Cultura

Papa no Angelus: o verdadeiro encontro com Jesus transforma a vida





Conhecer Jesus e se relacionar com Ele, deixando-se tocar e incomodar pelo Evangelho: este é o cerne da reflexão de Francisco, que, no Angelus deste domingo, 15 de setembro, exorta os fiéis a se converterem, abandonando a mentalidade do mundo: "Tudo muda se você realmente conheceu Jesus!"

Durante a alocução que precede a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho de São Marcos e sublinhou a importância de uma verdadeira relação pessoal com Jesus, que vai além do simples conhecimento teórico.

Diante da pergunta de Jesus aos discípulos, presente na liturgia de hoje: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mc 8,29), o Pontífice destacou que Pedro respondeu corretamente, afirmando que Jesus é o Cristo. No entanto, logo em seguida, ao ouvir sobre o sofrimento e a morte do Senhor, Pedro se opôs, demonstrando que sua compreensão ainda era limitada pela visão humana e mundana.

Conhecer Jesus verdadeiramente 

Segundo Francisco, conhecer Jesus não se resume a ter informações teóricas sobre Ele, recitar orações ou saber responder corretamente a perguntas de catecismo:

"Na realidade, para conhecer o Senhor, não basta saber algo sobre Ele, é preciso segui-Lo, deixar-se tocar e mudar pelo Seu Evangelho. Trata-se de ter com Ele uma relação, um encontro que transforma a vida."

O Pontífice então reforçou que essa transformação autêntica leva a mudanças profundas: "Eu posso conhecer muitas coisas sobre Jesus, mas se não O encontrei, ainda não sei quem é Jesus. É necessário esse encontro que muda a vida: muda o modo de ser, muda o modo de pensar, muda as relações que você tem com os irmãos, a disposição para acolher e perdoar, muda as escolhas que você faz na vida. Tudo muda se você realmente conheceu Jesus! Tudo muda."

Deixar-se "incomodar" pelo Evangelho

Referindo-se às palavras de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano que se opôs ao nazismo, quando afirmou "O problema que nunca me deixa tranquilo é o de saber o que o cristianismo realmente é para nós hoje, ou mesmo quem é Cristo", o Santo Padre alertou contra o perigo de uma fé que se mantém estática e longe de Deus, pois "infelizmente, muitos já não se fazem mais essa pergunta e permanecem tranquilos, adormecidos, mesmo longe de Deus". E, em seguida, fez um convite aos fiéis a se questionarem:

"Eu me deixo incomodar? Eu me questiono sobre quem é Jesus para mim e qual é o lugar que Ele ocupa na minha vida? Que nossa mãe Maria, que conhecia bem Jesus, nos ajude com essa pergunta", concluiu o Papa Francisco.

 

- Papa Francisco: cessem os conflitos, a violência e o ódio. Busquem soluções de paz

Ao final do Angelus, o Papa reforçou seu apelo pela paz em todos os países que sofrem com a guerra. O pontífice lembrou a beatificação de Moisés Lira Serafín, no México, e expressou solidariedade aos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e suas famílias.

Da janela do Palácio Apostólico, após a oração do Angelus deste domingo, 15 de setembro, o Papa Francisco, por meio de uma série de apelos, manifestou sua solidariedade às vítimas de desastres naturais e conflitos violentos no mundo. O Papa também recordou a beatificação de Moisés Lira Serafín, ocorrida na Cidade do México, e assegurou suas orações pelas pessoas que sofrem devido à Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Solidariedade com Vietnã e Mianmar

Francisco expressou sua proximidade com as populações do Vietnã e de Mianmar, que estão sofrendo devido a inundações provocadas por um potente tufão e afirmou rezar pelos falecidos, pelos feridos e pelos deslocados. "Que Deus sustente aqueles que perderam seus entes queridos e suas casas, e abençoe aqueles que estão oferecendo ajuda."

A dor das mães que perderam seus filhos em guerras

O Papa não deixou de fazer um forte apelo em prol da paz em todas as áreas do mundo afetadas por conflitos armados: “E não nos esqueçamos das guerras que ensanguentam o mundo. Penso na martirizada Ucrânia, em Mianmar, penso no Oriente Médio. Quantas vítimas inocentes!”

Francisco expressou sua dor ao recordar as mães que perderam filhos em guerras: “Quantas vidas jovens ceifadas! Penso em Hersh Goldberg-Polin, encontrado morto em setembro, junto a outros cinco reféns em Gaza. Em novembro do ano passado, conheci sua mãe, Rachel, que me impressionou pela sua humanidade. Eu a acompanho neste momento.” Em seguida, o Pontífice pediu veementemente o fim do conflito no Oriente Médio: 

“Rezo pelas vítimas e continuo próximo de todas as famílias dos reféns. Cesse o conflito na Palestina e em Israel! Cessem as violências, cesse o ódio! Que libertem os reféns, prossigam as negociações e se encontrem soluções de paz.”

Beatificação de Moisés Lira Serafín

Ao se referir à beatificação de Moisés Lira Serafín, ocorrida na Cidade do México no último sábado, 14 de setembro, o Papa recordou o sacerdote e fundador da Congregação das Missionárias da Caridade de Maria Imaculada. Francisco destacou a importância do trabalho do beato como exemplo para os clérigos:

“Que seu zelo apostólico estimule os sacerdotes a se dedicarem sem reservas ao bem espiritual do povo santo de Deus.”

Dia dos Pacientes com ELA na Itália

Por ocasião do Dia dedicado aos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) na Itália, o Santo Padre também dirigiu uma saudação às pessoas que sofrem com esta doença e suas famílias: “Asseguro minhas orações pelos pacientes e por seus familiares; incentivo o trabalho de pesquisa sobre esta patologia e agradeço o trabalho das associações de voluntariado.”

 

- Papa às famílias peregrinas em Pompeia e Loreto: tornem-se instrumentos de paz

Por ocasião do 17º Peregrinação Nacional das Famílias pela Família, que este ano tem como tema "Fazei tudo o que Ele vos disser", o Pontífice enviou uma mensagem ao presidente da RnS, Giuseppe Contaldo, organizador do evento, para louvar esse momento de oração que envolve pais, filhos e avós. O cardeal Zuppi: “É um caminho que tem o sabor do povo.”

Um momento de "oração em coro", que “envolve pais, filhos e avós, sustentando-os na caminhada com a força da fé”. É isso que representa para o Papa Francisco “a 17ª Peregrinação Nacional das Famílias pela Família”, promovida no sábado, 14 de setembro, nos santuários marianos de Pompeia e Loreto, pelo Renovamento no Espírito Santo (RnS), em colaboração com as prelazias pontifícias dos dois santuários, o setor da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para a pastoral familiar e o fórum das associações familiares.

Em uma mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, dirigida a Giuseppe Contaldo, presidente da RnS, o Pontífice expressou sua alegria pelo evento e dirigiu a todos os participantes sua cordial saudação e proximidade espiritual. “Confiando ao olhar amoroso da Virgem Mãe as muitas famílias em dificuldade, aquelas em territórios de guerra ou afetadas por grande pobreza”, Francisco “une-se aos peregrinos para invocar o dom do Espírito Santo, a fim de que as famílias cristãs na Itália, na Europa e no mundo possam se tornar instrumentos de paz, testemunhando a beleza da vida em comum”.

Cardeal Zuppi: Maria, mestra de docilidade e esperança

Para o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da CEI, a peregrinação é um “caminho com sabor popular”, no qual todos, “crianças, jovens, adultos e idosos”, testemunham “como o seguimento do Senhor Jesus diz respeito a todos, não apenas a alguns ou a certas categorias”. Em uma mensagem aos participantes, o cardeal destacou que o tema desta edição, “Fazei tudo o que Ele vos disser”, tirado do Evangelho de João, significa que a todos – como os servos nas bodas de Caná que encheram as talhas de água – “é pedido o mesmo trabalho: simples, humilde e confiante”.

Somos chamados, de fato, “a fazer a nossa parte no cotidiano, em nosso pequeno”, reafirma Zuppi, “para permitir que o Senhor transforme todos os nossos esforços em bom vinho”. “Neste nosso tempo, tão marcado pela guerra e pela violência”, além disso, “trabalhemos para nos tornarmos arautos e construtores de paz, enchendo nossas relações com a paz que surge da descoberta de Cristo Ressuscitado, vivo e presente”. “Estamos nas últimas curvas deste ano de preparação para o Jubileu”, conclui Zuppi, “e o Papa nos convidou a colocar a oração no centro da nossa preparação”. Nesse sentido, não há melhor mestra do que Maria “para aprender a docilidade e a esperança”.

Fonte:  Vatican News