Política

Ex-secretários de Bolsonaro e parlamentares criticam intervenção na Petrobras





A decisão do presidente Jair Bolsonaro de intervir na Petrobras e trocar o comando da estatal provocou críticas de ex-integrantes de sua equipe econômica e de parlamentares.

Nesta sexta-feira (19), antes mesmo do anúncio oficial da substituição do presidente da companhia, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, o mercado já reagiu às ameaças feitas no dia anterior por Bolsonaro de que iria agir.

As ações preferenciais da petroleira (PETR4) caíram 6,12% e as ordinárias (PETR3), que têm direito a voto, encolheram 7,54%. Com isso, a Petrobras, que valia R$ 383 bilhões na quinta, fechou a sessão desta sexta valendo R$ 354,8 bilhões, de acordo com a Economática.

O empresário Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização do Ministério da Economia, classificou a intervenção de Bolsonaro na estatal como "lastimável". "Roberto [Castello Branco] é um profissional extremamente qualificado que tirou a empresa literalmente do fundo do poço após o maior escândalo de corrupção do planeta. Em seu lugar será nomeado mais um militar", afirmou no Twitter.

Mattar deixou a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, em agosto do ano passado principalmente pela lentidão da pauta de privatizações do governo federal. O empresário também destacou a queda nas ações da Petrobras:

Mattar também endossou críticas feitas pelo também ex-integrante da equipe econômica Paulo Uebel. Ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Uebel fez uma série de quatro tuítes dizendo que esta sexta foi um "dia muito triste para o Brasil" por conta da mudança na Petrobras.

Segundo ele, Castello Branco foi substituído por fazer o "trabalho certo: blindar uma empresa Estatal contra o uso político, contra o populismo". Uebel afirmou que as estatais não devem ser usadas para gerar votos e que isso viola os princípios da administração pública e contraria as boas práticas de governança.

"Nunca o governo Bolsonaro foi tão parecido com o Governo Dilma como hoje. Nesse momento, Guido Mantega faria absolutamente o mesmo que Paulo Guedes está fazendo. Essa similaridade deve arrepiar qualquer cidadão de bem!", disse.

Veja a publicação:

"Estelionato eleitoral"

Entre os parlamentares, a troca no comando da Petrobras foi criticada principalmente por integrantes da oposição e pelos defensores da agenda liberal tanto defendida por Bolsonaro na campanha eleitoral.

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Rodrigo de Castro (MG) afirmou que a mudança é uma sinalização ruim ao mercado e disse ser necessário "planejamento para construir uma solução sustentável para os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, preservando a Petrobras e os consumidores".

O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) avaliou que, se a indicação do general for confirmada, não vê mais motivo para Paulo Guedes permanecer no governo. "É muita desmoralização. Acabou o Dream Team liberal", tuitou. Já o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) defendeu que não adianta apenas trocar o comando da estatal, mas sim rever a política de preços de importação dos combustíveis.

Há mais de 25 anos nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse esperar que o novo presidente da Petrobras tome conhecimento e aja para suspender imediatamente a venda "absurda (e apressada)" de refinarias da estatal em várias regiões do país.

O parlamentar explicou que hoje o Brasil tem um modelo de cooperação entre refinarias e usinas de geração de energia. Com a série de privatizações planejadas, pondera, haverá uma fragmentação desse sistema, criando monopólios locais.

Fonte: Congresso em foco