Economia

EUA impõem sobretaxa a alumínio do Brasil e mais 17 países





Decisão ocorreu uma semana antes de visita de delegação americana para assinar acordos comerciais em Brasília

Os produtores de alumínio do país foram surpreendidos no início do mês com a imposição de sobretaxa para as importações pelos Estados Unidos, maior mercado externo de chapas brasileiras. A medida foi anunciada uma semana antes de acordo entre os dois países sobre medidas de facilitação de comércio.

De acordo com a Abal (Associação Brasileira do Alumínio) a sobretaxa inviabiliza totalmente as exportações para o mercado americano. "Na prática, paramos de exportar", disse em nota o presidente executivo da entidade, Milton Rego.

Em 2019, segundo a Abal, ,o Brasil enviou 31,5 mil toneladas de alumínio aos Estados Unidos, o que correspondeu a US$ 90,3 milhões (cerca de R$ 500 milhões, pela cotação atual).

Entre janeiro e agosto de 2020, as exportações brasileiras de alumínio somaram US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões), 5,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Em volume, a alta é maior, de 42%, para 233,5 mil toneladas.

A Abal diz que as novas taxas variam entre 50% e 137%, de acordo com o exportador. Antes, havia a opção de sobretaxa de 10% ou pela adoção de cotas de exportação, opção escolhida pelos produtores de alumínio brasileiros.

Os novos valores começaram a vigorar no dia 9 de outubro e valem para 18 países que são acusados por produtores americanos de praticar dumping (fornecimento de produtos abaixo do preço de custo).

A denúncia foi feita à OMC (Organização Mundial do Comércio) ha três meses, mas diante das reclamações dos produtores locais, o governo Donald Trump decidiu aplicar as sobretaxas preventivamente.

Os países impactados vinham substituindo as exportações chinesas ao mercado americano, prejudicadas pela guerra comercial entre os dois países.

A imposição de sobretaxa ocorre em meio à campanha eleitoral nos Estados Unidos e num momento em que Estados Unidos e Brasil tentam reforçar a imagem de parceiros comerciais, com a assinatura de acordos de cooperação que incluem compromissos para avançar no comércio de bens e serviços, bem como a busca por possibilidades de financiamento.

"Nós acreditamos que o acordo de colaboração econômica entre os Estados Unidos e o Brasil terá resultados promissores", declarou nesta terça (20) a presidente do banco de exportações norte-americano, Kimberly Reed, em visita a Brasília.

A delegação foi liderada pelo conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump, Robert O'Brien e teve como principal objetivo pressionar autoridades brasileiras a criar barreiras para a participação da empresa chinesa Huawei no futuro mercado de internet 5G.

O alumínio é apontado por industriais e construtoras brasileiros como um dos produtos escassos durante a retomada econômica após a pandemia.

Fonte: Folha de São Paulo