Cotidiano

Acidente com Petroleiro alerta sobre possíveis acidentes ambientais no Amapá





 

Navio precisou ser inspecionado por autoridades marítimas após ficar encalhado no rio Amazonas.

 

Nesta terça-feira, 15, um navio com 50 milhões de litros de petróleo encalhou no Amapá. O acidente poderia ter causado uma tragédia ambiental no Rio Amazonas, alerta Praticagem do Amapá.

O petroleiro Wisby Atlântic, das Bahamas, com 183 metros de comprimento e 32 metros de largura, encalhou após colidir com um banco de areia na região da Ilha da Pedreira a 64 quilômetros de Macapá.

Um rebocador da Companhia Docas de Santana foi solicitado até o local, conseguindo desencalhar a parte da frente, ficando somente preso da metade para traseira do navio. Foi constatado que o navio estava no lado errado do canal.

Na quarta-feira, 16, com a maré cheia, o navio foi retirado do banco de areia e conduzido até a zona de Praticagem da Fazendinha para ser inspecionado por autoridades marítimas. 

O acidente despertou um alerta sobre o risco de acidentes com petroleiros no Rio Amazonas. Segundo Ricardo Falcão, vice-presidente mundial da Praticagem, um navio com o peso e dessa proporção mais o ritmo da maré poderia ter causado um rompimento na estrutura da embarcação, ocasionando o vazamento de óleo no rio.

“Com a velocidade de corrente que sobe e desce o rio em períodos de 5 a 7 horas, em cada sentido, um eventual derramamento de óleo pode contaminar a captação de água de Macapá, destruir a pesca de Afuá e contaminar diversos rios e igarapés", disse Falcão.

Vale ressaltar que o Rio Amazonas é o único do país onde não é obrigatório a presença de um prático, profissional responsável pelo controle e direcionamento dos rumos de uma embarcação quando esta está próxima à costa, ou em águas interiores desconhecidas onde não há conhecimento do comandante.

Exploração de Petróleo

Em 2013, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, leiloou 14 blocos para exploração de petróleo na Bacia da foz do Rio Amazonas, que compreende a costa marítima do Amapá. A empresa estrangeira Total ganhou a concessão para explorar petróleo, contudo, precisa apresentar um estudo dos impactos ambientais que a exploração pode causar naquela região

Em abril de 2006, pesquisadores em missões cientificas pela região descobriram os corais da Amazônia. Os recifes cobrem um espaço maior que o estado do Rio de Janeiro, habitando mais de 40 espécies de corais, 60 de esponjas, 70 espécies de peixes, lagostas, estrelas-do-mar. A região também é refúgio de peixes que já desapareceram da costa brasileira.

Além disso, municípios como Amapá, Calçoene e Oiapoque terão suas costas marítimas afetadas pela exploração de petróleo e não receberão compensações ambientais e sociais por causa de os blocos estarem em alto mar. Exceto em caso de vazamentos de óleo.

No ano passado, o Ministério Público Federal do Amapá, encaminhou uma recomendação para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pedindo a suspensão da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

O governo brasileiro solicita da empresa ganhadora estudos que comprovem os impactos ambientais que podem surgir durante a exploração do produto.

 Thales Lima