Política

Putin parabeniza Biden e deixa Bolsonaro ainda mais isolado ao não reconhecer resultado nos EUA





Presidente brasileiro mantém silêncio que contrasta com lideranças mundiais que felicitaram vitória do democrata

"Putin desejou todo o sucesso ao presidente eleito e expressou confiança de que a Rússia e os EUA, que têm uma responsabilidade especial pela segurança e estabilidade globais, poderiam, apesar de suas diferenças, realmente ajudar a resolver os muitos problemas e desafios que o mundo enfrenta" disse o Kremlin em um comunicado.

Embora a maior parte das lideranças mundiais tenha parabenizado Biden assim que as projeções da imprensa americana o projetaram como vencedor das eleições, o Kremlin disse que esperaria pelos resultados oficiais do pleito antes de comentar o resultado.

"De minha parte, estou pronto para interação e contato com você", disse o presidente russo nesta terça.
Agora, o minúsculo grupo de líderes que não felicitaram Biden pela vitória tem apenas dois nomes —o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o mexicano Andrés Manuel López Obrador.

Segundo assessores de Bolsonaro, a expectativa era a de que ele ficaria em silêncio sobre a eleição até a oficialização do resultado, ocorrida nesta segunda-feira (14).

O líder brasileiro não só disse ter torcido por Donald Trump como endossou recentemente as acusações do atual presidente americano de que as eleições foram fraudadas.

“Tenho minhas fontes [que dizem] que realmente teve muita fraude lá. Isso ninguém discute. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei”, disse Bolsonaro, depois de votar no segundo turno das eleições municipais no Rio de Janeiro.

Embora Trump tenha sustentado, sem apresentar provas, o discurso de que a vitória de Biden se deu por meio de uma série de irregularidades, a campanha republicana teve uma sequência de derrotas ao tentar levar a disputa para o âmbito jurídico.

A maior e mais recente ocorreu na última sexta-feira (11), quando a Suprema Corte dos EUA encerrou um processo movido pelo Texas, com apoio de Trump, para desconsiderar os resultados das eleições em quatro estados vencidos por Biden —Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.

Em uma decisão curta, a mais alta instância da Justiça americana afirmou que o Texas não tinha legitimidade para prosseguir com o caso, dizendo que o estado "não demonstrou um interesse judicialmente reconhecível na maneira como outro estado conduz suas eleições".

O prazo legal para resolver queixas sobre a apuração dos votos terminou nesta segunda-feira justamente com o envio dos votos dos delegados do Colégio Eleitoral a Washington.

Os delegados que formam o colegiado se reuniram em seus respectivos estados e deram mais um passo em direção à oficialização de Biden como o 46º presidente dos EUA. O democrata somou, ao todo, 306 votos, marca superior aos 270 necessários para garantir a vitória, contra 232 de Trump.

Os resultados certificados nesta segunda serão enviados ao Congresso, que fará a contagem das cédulas em 6 de janeiro, numa sessão conjunta entre Câmara e Senado e presidida pelo atual vice-presidente do país, Mike Pence.Somente então Biden é declarado oficialmente eleito e segue para a posse, marcada para 20 de janeiro.

“Nós, o povo, votamos. A fé em nossas instituições foi mantida. A integridade de nossas eleições permanece intacta. E agora é hora de virar a página. Para unir e curar. Como eu disse nesta campanha, serei um presidente de todos os americanos", disse Biden, em pronunciamento à nação após o fim da votação no Colégio Eleitoral.

Fonte: Folha de São Paulo