Saúde

OMS: Festas terão repercussão e situação vai piorar antes de melhorar





A diretora técnica da OMS (Organização Mundial da Saúde), Maria van Kerkkove, alertou que a situação em alguns países vai piorar antes de melhorar e aponta que as festas de final de ano terão repercussões nos números da pandemia da covid-19 nas próximas semanas. Para a entidade, os próximos três a seis meses serão "duros".

"Estamos vendo pessoas fazendo viagens que não eram necessárias", disse a americana, nesta quarta-feira em Genebra. "Esse não é o momento. Estamos próximos do final. Mas precisamos ficar focados. Qualquer coisa que fizermos, adia o final dessa pandemia. Fique em casa o máximo possível", apelou a diretora.

Para ela, nos segmentos mais privilegiados da sociedade, esse é o momento de manter compras online. "Isso ajuda os profissionais de saúde que precisam sair todos os dias. As coisas que não precisamos fazer agora têm impacto para todos", insistiu.

"Os números em alguns países dão medo", admitiu a diretora, sem fazer referências a governos específicos.

Para Maria, as festas de final de ano significaram que famílias e pessoas tiveram um número maior de contato com outras pessoas, o que facilitará a transmissão do vírus. Na avaliação da diretora, os impactos serão sentidos. "Já começamos a ver e iremos ver mais nas próximas semanas", disse.

"Veremos situações piorarem em países antes de melhorar", alertou. "A pandemia não acabou. Estamos na luta de nossas vidas."

Nos últimos dias, países como Reino Unido, Portugal e Alemanha registraram números inéditos de novas contaminações, assim como um recorde de hospitalização nos Estados Unidos.

Mike Ryan, diretor de operações da OMS, fez questão de admitir que o cenário que todos queriam evitar se confirmou. "Alguns países vão para o terceiro lockdown e escolas fechadas, o que queríamos ter evitado", disse.

Ryan indicou que a vacina é uma esperança e que o produto estará cada vez mais acessível. "Mas, enquanto isso, estamos na luta contra o vírus", disse. "Teremos de três a seis meses que serão muito duros diante de nós", alertou.

O diretor apontou que entra em 2021 com "realismo". "Não é fácil. Mas não temos outra opção. A cavalaria está chegando. Ela é a vacina. Mas ainda não chegou", apontou.

Conspiração

A OMS ainda atacou "grupos políticos e ideológicos" que têm usado as redes sociais desde o começo da pandemia para difundir teorias da conspiração sobre a doença e sobre tratamentos. "Esse é um vírus que mata. O que não precisamos é de teorias da conspiração e que reforçam a ideia de que isso que estamos vivendo não é uma situação real", disse Ryan.

"Que mundo queremos? De respeito ou de ódio. Temos de nos perguntar o que queremos das redes sociais", criticou. "Não vamos deixar os haters destruir essa plataforma", disse.

Uma das recomendações da OMS é de que famílias reduzam sua exposição às redes sociais ou noticiário de forma constante em relação à pandemia e que verifiquem as fontes das informações que estão consumindo.

Isolamento é responsabilidade, diz OMS

No que está sendo chamado de "reta final" da pandemia, a OMS ainda insiste que governos devem ampliar mecanismos de ajuda para pessoas que tenham de ser isoladas por terem tido contato com doentes da covid-19. "Isso é uma questão de responsabilidade social. É um presente para sua família, comunidade e ao mundo", disse Ryan.

"A questão não é apenas evitar aglomerações. Mas também evitar contatos. Essa foi uma das principais falhas no combate à pandemia. Para muitas pessoas, manter o isolamento é muito difícil e pedimos que governos ajudem nisso", pediu.

De acordo com Maria van Kerkhove, a orientação é para que pessoas contaminadas e que não apresentem sintomas fortes sejam isoladas dentro de casa e que possam ter um banheiro apenas para elas. O contato deve se limitar a uma pessoa só, de preferência um jovem e sempre com máscara. Se tal cenário não for possível, a OMS pede que a pessoa contaminada se mantenha o mais distante possível dos demais membros da família, que superfícies sejam limpas com frequência e que possam lavar as mãos com regularidade.

Variantes

A OMS ainda voltou a apontar que a nova variante do vírus é um obstáculo extra para lidar com a pandemia. Mas indicou que as mutações identificadas no Reino Unido e África do Sul não são "fundamentalmente diferentes" do vírus original.

A mudança significa que a nova variante tem uma capacidade mais de transmissão, o que exigirá de governos e sociedade "redobrar esforços". "Não é uma boa notícia. Mas não é catastrófico. Ainda temos medidas para enfrentar isso", completou Maria van Kerkhove.

Fonte: UOL