"Rezemos também pelas vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido no Brasil". Com essas palavras, pronunciadas diante de uma multidão reunida na Praça São Pedro, inclusive de um grupo de brasileiros com bandeiras verde-amarelas, a quem pediu que não esquecessem de rezar por ele, o Papa Francisco expressou sua proximidade às vítimas do acidente aéreo ocorrido na tarde de sexta-feira, 9, em Vinhedo, que matou os 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo do voo 2283. Foi o mais grave acidente aéreo no país desde 2007, quando uma aeronave da TAM não conseguiu pousar na pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e explodiu ao bater no prédio da TAM Express, provocando a morte de 199 pessoas.
O avião, um turboélice ATR-72, voava com destino ao Aeroporto de Guarulhos, São Paulo, proveniente de Cascavel, Estado do Paraná, e caiu por volta das 13h22, a cerca de 80 km a noroeste de São Paulo. Apesar de ter caído em uma área residencial, ninguém ficou ferido em terra com o impacto da aeronave. Equipes de emergência recuperaram os restos mortais das 62 vítimas a bordo do avião.
A aeronave estava voando normalmente até 13h21, quando parou de responder a chamadas, e o contato do radar foi perdido às 13h22, informou a Força Aérea Brasileira em um comunicado. Os pilotos não relataram uma emergência ou condições climáticas adversas.
O governo do Estado de São Paulo disse em um comunicado que as operações de resgate foram concluídas às 18h30 de sábado, com a identificação dos corpos do piloto e do copiloto por especialistas forenses. Os corpos da maioria das vítimas — 34 homens e 28 mulheres — já haviam sido levados ao necrotério da polícia de São Paulo para identificação.
Logo após a queda do ART 72-500, a Voepass havia informado que a aeronave transportava 57 passageiros e quatro tripulantes, dado atualizado no sábado com a confirmação da presença de outro passageiro, elevando o número de vítimas para 62.
Quatro pessoas com dupla cidadania estavam entre as vítimas, três venezuelanos e uma portuguesa, informou a Voepass, que operava a aeronave. Os venezuelanos eram um menino de 4 anos, sua mãe e avó, informou a Globo News.
A "caixa preta" do avião, contendo gravações de voz e dados do voo, estava passando por análise, informou o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - CENIPA, Marcelo Moreno, em uma entrevista coletiva em Vinhedo.
E serão as caixas pretas a revelar o que realmente provocou a queda do avião. Neste meio tempo, as suspeitas recaem, segundo especialistas, sobre o gelo, que teria causado o estol fatal do voo ATR-72, a poucos quilômetros do aeroporto de Guarulhos.
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. Papa: verdadeira fé e oração abrem a mente e o coração, não os fecham
Silenciar e colocar-se à escuta de Deus, acolhendo a sua voz para além dos nossos esquemas e superando os medos com a sua ajuda.
Antes de rezar o Angelus com os peregrinos reunidos na Praça São Pedro sob um calor de 36°C, o Papa comentou o Evangelho de João proposto pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum, que fala da reação dos judeus à afirmação de Jesus: “Desci do céu”, e "se escandalizam"!
Eles se perguntam como é possível que um filho de um carpinteiro, cuja mãe e parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantos outros, poderia ter "descido do céu". Em outras palavras, de "como Deus poderia se manifestar de forma tão comum?". E Francisco explica:
Eles estão bloqueados na própria fé, pelo preconceito, bloqueados pelo preconceito em relação às suas origens humildes e também bloqueados pela presunção, portanto, de não terem nada a aprender d’Ele. Os preconceitos e a presunção, quanto mal nos fazem! Impedem um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos. Estejamos atentos aos preconceitos e à presunção. Eles têm seus próprios esquemas rígidos e não há espaço em seus corações para o que não tem a ver com eles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas estantes empoeiradas de suas seguranças.
No entanto - observou o Papa - "são pessoas que observam a lei, dão esmolas, respeitam os jejuns e os momentos de oração". E mesmo Cristo tendo realizado vários milagres, isso "não os ajuda a reconhecer n’Ele o Messias". Por quê?
Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para ouvir o Senhor, mas para encontrar nelas a confirmação do que pensam. São fechados à Palavra do Senhor e buscam uma confirmação para os próprios pensamentos. Isto é demonstrado pelo fato de sequer se preocuparem em pedir uma explicação a Jesus: limitam-se a murmurar entre si a respeito dele, como que para se tranquilizarem, uns aos outros, sobre aquilo de que estão convencidos, e se fecham, são fechados como que em uma fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração, quanto mal faz, quanto mal faz!
E isso - observou o Papa - pode acontecer também a nós, na nossa vida de fé e na nossa oração:
Pode acontecer-nos, isto é, que em vez de ouvirmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, nós buscamos d’Ele e dos outros somente uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, nossos juízos, que são pré-conceitos. Mas este modo de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrar Deus verdadeiramente, nem a abrir-nos ao dom da sua luz e da sua graça, para crescer no bem, para fazer a sua vontade e para superar os fechamentos e as dificuldades.
“A fé e oração, quando são verdadeiras, abrem a mente e o coração, não os fecham. Quando encontras uma pessoa que na mente, na oração, são fechadas, essa fé e essa oração não são verdadeiras”
Então, o convite do Santo Padre a nos perguntarmos:
Na minha vida de fé, sou capaz de realmente fazer silêncio dentro de mim e de me colocar na escuta de Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e superar também, com a sua ajuda, os meus medos?
Que Maria - disse ao concluir - nos ajude a ouvir com fé a voz do Senhor e a fazer com coragem a sua vontade.
- O Papa aos religiosos: não descartem, mas acolham, abracem a todos
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (12/08), no Vaticano, os participantes dos Capítulos Gerais das Irmãs Missionárias Dominicanas de São Sisto, das Irmãs da Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs da Apresentação de Maria e da Sociedade das Divinas Vocações, comumente conhecidos como Padres Vocacionistas.
Depois de saudar os superiores e superioras das congregações presentes na Sala Clementina, o Pontífice disse que o Capítulo, é "um momento para escutar o Espírito Santo, para continuar a fazer florescer hoje as inspirações carismáticas dadas um dia aos seus fundadores e fundadoras".
A seguir, Francisco refletiu sobre três aspectos, três dimensões existenciais e apostólicas da vida religiosa: discernimento, formação e caridade.
"O discernimento faz parte da vida, tanto nos momentos solenes das grandes escolhas quanto nos momentos cotidianos das pequenas decisões. Ele está ligado ao fato de sermos livres e, portanto, expressa e realiza, dia após dia, a vocação humana comum e a identidade particular e única de cada um de nós", disse o Papa. Segundo o Pontífice, "é um trabalho fatigoso, de ouvir o Senhor, a si mesmo e aos outros; é também um tempo fatigoso de oração, de meditação, de espera paciente e, depois, de coragem e sacrifício, para tornar concreto e operacional o que Deus, sem nunca impor Sua vontade sobre nós, sugere ao nosso coração. Ao mesmo tempo, porém, é também uma grande experiência de felicidade, porque «tomar uma boa decisão, uma decisão acertada» dá alegria". "E o nosso mundo tem uma grande necessidade de redescobrir o gosto e a beleza de decidir, especialmente no que diz respeito às escolhas definitivas, que determinam uma virada decisiva na vida, como a escolha vocacional", disse ainda o Papa, acrescentando:
Precisa, portanto, de pais e mães que ajudem, especialmente os jovens, a compreender que ser livre não significa permanecer eternamente numa encruzilhada, fazendo pequenas “escapadas” para a direita o para a esquerda, sem nunca tomar um caminho. Ser livre significa apostar – apostar! – no caminho, com inteligência e prudência, claro, mas também com audácia e espírito de renúncia, para crescer e progredir na dinâmica do dom, e ser feliz, amando segundo o projeto de Deus.
A seguir, o Papa refletiu sobre o segundo aspecto: a formação. Segundo Francisco, "a vida religiosa é um percurso de crescimento na santidade que abraça toda a existência e no qual o Senhor molda constantemente o coração daqueles que escolheu". Nesse sentido, Francisco recomendou a todos a assiduidade na oração, mas aquela oração que é uma relação com o Senhor, pessoal, que escuta, que espera; a oração comunitária e também pessoal, e também a vida sacramental, e a adoração. "Hoje, perdemos o sentido da adoração, devemos recuperá-lo", frisou.
De fato, somente quem humildemente e constantemente se reconhece "em formação" pode esperar ser um bom "formador" ou "formadora" para os outros, e a educação, em qualquer nível, é sempre, antes de tudo, compartilhar percursos e comunicar experiências, naquela alegre busca pela verdade, "que deixa o coração de todo homem inquieto até que encontre, habite e compartilhe a Luz de Deus com todos".
"Também neste sentido", disse ainda o Papa, "a sua missão é, hoje, decididamente profética, num contexto social e cultural marcado pela circulação vertiginosa e contínua de informações, mas, por outro lado, dramaticamente pobre nas relações humanas. Há uma necessidade urgente no nosso tempo de educadores que saibam tornar-se com amor companheiros e companheiras de viagem das pessoas que lhes são confiadas".
Por fim, o último aspecto: a caridade. "Todas as suas quatro fundações foram criadas para apoiar e educar jovens carentes que, sem a ajuda necessária, não teriam acesso a uma educação adequada para seu futuro, e nem mesmo responder à sua vocação. Santa Madalena Sofia Barat, São Justino Maria Russolillo, a Venerável Maria Antonia Lalia e Madre Caterina Molinari viram neles um sinal de Deus para a sua missão".
Da mesma forma, será bom para vocês também, especialmente nestes dias de discernimento comunitário, manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos e estar vigilantes para que em suas assembleias, o impulso da gratuidade e do amor desinteressado, graças ao qual a presença de vocês na Igreja começou, esteja sempre vivo e pulsante.
Por fim, o Papa disse: "Por favor, não descartem as pessoas, não selecionem as pessoas com critérios mundanos: quão importantes elas são, quanto dinheiro elas têm... esses critérios mundanos estão fora. Não descartem, mas acolham, abracem a todos, amem a todos. Esta cultura que vem do individualismo e da fragmentação, infelizmente domina nossos tempos".
- Papa recebe em audiência a nova reitora da Universidade Católica do Sagrado Coração
Entre a série de audiências da manhã desta segunda-feira (12/08), o Papa Francisco recebeu a reitora da Universidade Católica do Sagrado Coração da Itália, Elena Beccalli. A professora ocupa o cargo à frente de uma das maiores universidades católicas do mundo, com vários campi no país, desde 1º de julho e para a gestão 2024-2028. Ela também é a primeira mulher nomeada à função, depois do fundador Pe. Agostino Gemelli (1878-1959) em 1921, após já ter sido aluna e docente da instituição privada.
Segundo informações divulgadas pela própria universidade, a reitora abordou vários temas durante o encontro com o Pontífice, muitos dos quais direcionados ao mundo universitário e à questão da emergência educacional. A professora Elena também expressou profunda gratidão ao Papa pela constante proximidade com a universidade dos católicos italianos, desde a sua fundação, a serviço da sociedade e da Igreja.
A instituição, continua o comunicado oficial, tem se renovado constantemente e está comprometida em acompanhar e apoiar as novas gerações em uma formação universitária integral dentro de uma realidade em radical transformação. Além disso, valorizando a dimensão comunitária, continua questionando sobre o significado de ser uma universidade hoje, em particular uma universidade católica, iluminada por um espírito ao mesmo tempo livre e orientado para a busca da verdade.
A reitora ainda ilustrou ao Papa Francisco os múltiplos projetos que a Universidade Católica do Sagrado Coração se propõe a implementar nos cinco campi do país - no principal campus de Milão, assim como naqueles das cidades italianas de Brescia, Piacenza, Cremona e Roma - como forma de contribuição de pensamento sobre as questões de fronteira em uma perspectiva global, como ela mesma declarou assim que foi nomeada reitora pelo Conselho de Administração da instituição em 20 de junho deste ano: por vocação, a Católica "é uma universidade 'universal', onde o diálogo e o confronto são abertos, livres, interdisciplinares, orientados a criar redes e alianças estratégicas. Uma universidade capaz de oferecer - com rigor, criatividade e coragem - uma contribuição de pensamento às questões de fronteira, graças à coordenação das numerosas e qualificadas iniciativas da comunidade acadêmica".
Naquela oportunidade, a reitora comentou ainda que "a Universidade Católica é chamada a ser um pólo de referência, pela forte projeção internacional, para o ensino e a pesquisa de qualidade, de modo a alimentar o círculo virtuoso típico de uma research university". Em suma, o objetivo "é garantir que a nossa universidade seja um reservatório natural ao qual a sociedade civil, as instituições, o mundo do trabalho e, por último, mas não menos importante, a Igreja italiana e universal possam recorrer. Um modelo que possa representar a melhor universidade 'para' o mundo".
Uma interlocução "competente", comentou ainda o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Zuppi: "estamos confiantes de que o professora Beccalli dará uma importante contribuição nesse sentido, incentivando o pensamento voltado para a busca da verdade".
Fonte: Vatican News