Política

Bolsonaro critica legalização do aborto na Argentina





A Constituição determina, em seu artigo 4º, que a política externa do Brasil deve se reger pelos princípios da autodeterminação dos povos e da não-intervenção

O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para criticar hoje a aprovação pelo Congresso argentino do projeto de lei que legaliza o aborto no país.

 

“Lamento profundamente pelas vidas das crianças argentinas, agora sujeitas a serem ceifadas no ventre de suas mães com anuência do Estado”, escreveu ele. “No que depender de mim e do meu governo, o aborto jamais será aprovado em nosso solo. Lutaremos sempre para proteger a vida dos inocentes!”

Antes dele, o chanceler Ernesto Araújo já havia criticado hoje a decisão do país vizinho, ironizando o título de uma reportagem do “El País” que afirma que com a medida a Argentina está “na vanguarda dos direitos sociais na América Latina”.

 

“O Brasil permanecerá na vanguarda do direito à vida e na defesa dos indefesos, não importa quantos países legalizem a barbárie do aborto indiscriminado, disfarçado de ‘saúde reprodutiva’ ou ‘direitos sociais’ ou como quer que seja”, escreveu o ministro das Relações Exteriores.

A Constituição determina, em seu artigo 4º, que a política externa do Brasil deve se reger pelos princípios da autodeterminação dos povos e da não-intervenção. Esse dispositivo foi reproduzido ao longo da tarde em diversas reações ao tuíte de Araújo.

 

Com as críticas, porém, Bolsonaro fala a uma parte do núcleo duro do seu eleitorado conservador, que tem como uma das principais pautas o combate a medidas como a legalização do aborto e da maconha, cujo plantio doméstico para uso medicinal também foi autorizado pela Argentina neste ano.

 

Ao atacar a Argentina, Bolsonaro mantém o clima de polarização com a esquerda, algo que também agrada o seu eleitorado mais radical. O país é governado pelo peronista Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner.

Bolsonaro sempre deixou claro que não gostou da eleição de Fernández da Argentina e se recusou a cumprimentá-lo. Já o argentino tem evitado rebater as falas do brasileiro e tem buscado manter com ele uma relação cordial.

 

Fonte: Valor Globo