A eleição para presidente da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (1º), marca um embate entre o candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual deputado no cargo, e o de Jair Bolsonaro (sem partido).
Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente, são os favoritos numa disputa que ainda tem Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Marcel van Hattem (Novo-RS). A decisão pode acontecer em um provável segundo turno.
Não é a primeira vez que Bolsonaro enfrenta Maia. Em 2017, se lançou contra o deputado do DEM, perdendo por ampla margem.
Ao todo, foram quatro vezes em que Bolsonaro se registrou como candidato à chefia da Casa. Sempre ficou no último lugar entre os concorrentes. Somente em 2010, conseguiu ultrapassar o número de votos em branco e nulos.
Na sua estreia na disputa, em 2005, Bolsonaro (então no PFL) cumpria seu terceiro mandato. Um racha no PT fez com que o Parlamento elegesse Severino Cavalcanti (PP-PE), expressão máxima do chamado "baixo clero" da Casa. O grupo é formado por políticos de pouca expressão e muito fisiologismo, que negociam votos por cargos e verbas de emendas.
Foi uma das maiores derrotas políticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional, durante seus oito anos de mandato.
O candidato governista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) teve 207 votos, Severino Cavalcanti fez 124 votos, o candidato dissidente do PT Virgilio Guimarães (PT-MG) teve 117 votos, José Carlos Aleluia (PFL-BA) contou com 53 votos. Bolsonaro teve só dois votos. Três votaram em branco e quatro anularam.
A disputa foi para o segundo turno, quando Greenhalgh perdeu votos, fazendo 195. Severino Cavalcanti foi eleito com 300 votos dos 498 deputados.
Sete meses depois, Cavalcanti foi acusado de corrupção, ameaçado de cassação e renunciou ao mandato.
O candidato do governo foi Aldo Rebelo (PCdoB-SP). A oposição lançou José Thomaz Nonô (PFL-AL). Eles ficaram empatados, com 182 votos. Bolsonaro registrou-se na disputa, mas não teve nenhum voto, nem mesmo o dele.
No segundo turno, Rebelo, com 258 votos, vence Nonô, que teve 243 votos.
Marco Maia (PT-RS) ocupava a Presidência da Câmara desde meados de 2010, quando substituiu Michel Temer (PMDB-SP), que saiu da Casa para assumir a vice-presidência da República, no mandato de Dilma Rousseff (PT).
No início de 2011, seu nome era o único colocado. Alguns dias antes da eleição, porém, se lançaram Sandro Mabel (PR-GO), como candidato independente, Bolsonaro (PP-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
Marco Maia foi eleito com 375 dos 513 votos da casa. Mabel recebeu 106 votos, Alencar teve 16 votos e Bolsonaro, nove, seu recorde. Foram três votos em branco e três nulos.
Jair Bolsonaro não teve voto do filho! Troca de mensagem entre os deputados Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo...
Publicado por Lula Marques em Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Em 2017, Bolsonaro (então no PSC) teve quatro votos. Poderia ter tido mais um, mas seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) estava em viagem ao exterior e não participou da eleição. Recebeu uma bronca, flagrada pelo fotógrafo Lula Marques.
Em mensagem pelo celular, Bolsonaro diz: "Papel de filho da puta que você está fazendo comigo. Tens moral para falar do Renan [Jair Renan,outro filho de Bolsonaro, meio-irmão de Eduardo]. Irresponsável. Mais ainda, compre merdas por ai. Não vou te visitar na Papuda. Se a imprensa te descobrir ai, e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu. Retorne imediatamente".
Eduardo responde: "Quer me dar esporro tudo bem. Vacilo foi meu. Achei que a eleição só fosse semana que vem. Me comparar com o merda do seu filho [Jair Renan], calma lá".
Após a divulgação da conversa, Bolsonaro e Eduardo divulgam um vídeo juntos criticando a imprensa e falando em invasão de privacidade.
Eles justificam a citação à Papuda, prisão em Brasília, dizendo que Eduardo estava na Austrália e tinha prometido comprar um fuzil para o pai.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) teve 293 votos, seguido por Jovair Arantes (PTB-GO), com 105, André Figueiredo (PDT-CE), com 59, Júlio Delgado (PSB-MG), com 28, e Luiza Erundina (PSOL-SP), com dez.
Fonte: UOL