Cotidiano

MP pede que secretário de saúde que 'furou fila' para tomar vacina da Covid-19 seja afastado no AP





Fonte: G1 Amapá

Randolph Pinheiro da Silva justificou que é da linha de frente no combate à doença no município de Serra do Navio. Ação pede ainda retratação pública e multa de R$ 50 mil.

Ação conjunta dos ministérios públicos Federal e Estadual do Amapá pedem o afastamento e retratação pública do secretário de saúde de Serra do Navio, Randolph Antônio Pinheiro da Silva. Ele responde por improbidade administrativa por ter usado o cargo para tomar a vacina contra a Covid

O secretário recebeu a dose em 19 de janeiro, um dos primeiros no município. Pelas redes sociais, ele chegou a contestar eficiência da CoronaVac em outubro e em dezembro de 2020. 

O pedido de afastamento, que aguarda decisão da Justiça, também se estende para a esposa de Randolph, Regiane Gurgel, a única assistente social de Serra do Navio a ser vacinada. 

G1 tenta contato com a prefeitura de Serra de Navio, que fica a 213 quilômetros da capital.

Em 19 de janeiro, o secretário recebeu uma das 89 destinadas pelo município e publicou vídeos de sua imunização em redes sociais. Em outubro e em dezembro de 2020, também em redes sociais, Silva contestou a eficiência do imunizante 

Nesta primeira etapa da vacinação, conforme os planos Estadual e Nacional de Imunização, só podem ser vacinados profissionais de saúde da linha de frente de combate à Covid-19, indígenas e idosos que estão em instituições de repouso e asilos. 

Junto com os pedidos de afastamento e retratação pública, a ação exige ainda que Randolph e Regiane paguem multa de R$ 50 mil pelo dano moral à comunidade, além de terem as imagens desvinculadas da campanha de vacinação na cidade. 

"É pedido, ainda, que eles sejam compelidos a fazer retratação pública, reconhecendo a ilicitude de seus atos e enfatizando a importância de a população respeitar a ordem oficialmente estabelecida. Os MPs frisam que ocupar um cargo na pasta da saúde não confere a nenhum cidadão a qualificação de profissional atuante na linha de frente ao combate ao novo coronavírus", reforça o MPF. 

À Rede Amazônica, afiliada da TV Globo no Amapá, Randolph disse, por telefone, que toda a equipe de frente do combate à Covid-19 foi vacinada e que tomou a vacina porque se considera linha de frente. 

Em relação à mulher dele também ter se imunizado, Randolph explicou que ela é assistente social, pós-graduada em saúde da criança e que trabalha na prefeitura na equipe de saúde que atende pacientes com Covid-19. 

Randolph atua no cargo desde o início da pandemia da Covid-19. Pelas redes sociais, ela informou que é do grupo de risco por ser bariátrico, cardíaco, e em novembro de 2020 ele escreveu que testou positivo para a Covid-19, mas que foi assintomático no período em que ficou infectado com o novo coronavírus. 

Também foi pela internet que ele questionou a eficácia da vacina CoronaVac, produzida em laboratório na China. 

Em outubro de 2020, Scooth compartilhou uma publicação que comentava que os chineses não tomaram a vacina, mas que eles queriam que os brasileiros tomassem, e escreveu "Vacina da China deixa eles tomarem.... Esse povo não mandou nada que preste para o mundo". No entanto, os chineses foram imunizados com a CoronaVac. 

Em outro post, no dia 30 de dezembro de 2020, ele escreveu: "Envenena o povo e vende a vacina. Da pra acreditar?", se referindo à China, onde foi confirmado o primeiro caso de Covid-19, decorrente do SARS-CoV-2, o novo coronavírus. 

Sobre as postagens declarou que depois que a vacina foi aprovada pela Anvisa e de ele ter recebido recomendações médicas, mudou de opinião no que diz respeito às críticas que havia feito ao imunizante.