Cultura

Papa: a Igreja seja testemunha de coragem, beleza e esperança!





O último evento para Francisco este sábado, 7 de setembro, foi com bispos, sacerdotes, consagrados e catequistas não só de Papua Nova Guiné, mas também das Ilhas Salomão. O Pontífice buscou inspiração nos missionários dessas ilhas para encorajar os membros da Igreja a irem avante com confiança e um olhar especial voltado às periferias.

"A coragem de começar, a beleza de estar e a esperança de crescer" estes foram os três aspectos ressaltados pelo Papa ao se reunir no Santuário de Maria Auxiliadora de Papua Nova Guiné com os bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, seminaristas e catequistas. O nome do Santuário remete a Dom Bosco, que se sentiu inspirado por Nossa Senhora a construir uma igreja em sua homenagem, prometendo-lhe grandes graças. "E assim aconteceu: a igreja foi construída – uma maravilha – e tornou-se centro de irradiação do Evangelho, de formação dos jovens e de caridade, ponto de referência para muita gente."

Esta história pode inspirar também o caminho cristão e missionário da Igreja de hoje, afirmou o Papa, tendo por primeiro "a coragem de começar". A mesma coragem que tiveram santos e beatos representados nos vitrais do santuário, como Pedro Chanel, João Mazzucconi e Pedro To Rot, mártires da Nova Guiné, e depois Teresa de Calcutá, João Paulo II, Maria McKillop, Maria Goretti, Laura Vicuña e Zeffirino Namuncurà, Francisco de Sales, João Bosco, Maria Domenica Mazzarello. "É graças a eles, aos seus 'começos' e 'recomeço', que estamos aqui e, hoje, apesar dos desafios que também não faltam, continuamos a avançar, sem medo, sabendo que não estamos sós: o Senhor age, em nós e conosco."

A este respeito, o Papa indicou uma via importante para onde dirigir os “começos”, ou seja, as periferias do país. "Penso nas pessoas que pertencem às camadas mais desfavorecidas das populações urbanas, bem como nas que vivem em zonas mais distantes e abandonadas, onde chega a faltar o necessário. E ainda naquelas que, por causa de preconceitos e superstições, são marginalizadas e feridas, moral e fisicamente. A Igreja deseja estar particularmente próxima destes irmãos e irmãs", garantiu Francisco.

O Pontífice pediu que os presentes não esqueçam do estilo de Deus: compaixão, ternura e proximidade. "Se um bispo, consagrado, sacerdote não é terno, compassivo e próximo, não tem o espírito de Jesus", acrescentou.

Isto leva ao segundo aspecto: a beleza de estar. Não existem “técnicas” para o fazer, mas simplesmente cultivar e partilhar com nossos irmãos a alegria de ser Igreja. "A beleza de estar não se experiencia tanto em grandes eventos e momentos de sucesso, mas sobretudo na lealdade e amor com que, quotidianamente, nos esforçamos por crescer juntos."

E, deste modo, chega-se ao terceiro e último aspecto: a esperança de crescer. É ter confiança na fecundidade do apostolado, continuando a lançar pequenas sementes de bem nos sulcos do mundo. Podem parecer minúsculas, mas darão fruto. "Por isso, continuemos a evangelizar, com paciência, sem nos deixarmos desencorajar pelas dificuldades e incompreensões", encorajou Francisco.

"Continuem assim a sua missão, como testemunhas de coragem, beleza e esperança! Agradeço por tudo o que fazem, abençoo-os de coração e peço, por favor, que não se esqueçam de rezar por mim", concluiu o Pontífice.

 

-  Papa às crianças de rua e com deficiência: manter acesa a luz do amor

O Papa, em Port Moresby encontra crianças de rua, pobres, com deficiências, que lhe perguntam se há esperança para elas e por que não têm as mesmas oportunidades que as outras crianças.

“Mantenham acesa a luz do amor”. Foi o que o Papa Francisco disse às crianças deficientes e crianças de rua, assistidas em Port Moresby, Papua Nova Guiné, pelas organizações “Callan Services” e “Street Ministry”, que ele encontrou na manhã deste sábado (07/09), durante sua visita à escola para meninas dirigida pelas Irmãs da Caridade de Jesus. “Vocês me fizeram perguntas desafiadoras”, iniciou o Papa.  

Em sua saudação, Francisco respondeu às perguntas feitas a ele por duas delas. “Por que temos que sofrer por nossa deficiência? Por que não somos como os outros? Por que esse sofrimento? Há esperança também para nós?”, perguntou uma criança surda com trajes tradicionais, ajudada por sua irmã.

“Por que não temos oportunidades como as outras crianças e como podemos nos tornar úteis para tornar nosso mundo mais bonito e feliz, apesar de vivermos no abandono e na pobreza?”, perguntou em vez disso, uma criança de rua, também usando um traje tradicional indígena.

Para a primeira criança, Francisco disse: “Eu realmente só tenho uma resposta: porque nenhum de nós é como os outros. Porque somos todos únicos diante de Deus. Portanto, não apenas confirmo que há esperança para todos, mas acrescento que cada um de nós no mundo tem uma missão que ninguém mais pode cumprir. E isso, mesmo que custe dificuldades, traz muita alegria. De uma maneira diferente entre um e o outro”. “Há coisas que não podemos fazer”, continuou o Pontífice - mas não é por isso que a felicidade é medida: a felicidade vem do amor. O que levamos e o que devemos receber de braços abertos daqueles que nos amam. Essa é a coisa mais importante”. “Também para o Papa”, acrescentou. "A nossa alegria não depende de mais nada, nossa alegria depende do amor”.

“Isso nos leva à outra pergunta”, disse Francisco, ”como podemos tornar nosso mundo mais bonito e feliz? Sem dúvida com a mesma receita, aprendendo a amar a Deus e aos outros de todo o coração”, enfatizou. E também na escola, “estudando e fazendo o máximo para melhorar nossas habilidades”. “Concentrando todas as nossas forças na meta, que é o amor de Jesus e encher a todos com nosso amor”, exortou o Pontífice - para que nenhum de nós seja um fardo: todos nós somos dons de Deus e um tesouro para os outros”.  “Mantenham acesa a luz do amor”, concluiu.

Fonte: Vatican News