Política

Bolsonaro diz que governos anteriores não tinham bom relacionamento com EUA





A apoiadores na manhã desta quarta-feira (4), Jair Bolsonaro voltou a reforçar apoio à reeleição do atual presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, e argumentou que governos anteriores não tinham “bom relacionamento” com os Estados Unidos.

“Vocês sabem a minha posição. É clara, isso não é interferência, tenho uma boa política com o Trump, espero que ele seja reeleito, espero né”, iniciou ele. “E esse bom relacionamento, coisa que não havia em governos anteriores, tirando o Temer, em governos anteriores não havia esse bom relacionamento, e tem gente incomodada com isso. Acham que eu devia ser inimigo dos Estados Unidos ou criticar o governo americano e elogiar a Venezuela, Cuba, e outros países que não têm nada de exemplo para nós aqui na América do Sul.”

A fala de Bolsonaro contraria as boas relações mantidas por outros governos. Fernando Henrique Cardoso se relacionava bem com o democrata Bill Clinton. Matéria da Folha de S. Paulo, de 2004, aponta que em sua autobiografia intitulada "Minha Vida", o democrata diz que FHC foi "um dos mais impressionantes líderes" que já encontrou. E que era "um líder moderno e eficiente que desejava um bom relacionamento com os EUA".

Por sua vez, Lula buscou uma aproximação pragmática do republicano George W. Bush, apesar de visões ideológicas antagônicas. Em 2019, a BBC Brasilchamou a atenção para o fato de o republicano exibir na entrada do edifício que abriga seu instituto, em Dallas, dois objetos associados à relação próxima que construiu com o ex-presidente Lula. O petista também manteve bom relacionamento com Barack Obama, que o chamou de “o cara”, em uma reunião do G20, em 2009.

Dilma Rousseff teve atritos com o governo americano depois de um escândalo de espionagem do país americano, mas a relação foi restabelecida por iniciativa do então vice-presidente, o atual candidato à presidência pelo partido Democrata, Joe Biden.

O bom relacionamento é também questionado por diplomatas, que contestam a falta de reciprocidade entre as duas nações. Um exemplo é a medida tomada em 2019 pelo governo brasileiro que extinguiu a necessidade de visto para turistas americanos entrarem no Brasil. Trump, por outro lado, não anunciou qualquer mudança sobre as ações contra imigrantes brasileiros que estejam de maneira clandestina nos Estados Unidos.

Amazônia

Bolsonaro também voltou a criticar falas de Biden sobre a Amazônia. No primeiro debate americano, Biden defendeu uma coalizão internacional para transferir US$ 20 bilhões ao Brasil para garantir ações de preservação da Amazônia. “O candidato Democrata, em duas oportunidades, falou sobra a Amazônia. É isso que vocês tão querendo para o Brasil? Aí sim uma interferência de fora para dentro”, disse Bolsonaro a apoiadores.

Biden afirmou que poderá impor sanções ao governo brasileiro caso a política ambiental não seja revista. “Está tudo desmoronando. As florestas no Brasil estão desmoronando, e muito mais gás carbônico está sendo lançado lá que nos Estados Unidos”, disse Biden durante debate em 29 de setembro.

Até as 15h30 de hoje, o candidato democrata Joe Biden tinha 238 delegados, contra 227 do republicano Donald Trump. Para vencer a disputa, são necessários os votos de 270 delegados.

Fonte: Congresso em foco