Cotidiano

Costa do Amapá: Recife de Corais da Amazônia tem mais de 56 mil km²





 

A área é uma das regiões a serem exploradas para retirada de petróleo, pensando nos danos que isto pode causar ao bioma natural, o MPF-AP recomendou que Ibama negue licença para exploração.

 

A descoberta de um recife de Corais da Amazônia entre o estado do Amapá e Pará tem chamado a atenção de pesquisadores e cientistas do Brasil e mundo afora. Apesar de recente, o novo bioma natural já está sendo ameaçado, isso porquê a área onde está localizado é uma das regiões a serem exploradas para a retirada de petróleo.

Em uma decadência de polêmicas sobre a exploração de petróleo entre a Costa do Amapá e Pará, pesquisadores e cientistas aprofundaram seus estudos sobre o recife de corais. Recentemente, eles descobriram que o bioma está escondidos no fundo do Oceano Atlântico em uma área que poderá ser liberada para a exploração de petróleo.

No local, pesquisadores estimaram que os corais da Amazônia ocupam uma área de aproximadamente 56 mil quilômetros quadrados, equivalente ao tamanho do estado do Rio de Janeiro. Sendo considerado o maior recife do Brasil e um dos maiores do mundo.

No entanto, na segunda-feira (23) foi confirmado que os Corais da Amazônia são quase seis vezes maior que o estimado, compreendendo uma área de 56 mil km². Segundo os pesquisadores, eles formam um corredor de biodiversidade entre o Oceano Atlântico e o mar do Caribe, com espécies de fauna de ambas as regiões.

Somente no setor norte do recife, a 135 quilômetros da costa do Oiapoque foram encontrados peixes, corais-negro, corais-mole e uma rica variedade de esponja. O local recebe a maior influência das águas repletas de sedimentos do rio Amazonas. No entanto, esta área é ameaçada, pois nas suas proximidades estão os blocos que as petrolíferas querem explorar.

Após ter conhecimento de corais na região, o Ministério Público Federal (MPF) no Amapá recomendou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que negue a licença para a empresa. No documento, o órgão ressalta que a liberação de atividades petrolíferas, sem estudo adequado na região, pode resultar na destruição em larga escala do meio ambiente.

Riscos de atingir corais

Segundo os pesquisadores, as informações devem ser repassadas para evitar um dano ambiental no local, tendo em vista, a exploração de petróleo. "Além disso, esse petróleo chega mais perto da costa e dos rios brasileiros na Amazônia, região com um dos maiores mangues do planeta. Estamos falando de uma ameaça a diversas populações de pescadores, extrativistas, ribeirinhos e povos indígenas”, disse Fabiano Thompson, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também a bordo do navio.

O Estudo de Impacto Ambiental nas áreas disponíveis para a exploração de petróleo apontou que existe 30% de chance de que o óleo atinja os Corais da Amazônia, que já e considerado por cientistas como um novo bioma da região. A evidência foi encontrada por cientistas do Greenpeace, ao analisarem pesquisas produzidas pela empresa Total.

Para Thiago Almeida, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, as empresas não se importam com os impactos ambientais.

“As empresas estão dispostas a arriscar um derramamento de óleo pela busca por combustíveis fósseis. A queima desses combustíveis irá agravar as mudanças climáticas, que já afetam milhares de pessoas ao redor do mundo (...). Investir em um setor que está fadado ao declínio é lamentável. Mas, arriscar o bem-estar de um tesouro natural que mal conhecemos é imperdoável” diz.

 Redação