Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 18 de setembro, o Papa expressou solidariedade às vítimas das fortes chuvas que atingiram a Europa centro-oriental, resultando em mortes e grandes destruições. Francisco mencionou em especial países como Áustria, Romênia, República Tcheca e Polônia, gravemente afetados pelas inundações.
"Asseguro a todos a minha proximidade, e rezo especialmente por aqueles que perderam a vida e por seus familiares. Agradeço e incentivo as comunidades católicas locais e outras organizações de voluntariado pelos esforços de ajuda e socorro."
Francisco renovou o convite aos fiéis para rezarem pela paz e fez mais um urgente apelo para que cessem os conflitos que continuam a devastar o mundo: "Rezemos pela paz: não esqueçamos que a guerra é uma derrota. Não esqueçamos da Palestina, de Israel, não esqueçamos da martirizada Ucrânia, de Mianmar e de tantos outros lugares onde há guerras, guerras terríveis."
“Que o Senhor dê a todos um coração que busca a paz para derrotar a guerra, que sempre é uma derrota!”
Ainda em seus apelos finais, o Santo Padre lembrou que no próximo sábado, 21 de setembro, será celebrado o Dia Mundial do Alzheimer. Francisco pediu orações e apoio aos doentes e seus familiares:
"Rezemos para que a ciência médica possa, em breve, oferecer perspectivas de cura para esta doença e para que intervenções adequadas sejam cada vez mais implementadas em apoio aos doentes e suas famílias."
Por fim, o Papa dirigiu uma saudação aos participantes do Congresso dos Abades da Congregação Beneditina e felicitou o novo Abade Presidente eleito, incentivando todos a renovarem o compromisso com a caridade e a missão beneditina. "Encorajo todos a se empenharem com zelo caritativo e missionário para tornar o espírito beneditino sempre mais atual no mundo."
Francisco também fez um apelo aos Leigos Carmelitas, pedindo que continuem sendo "fermento do Evangelho, alcançando especialmente os mais vulneráveis, para se tornarem sempre um sinal de uma Igreja em saída".
- Francisco: a fraternidade é a resposta às tramas diabólicas do ódio e da guerra
A viagem apostólica à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (18/09), realizada na Praça São Pedro.
O Pontífice iniciou recordando que "em 1970, Paulo VI foi o primeiro Papa a voar em direção ao sol nascente, visitando por muito tempo as Filipinas e a Austrália, mas também parando em vários países asiáticos e nas Ilhas Samoa". "Uma viagem memorável", disse Francisco, afirmando que também nisso tentou seguir o seu exemplo. "Agradeço ao Senhor, que me permitiu fazer como velho Papa o que gostaria de ter feito como jovem jesuíta", acrescentou.
“Uma primeira reflexão que surge espontaneamente depois desta viagem é que ao pensarmos na Igreja somos ainda demasiado eurocêntricos, ou, como se costuma dizer, “ocidentais”. Na realidade, a Igreja é muito maior, muito maior que Roma e a Europa, muito maior! Também, ouso dizer, muito mais viva, nesses países!”
Experimentei isso de forma emocionante, encontrando aquelas comunidades, ouvindo os testemunhos de padres, freiras, leigos, sobretudo catequistas. Igrejas que não fazem proselitismo, mas que crescem através da “atração”, como disse sabiamente Bento XVI.
"Na Indonésia, os cristãos representam cerca de 10% e os católicos 3%, uma minoria", lembrou o Papa, dizendo que encontrou "uma Igreja viva, dinâmica, capaz de viver e transmitir o Evangelho naquele país que tem uma cultura muito nobre, inclinada a harmonizar a diversidade, e ao mesmo tempo tem a maior presença de muçulmanos no mundo. Naquele contexto, tive a confirmação de como a compaixão é o caminho que os cristãos podem e devem percorrer para dar testemunho de Cristo Salvador e, ao mesmo tempo, encontrar as grandes tradições religiosas e culturais".
“Fé, fraternidade, compaixão” foi o lema da visita à Indonésia: com estas palavras o Evangelho entra todos os dias, concretamente, na vida daquele povo, acolhendo-a e dando-lhe a graça de Jesus morto e ressuscitado.
“Estas palavras são como uma ponte, como a passagem subterrânea que liga a Catedral de Jacarta à maior mesquita da Ásia. Lá, vi que a fraternidade é o futuro, é a resposta à anti-civilização, às tramas diabólicas do ódio e da guerra, e também do sectarismo. Existe fraternidade, fraternidade", sublinhou.”
Na Papua Nova Guiné, um arquipélago que se estende até à imensidão do Oceano Pacífico, o Papa disse que encontrou "a beleza de uma Igreja missionária em saída".
Lá as diferentes etnias falam mais de oitocentas línguas: um ambiente ideal para o Espírito Santo, que gosta de fazer ressoar a mensagem do Amor na sinfonia das linguagens.
“O que o Espírito Santo faz não é uniformidade, é sinfonia, é harmonia, é o patrono, é o chefe da harmonia. Lá, de modo particular, os protagonistas foram e são ainda os missionários e os catequistas.”
Alegrou-me o coração poder conviver um pouco com os missionários e os catequistas de hoje; e fiquei comovido ao ouvir os cânticos e as músicas dos jovens: neles vi um futuro novo, sem violências tribais, sem dependências, sem colonialismos económicos ou ideológicos; um futuro de fraternidade e de cuidado com o maravilhoso ambiente natural.
Segundo Francisco, "a Papua-Nova Guiné pode ser um “laboratório” deste modelo de desenvolvimento integral, animado pelo “fermento” do Evangelho. Porque não há nova humanidade sem novos homens e novas mulheres, e só o Senhor os faz". O Pontífice recordou sua "visita a Vanimo, onde os missionários estão entre a floresta e o mar. Eles entram na floresta em busca das tribos mais escondidas, ali... uma lembrança linda, essa".
"O poder da promoção humana e social da mensagem cristã destaca-se particularmente na história de Timor-Leste", disse o Papa, recordando que "lá a Igreja partilhou o processo de independência com todo o povo, orientando-o sempre para a paz e a reconciliação".
Isto não é uma ideologização da fé, não, é a fé que se torna cultura e ao mesmo tempo a ilumina, purifica, eleva. Por isso, relancei a fecunda relação entre fé e cultura, que São João Paulo II já havia sublinhado na sua visita. Mas sobretudo impressionou-me a beleza daquele povo: um povo experimentado, mas alegre, um povo sábio no sofrimento. Um povo que não só gera muitos filhos, como os ensina a sorrir. Esta é uma garantia do futuro.
“Em suma, em Timor-Leste vi a juventude da Igreja: famílias, crianças, jovens, muitos seminaristas e aspirantes à vida consagrada. Respirei “ar de primavera”!”
A última etapa da Viagem Apostólica Internacional do Papa foi Singapura. "Um país muito diferente dos outros três: uma cidade-estado muito moderna, centro econômico e financeiro da Ásia e de outros lugares", disse Francisco, acrescentando:
Lá, os cristãos são uma minoria, mas ainda formam uma Igreja viva, empenhada em gerar harmonia e fraternidade entre as diferentes etnias, culturas e religiões.
“Também na rica Singapura existem os “pequenos”, que seguem o Evangelho e se tornam sal e luz, testemunhas de uma esperança maior do que aquela que os ganhos econômicos podem garantir.”
Francisco agradeceu a esses povos que o "acolheram com tanto carinho, com tanto amor". Agradeceu também aos "seus governantes que tanto ajudaram nesta visita, para que fosse realizada com ordem, sem problemas", e "a todos aqueles que também colaboraram para isso". Por fim, agradeceu "a Deus o dom desta viagem! Deus abençoe os povos que conheci e os guie no caminho da paz e da fraternidade", concluiu.
- Papa ao 'Vitae Colloquium 2024': façam muito mais barulho
Não um pouco, mas “muito mais barulho”, pediu o Papa Francisco aos participantes do Vitae Colloquium 2024, num encontro privado com o Pontífice no final de agosto. Empresários e líderes de diferentes áreas foram convidados pela Vitae Global Foundation, com sede na Argentina, para discutir como promover novas formas de evangelização por meio das artes, dos meios de comunicação e da indústria do entretenimento. Há dois anos, eles já haviam se reunido com o Papa, apresentando artistas renomados de todo o mundo. Agora, com muitos projetos em andamento, eles receberam do Pontífice um novo ímpeto para a missão.
“O Papa nos disse: 'façam muito mais barulho, mais, mais, mais'”, disse Luis Quinelli, presidente da Vitae, que ficou impressionado com a enorme energia que Francisco emana (veja a entrevista). Esse desafio assumirá a forma de uma série de eventos chamados Vitae Fest, festivais de evangelização marcados por música e teatro. Nos próximos meses, haverá o Vitae Fest México e o Vitae Fest Los Angeles, enquanto para o Jubileu de 2025 o festival chegará a Roma e será realizado na grande esplanada do Circo Massimo. Quinelli também revelou que o Papa concordou em participar de um documentário que contará sobre as lutas e os desafios da juventude de hoje.
O Vitae Colloquium 2024 reuniu representantes de países como EUA, México, Espanha, França, Argentina e Inglaterra para refletir sobre os desafios enfrentados pelas novas gerações. Os participantes expressaram compromisso com a Visão 2033 da Vitae Global Foundation, que busca alcançar um bilhão de jovens com a mensagem de Jesus. Esse objetivo segue a Agenda 2033 promovida pelo Papa Francisco, o aniversário de dois mil anos da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
- Francisco: a falta de fraternidade no mundo é que causa sofrimento
O Papa Francisco assina prefácio do livro "Fraternità" (na tradução livre "Fraternidade"), do fundador da Comunidade de Bose, Enzo Bianchi, publicado pela editora Enaudi e disponível nas bancas em língua italiana a partir desta terça-feira (17/09). No texto, o Pontífice começa logo definindo a fraternidade como "a resistência à crueldade do mundo", "à rivalidade que leva à violência e à guerra".
“Infelizmente, a fraternidade é o que mais falta em nossa convivência, e é precisamente a sua ausência que causa sofrimento. Sem a fraternidade, a igualdade e a liberdade permanecerão sempre valores ameaçados, fracos e facilmente contraditórios. Certamente, a fraternidade deve ser decidida por uma escolha: a rejeição da exclusão, o desejo da reconciliação, o desejo de uma profunda comunhão humana.”
O autor Enzo Bianchi, que para fundar a comunidade monástica viveu três anos em solidão para um caminho de reflexão e trabalho, mostra no livro recém lançado "que a fraternidade é a vocação da humanidade". Francisco reconhece ainda a "sua habitual profundidade humana e inteligência espiritual" para desenvolver a obra que trata da importância de nos relacionarmos uns com os outros:
"O grande dom que podemos receber é o outro: próximo ou distante, conhecido ou desconhecido, amigo ou inimigo. Se estivermos um ao lado do outro, sempre teremos à nossa frente um irmão, uma irmã e sentiremos que temos uma vocação: deixar de dizer 'eu' para dizer 'nós', para viver juntos."
Fonte: Vatican News