Economia

Dólar cai 0,21%, a R$ 5,442, com cautela após interferência na Petrobras





dólar comercial fechou hoje (23) em queda de 0,21% ante o real, cotado a R$ 5,442 na venda, em um dia de cautela entre os investidores.

Ontem (22), a moeda norte-americana teve alta de 1,27% ante o real, cotado a R$ 5,454 na venda, mas chegou a operar em alta de mais 2% com o mercado reagindo com preocupação à intervenção do governo Bolsonaro na Petrobras.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Os agentes do mercado ficaram mais aliviados depois dos ganhos do dólar, registrados na véspera, e da queda brusca na Bolsa, enquanto os operadores monitoravam com cautela os riscos políticos e fiscais do Brasil.

Ontem, o mercado contou com atuação do Banco Central para segurar a alta do dólar ante o real, movimento impulsionado pelo aumento do risco político depois de Bolsonaro intervir na direção da estatal e falar em mudanças em outras companhias e setores.

Bolsonaro anunciou na última sexta-feira que o governo decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras após o encerramento do mandato do atual CEO da companhia, Roberto Castello Branco.

Por isso, depois de um dia tenso nos mercados brasileiros, vários analistas citavam a permanência da cautela diante de um cenário ainda nebuloso.

"É nesta zona cinzenta de informação que o mercado não pode operar, pois ao sinalizar intervenção em uma empresa de capital aberto, sem cumprir todos os requisitos legais e formais para tanto, com viés de mudança de políticas internas, o governo age como se a empresa (Petrobras) fosse mais um ente governamental", opinou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em nota à Reuters.

"Tudo isso vem a reboque da demora da aprovação de um novo pacote de auxílio emergencial e atraso com a vacinação em nível nacional", completou.

Além disso, na segunda-feira, o relator da chamada PEC emergencial, senador Marcio Bittar (MDB-AC), apresentou parecer preliminar à proposta para permitir a concessão de um auxílio emergencial neste ano aos mais vulneráveis diante da crise do coronavírus.

Sem prever valores para a prorrogação do auxílio, o texto do relator obtido pela Reuters traz inovação negociada entre o governo e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para estabelecer uma "cláusula de calamidade", conferindo mais flexibilidade a despesas públicas voltadas ao combate de crises.

Já no exterior, os investidores ficavam atentos à inflação e aos rendimentos norte-americanos, enquanto aguardavam um discurso do presidente do FED (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell.

"Pressionados pela alta dos juros dos títulos do Tesouro americano, os pregões europeus e os índices futuros norte-americanos operam em baixa nesta manhã, ao passo que o dólar se fortalece ante a maioria das moedas", escreveram analistas do Bradesco.

Powell deve informar aos parlamentares norte-americanos uma atualização sobre a economia, que ainda está se recuperando da pandemia, mas pode se recuperar no final deste ano caso o programa de vacinação dos Estados Unidos ganhe força.

Fonte: UOL