand ou um Willy Brandt. É longo! Mas lembro que o PT tem várias figuras importantes, que podem muito bem ser candidatas às eleições presidenciais. Este partido é produtor de talentos, desde a ex-presidente Dilma Rousseff ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad", afirmou.

 

Fonte: UOL