Saber esperar com confiança! Foi a exortação do Santo Padre na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia deste domingo (16/06), com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste XI Domingo do Tempo Comum, que nos fala do Reino de Deus por meio da imagem da semente, usada várias vezes por Jesus e nos convida a refletir particularmente sobre uma atitude importante – destacou o Pontífice: a espera confiante.
De fato, na semeadura, por mais que o agricultor espalhe ótima e abundante semente, e por melhor que prepare o solo, as plantas não brotam imediatamente: leva tempo! Por isso, é necessário que, após a semeadura, ele saiba esperar com confiança, para permitir que as sementes se abram no momento certo e os brotos brotem do solo e cresçam, fortes o suficiente para garantir, no final, uma colheita abundante.
Sob a terra, o milagre já está acontecendo, há um grande desenvolvimento, mas é invisível, é preciso paciência e, enquanto isso, é necessário continuar cuidando dos torrões, regando-os e mantendo-os limpos, apesar do fato de que, na superfície, nada parece estar acontecendo, ressaltou o Papa, explicando que o Reino de Deus também é assim.
O Senhor coloca em nós as sementes de sua Palavra e de sua graça, sementes boas e abundantes, e depois, sem nunca deixar de nos acompanhar, espera pacientemente. Ele continua a cuidar de nós, com a confiança de um Pai, mas nos dá tempo, para que as sementes se abram, cresçam e se desenvolvam para dar frutos de boas obras. E isso porque não quer que nada se perca em seu campo, que tudo atinja a plena maturidade; quer que todos nós possamos crescer como espigas cheias de grãos.
Francisco observou que ao fazer isso, o Senhor nos dá um exemplo: também nos ensina a semear com confiança o Evangelho onde quer que estejamos e depois esperar que a semente lançada cresça e dê frutos em nós e nos outros, sem desanimar e sem deixar de apoiar e ajudar uns aos outros, mesmo quando, apesar de nossos esforços, nos parece não ver resultados imediatos. “Na verdade - prosseguiu o Pontífice -, muitas vezes, mesmo entre nós, além das aparências, o milagre já está em andamento e, no devido tempo, produzirá frutos abundantes”!
Concluindo, o Santo Padre propôs algumas interpelações para nossa reflexão pessoal:
Deixo semear em mim a Palavra? Semeio com confiança a Palavra de Deus nos ambientes em que vivo? Sou paciente na espera ou fico desanimado porque não vejo os resultados imediatamente? E sou capaz de confiar tudo serenamente ao Senhor, enquanto faço o melhor que posso para proclamar o Evangelho?”
Por fim, confiou à Virgem Maria, que acolheu e fez crescer dentro de si a semente da Palavra, que nos ajude a sermos semeadores generosos e confiantes do Evangelho.
- Papa faz apelo por RD Congo, Ucrânia, Terra Santa, Mianmar, Sudão e lembra beato Rapacz
Na oração do Angelus este domingo (16/06), com fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, após a recitação mariana, o Santo Padre fez um enésimo apelo em favor da paz com um particular pensamento voltado para a República Democrática do Congo, Ucrânia, Terra Santa, Sudão e Mianmar. Nas palavras do Pontífice, o pedido para que não cessem as orações pela paz onde quer que se sofra com a guerra.
Continuam chegando notícias dolorosas sobre confrontos e massacres na região leste da República Democrática do Congo. Faço um apelo às autoridades nacionais e à comunidade internacional para que façam todo o possível para acabar com a violência e proteger a vida dos civis. Entre as vítimas, muitos são cristãos mortos por odium fidei. Eles são mártires. Seu sacrifício é uma semente que germina e dá frutos, e nos ensina a dar testemunho do Evangelho com coragem e coerência. Não deixemos de orar pela paz na Ucrânia, na Terra Santa, no Sudão, em Mianmar e em todos os lugares onde se sofre com a guerra.
Francisco lembrou também a beatificação este sábado, em Cracóvia, na Polônia, do padre Michał Rapacz, sacerdote diocesano e mártir, “um pastor segundo o coração de Cristo, uma testemunha fiel e generosa do Evangelho que passou por perseguições nazistas e soviéticas e respondeu com a doação de sua vida”.
Por fim, o Papa agradeceu aos doadores de sangue, que acabam de celebrar na Itália seu Dia nacional, reiterando como esse gesto é importante para salvar vidas.
- Papa a CEOs e diretores: incluam os pobres nas empresas, para bem de todos
O Papa recebeu em audiência na manhã deste sábado (15/06), no Palácio Apostólico Vaticano, um grupo de administradores delegados de grandes empresas e bancos, aos quais dirigiu uma saudação. Trata-se de membros de uma rede que busca viver os princípios da Laudato si', a Sustainable Markets Iniciative.
As funções que vocês são chamados a desempenhar são cada vez mais decisivas não apenas na vida econômica, mas também social e política. As grandes empresas são participantes da dinâmica das relações internacionais. Portanto, vocês se veem tomando decisões que têm um impacto sobre milhares e milhares de trabalhadores e investidores, e cada vez mais em escala global, observou Francisco já no início de sua saudação.
“O poder econômico está entrelaçado com o poder político”, acrescentou. As grandes corporações, de fato, além das escolhas de consumo, poupança e produção, também condicionam o destino dos governos, as políticas públicas nacionais e internacionais e a sustentabilidade do desenvolvimento. Vocês vivem essa realidade, porque "estão nela", é o seu mundo. Mas isso não é suficiente: é preciso tomar consciência dela e analisá-la de forma crítica, com discernimento, para que possa exercer plenamente a responsabilidade pelos efeitos, diretos e indiretos, de suas escolhas. Porque hoje, mais do que nunca, a economia é maior do que a economia.
Nesse sentido, Francisco quis se concentrar brevemente em três desafios: o cuidado com o meio ambiente, o cuidado com os pobres e o cuidado com os jovens.
Em primeiro lugar, o Santo Padre os convidou a colocar o meio ambiente e a terra no centro de sua atenção e responsabilidade. “Estamos em uma época de grave crise ambiental, que depende de muitos atores e fatores, incluindo as escolhas econômicas e comerciais de ontem e de hoje. Não é mais suficiente cumprir as leis dos Estados, que são muito lentas: é preciso inovar, antecipando o futuro, com escolhas corajosas e de longo alcance que possam ser imitadas. A inovação do empreendedor de hoje deve ser, primeiramente, inovação no cuidado com a casa comum”, ressaltou.
Em segundo lugar, “não se esqueçam dos mais pobres e dos descartados”, foi a exortação de Francisco. A "economia circular" tornou-se uma palavra-chave, exigindo a reutilização e a reciclagem de resíduos. Mas, embora reciclemos materiais e o descarte de materiais, ainda não aprendemos - permitam-me a expressão - a "reciclar" e não descartar as pessoas, trabalhadores, especialmente os mais frágeis, para os quais a cultura do descarte geralmente prevalece.
A esse ponto de sua saudação, o Pontífice fez uma premente exortação aos presentes: “Desconfiem de uma certa "meritocracia" que é usada para legitimar a exclusão dos pobres, julgados como deméritos, a ponto de considerar a própria pobreza como uma culpa. E não se contentem com um pouco de filantropia, pois isso é muito pouco: o desafio é incluir os pobres nas empresas, fazer com que eles se tornem recursos para o benefício comum. Isso é possível. Sonho com um mundo em que os descartados possam se tornar protagonistas da mudança - mas parece-me que um certo Jesus já conseguiu isso, não acham?
Por fim, o terceiro e último desafio: os jovens, que geralmente estão entre os pobres de nosso tempo: pobres em recursos, oportunidades e futuro. E isso, paradoxalmente, tanto onde há muitos, mas faltam os meios, quanto onde há cada vez menos - como na Itália, por exemplo, porque não há nascimento aqui.
Nenhum trabalho pode ser aprendido sem a "hospitalidade corporativa", o que significa acolher generosamente os jovens, mesmo que eles não tenham a experiência e as habilidades necessárias, porque todo trabalho só pode ser aprendido com o trabalho. Francisco mais uma vez os incentivou a serem generosos, a receberem jovens em suas empresas, dando-lhes uma antecipação de futuro para que toda uma geração não perca a esperança.
O Santo Padre concluiu destacando que eles têm uma grande e bela responsabilidade. “Que o Senhor os ajude a usá-la e a fazer escolhas corajosas, em benefício do meio ambiente, dos pobres e dos jovens. Esse será o investimento, também econômico, mais frutífero”.