Estima-se que corais encontrados ocupem uma área de aproximadamente 56 mil quilômetros quadrados, equivalente ao tamanho do estado do Rio de Janeiro. Um estudo apontou que existe 30% de chance de que o óleo extraído durante exploração atinja os corais da Amazônia.
Pesquisadores brasileiros localizaram corais da Amazônia, escondidos no fundo do Oceano Atlântico, em uma área que poderá ser liberada para a exploração de petróleo. A descoberta foi feita durante missão científica, em busca de evidências do bioma.
De acordo com os pesquisadores, os corais da Amazônia estão localizados entre 70 a 220 metros de profundidade na costa ao longo dos estados de maranhão, Pará e Amapá. O local é alvo de exploração de petróleo, onde a empresa francesa Total aguarda apenas a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar a extração do produto.
No local, pesquisadores estimaram que os corais da Amazônia ocupam uma área de aproximadamente 56 mil quilômetros quadrados, equivalente ao tamanho do estado do Rio de Janeiro. Sendo considerado o maior recife do Brasil e um dos maiores do mundo.
Segundo eles, esta foi a primeira vez que tiveram imagens exclusivas do bioma, onde identificaram mais de 40 espécies de corais, 60 de esponjas, 70 espécies de peixes, lagostas, estrelas-do-mar e entre outros. De acordo com os pesquisadores, a região é refúgio de peixes que já desapareceram da costa brasileira, como o mero.
A descoberta será publicada em um artigo cientifico nas próximas semanas. A expedição, que exigiu mais de um ano de planejamento, se estende até em maio.
Riscos de atingir corais
Segundo os pesquisadores, as informações devem ser repassadas para evitar um dano ambiental no local, tendo em vista, a exploração de petróleo. "Além disso, esse petróleo chega mais perto da costa e dos rios brasileiros na Amazônia, região com um dos maiores mangues do planeta. Estamos falando de uma ameaça a diversas populações de pescadores, extrativistas, ribeirinhos e povos indígenas”, disse Fabiano Thompson, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também a bordo do navio.
O Estudo de Impacto Ambiental nas áreas disponíveis para a exploração de petróleo apontou que existe 30% de chance de que o óleo atinja os Corais da Amazônia, que já e considerado por cientistas como um novo bioma da região. A evidência foi encontrada por cientistas do Greenpeace, ao analisarem pesquisas produzidas pela empresa Total.
Para Thiago Almeida, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, as empresas não se importam com os impactos ambientais.
“As empresas estão dispostas a arriscar um derramamento de óleo pela busca por combustíveis fósseis. A queima desses combustíveis irá agravar as mudanças climáticas, que já afetam milhares de pessoas ao redor do mundo (...). Investir em um setor que está fadado ao declínio é lamentável. Mas, arriscar o bem-estar de um tesouro natural que mal conhecemos é imperdoável” diz.
Pedido de exploração recusado
Em agosto de 2017, o Ibama anunciou que mais uma vez um estudo da empresa Total, sobre exploração de petróleo nas áreas da costa do Amapá, foi reprovado. A negativa foi a respeito de inconsistências no estudo sobre os impactos ambientais no local.
Em documento emitido e divulgado pelo portal do Ibama, a presidente do órgão, Suely Araújo, destacou alguns problemas de impactos ambientais que precisam ser mais trabalhados, para que desta forma a exploração não prejudique a natureza.
Dentre as necessidades que deveriam ser feitas pela empresa, o Ibama reprovou várias, como Projeto de Caracterização e Monitoramento do Nível de Ruídos, Projeto de Monitoramento de Praias, Projeto de Caracterização de Avifauna em Ambiente Costeiro, Projeto de Levantamento Aéreo de Mamíferos Marinhos e Projeto de Monitoramento Ambiental (PMA).
A organização de análise ainda disse que a ação da empresa já editou três vezes o texto do pedido, e todas as vezes tiveram reprovações. Caso a negativa volte a acontecer, o pedido poderá sofrer consequências.
O processo de licenciamento para exploração de petróleo no local pela francesa Total e a britânica BP estão em suas etapas finais. O Ibama informou que o processo conduzido pela Total está em estágio mais próximo de decisão.
Redação