Cotidiano

Geradores são acionados, mas população segue no escuro





dente Jair Bolsonaro esteve no estado neste sábado (21) para acionar equipamentos termoelétricos para restabelecer 100% da energia de forma gradual. Crise já dura 19 dias.

O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) esteve no Amapá neste sábado (21) para ligar os geradores termoelétricos contratados para restabelecer a eletricidade no estado. A expectativa era que o ato determinasse o fim ou minimizasse o racionamento de energia, mas não foi o que se viu em Macapá. Bairros de todas as zonas têm relatos da falta do serviço.

O Amapá já sofreu dois blecautes totais; um no dia 3, que levou 4 dias para o fornecimento ser retomado parcialmente e outro na terça-feira (17), ajustado em cerca de 5 horas. Há investigações abertas em órgãos federais e estaduais para explicar as causas. Ao todo, são 19 dias de crise energética. 

O governo federal havia anunciado que 100% do estado teria energia com os geradores termoelétricos neste sábado, mas agora o discurso foi de que esse é o início do restabelecimento completo. Todo o Amapá só deve ter eletricidade na quinta-feira (26), com a instalação de um novo transformador na principal subestação do estado.

Os equipamentos, contratados para suprir a necessidade de consumo do estado, mesmo que provisoriamente, com a ativação de 45 megawatts de energia, foram montados na subestação Santa Rita, na capital Macapá, e outra no município vizinho, Santana. 

Neste sábado foram ligados só 20 megawatts dos 45 contratados. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o restante entrará em operação no domingo (22). 

No bairro Alvorada, na Zona Oeste, horas depois de Bolsonaro deixar a capital, a escuridão ainda era presente. O sentimento era de frustração na casa da estudante Fernanda Brito, de 24 anos, onde a família ainda estava dependendo da luz de velas. 

"Aqui na minha casa continua sem energia elétrica mesmo depois do presidente acionar esse botão. Eu moro no Alvorada, próximo da subestação onde o presidente estava alguns minutos atrás e estamos à luz de velas ainda", disse.

A enfermeira Eloísa Balieiro, de 35 anos, contou que não viu muita diferença na situação da energia elétrica após o acionamento. Segundo a moradora, a oscilação do serviço está mantida e os prejuízos continuam. 

"Desde de manhã a nossa energia está oscilando. Hoje o presidente do Brasil veio aqui [em Macapá] só que não vi, ainda tá oscilando. Já temos eletrodoméstico queimado, perdemos tudo e ainda estamos sem coragem de comprar alguma coisa duradoura. Só estamos comprando as refeições do dia", relatou. 

Essa foi a primeira visita de Bolsonaro ao Amapá após os dois blecautes. A comitiva que o acompanhou foi composta pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general da reserva Augusto Heleno; pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM/AP); pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT); e outras autoridades.

Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Foi necessário manter novos hábitos em casa e no trabalho, até mesmo porque o cronograma nem sempre era cumprido. 

Muitos moradores ficaram temerosos com a perda de eletrônicos com os desligamentos e retomadas da luz em horários fora do rodízio. Dormir também foi um privilégio. 

Os 44 geradores movidos à combustível podem garantir o retorno total do serviço de forma gradual, que deve ser normalizado completamente só na quinta-feira (26), segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. 

Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu. Em seguida, a CEA prometeu acabar com o rodízio e retomar a distribuição completa em 26 de novembro.

A distribuidora de energia, chamada Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), já informou que não garante o restabelecimento de 100% de imediato do serviço e adiantou que o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico: das 14h às 16h e de 22h até 1h30. 

Os geradores termoelétricos vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes. 

A Justiça Federal definiu que a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) — responsável pela Subestação Macapá, ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que pegou fogo no dia 3 de novembro — tem até o dia 25 de novembro para realizar a "completa solução" do problema

 

Subestação em Macapá onde aconteceu incêndio — Foto: Wesley Abreu/Rede Amazônica 

 

Na Subestação Macapá, há somente um transformador funcionando. Para garantir energia para todo o estado é necessária a instalação de um segundo, que deve ser energizado até o dia 26 de novembro. E ainda, para operar com segurança de reserva de energia, o estado recebe um terceiro transformador enviado de Boa Vista, que deve chegar em dezembro. 

O segundo equipamento, que estava em Laranjal do Jari, no Sul do estado, chegou em Macapá na quarta-feira (18), após uma grande operação para o transporte, já que ele pesa cerca de 200 toneladas. Foram mais de 30 horas de viagem de balsa.

Fonte: G1