Economia

Dólar opera em alta e Ibovespa cai para 112 mil pontos, puxado por Petrobras





A decisão do presidente Jair Bolsonaro de indicar o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, e suas falas sobre mudanças no setor elétrico injetaram uma dose extra de incertezas no mercado. Com isso, o dólar opera nesta segunda-feira (22) em alta, com investidores buscando ativos mais seguros.

Às 11h42, o dólar subia 2,59% para R$ 5,5215. 

Já o Ibovespa opera em queda de 5,07% para 112.512 pontos. 

Para Erminio Lucci, CEO da corretora BGC Liquidez, a credibilidade da agenda liberal vai ser seriamente questionada pelos agentes do mercado e econômicos com efeitos nos preços, não somente da Petrobras, mas nas diversas empresas estatais de capital aberto, assim como em outros ativos do país, como o real. "Infelizmente, estamos novamente, menos de cinco anos depois, tendo a credibilidade do país colocada em questionamento pelo capital global."

Nem mesmo o leilão de inha de rolagem parcial ajudou a aliviar o dólar com a venda de US$ 1,6 bilhão.  O diretor da Wagner Investimentos, José Raymundo Faria Júnior, diz que a intervenção do presidente Jair Bolsonaro na troca de comando da Petrobras e possivelmente mudanças em outras empresas públicas agravam a percepção dos investidores locais e estrangeiros sobre Brasil em um dia que seria de pressão aqui por causa da queda das Bolsas em Nova York com alta simultânea dos juros longos das Treasuries e do dólar ante pares emergentes do real.

Nesta segunda, o Bank of America (BofA) excluiu Petrobras e Eletrobras da carteira de investimentos e colocou Klabin, Cosan e Natura. Também cortou recomendação de compra de ações do Brasil no portfólio da América Latina.

Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, apesar de ter um impacto concentrado na Petrobras, a medida vai conduzir os demais ativos para uma correção de curto prazo.

"A nossa visão é que os investidores passam a exigir um maior retorno para compensar a elevação de risco e nível de volatilidade, [por isso] julgamos que dentro desta linha de raciocínio empresas mais alavancadas financeiramente e que possuem maior beta (medida de sensibilidade de um ativo) em relação ao Ibovespa devem liderar as perdas de curto prazo – como por exemplo: varejistas, aéreas, e por último o setor elétrico apesar de ser considerado resiliente e seguro poderá ser impacto por novas falas do presidente que 'vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema'”, escreveu o especialista.

Fonte: CNN Brasil