Dez encontros bilaterais e um discurso público marcam a sexta-feira do Papa Francisco no G7, que teve início ontem quinta-feira (13/06) em Borgo Egnazia, na Puglia.
O Papa partiu às 10.30 hora local do heliporto do Vaticano para aterrissar depois de cerca de uma hora e meia no campo esportivo do resort, local da cúpula, a 60 Km de Bari. O hotel está hospedando nestes dias o grupo intergovernamental informal de 7 países economicamente avançados.
Recebido pela presidente do Conselho de Ministros da Itália, Giorgia Meloni, o Pontífice se transferiu em carro de golfe para a residência reservada, onde se tem lugar um primeiro bloco de conversas bilaterais com: Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional; Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia; Emmanuel Macron, presidente da França; e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá.
Em seguida, a primeira-ministra italiana dará as boas vindas oficiais ao Papa na corte de Borgo Egnazia, onde o Pontífice vai participar da sessão comum sobre o tema da inteligência artificial, no Salão da Arena, fazendo um discurso. Os discursos dos outros participantes seguirão na sequência.
Na segunda parte, a partir das 17h30 locais, está prevista a foto oficial de todos os participantes. Em seguida, o programa prevê uma nova sessão de encontros bilaterais com: William Samoei Ruto, presidente do Quênia; Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia; Joseph Biden, presidente dos Estados Unidos; Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil; Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia; e Abdelmadjid Tebboune, presidente da Argélia.
No final, o helicóptero com o Papa a bordo decola do campo esportivo de Borgo Egnazia em direção ao heliporto do Vaticano, onde o pouso deverá ocorrer por volta das 21h15min desta sexta-feira (14/06).
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- O Papa aos humoristas: quando vocês fazem alguém sorrir, Deus também sorri
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (14/06), na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de duzentos humoristas do mundo. Dentre eles alguns nomes do Brasil, como Fábio Porchat, Cacau Protásio e Cristiane Werson, e dos Estados Unidos, a atriz e comediante Whoopi Goldberg.
O Pontífice deu as boas-vindas aos artistas e agradeceu aos membros do Dicastério para a Cultura e a Educação que prepararam este encontro.
Tenho grande estima por vocês artistas que se expressam com a linguagem da comédia, do humorismo e da ironia. De todos os profissionais que trabalham na televisão, no cinema, no teatro, na mídia impressa, com músicas, nas redes sociais, vocês estão entre os mais amados, procurados e aplaudidos. Certamente porque são bons, mas há também outro motivo: vocês têm e cultivam o dom de fazer as pessoas rirem.
"Em meio a tantas notícias sombrias, imersos como estamos em tantas emergências sociais e também pessoais, vocês têm o poder de espalhar a serenidade e o sorriso. Vocês estão entre os poucos que têm a capacidade de falar com pessoas muito diferentes, de diferentes gerações e origens culturais", disse ainda o Papa.
“À sua maneira, vocês unem as pessoas, porque o riso é contagioso. É mais fácil rir juntos do que sozinhos: a alegria permite o compartilhamento e é o melhor antídoto contra o egoísmo e o individualismo. Rir também ajuda a quebrar as barreiras sociais, a criar conexões entre as pessoas.”
"Ele nos permite expressar emoções e pensamentos, ajudando a construir uma cultura compartilhada e a criar espaços de liberdade. Vocês nos lembram que o homo sapiens também é homo ludens; que a diversão e o riso são fundamentais para a vida humana, para nos expressarmos, aprendermos e darmos significado às situações", sublinhou Francisco.
A seguir, o Papa disse aos artistas que o talento deles "é um dom precioso. Junto com o sorriso, espalha a paz nos corações, entre as pessoas, ajudando-nos a superar as dificuldades e a lidar com o estresse diário". O sorriso "nos ajuda a encontrar alívio na ironia e a encarar a vida com humor". O Pontífice citou as palavras de São Tomás More: "Dai-me, Senhor, o senso de humor". "Vocês conhecem essa oração?" Perguntou o Papa aos humoristas. "Vocês precisam conhecê-la", disse ele, encarregando os superiores de divulgá-la a todos os artistas. "Essa é uma graça que peço todos os dias, porque ela me faz encarar as coisas com o espírito certo", sublinhou Francisco.
Mas vocês também conseguem outro milagre: conseguem fazer sorrir mesmo quando lidam com problemas, pequenos e grandes fatos da história. Vocês denunciam os excessos do poder; dão voz a situações esquecidas; evidenciam abusos; apontam para comportamentos inadequados. Mas sem espalhar alarme ou terror, ansiedade ou medo, como fazem muitos da comunicação; vocês despertam o senso crítico fazendo rir e sorrir. Vocês fazem isso contando histórias de vida, narrando a realidade, de acordo com seu ponto de vista original; e, dessa forma, falam às pessoas sobre problemas pequenos e grandes.
"De acordo com a Bíblia, na origem do mundo, enquanto tudo estava sendo criado, a Sabedoria divina praticava sua arte para o benefício do próprio Deus, o primeiro espectador da história", disse o Papa, citando uma passagem do Livro dos Provérbios: "Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo; Regozijando-me no seu mundo habitável e enchendo-me de prazer com os filhos dos homens". "Lembrem-se disto: quando vocês conseguirem fazer com que sorrisos inteligentes brotem dos lábios de até mesmo um só espectador, vocês também fazem Deus sorrir", disse ainda o Papa, afirmando que isso não é uma heresia.
Vocês, queridos artistas, sabem como pensar e falar com humor em diferentes formas e estilos; e, de qualquer forma, a linguagem do humor é adequada para entender e "sentir" a natureza humana. O humorismo não ofende, não humilha, não prega as pessoas aos seus defeitos. Embora a comunicação hoje em dia muitas vezes gere contraposições, vocês sabem como unir realidades diferentes e, às vezes, até opostas. Como precisamos aprender com vocês! O riso do humorismo nunca é "contra" alguém, mas é sempre inclusivo, proativo, desperta abertura, simpatia e empatia. Por favor, rezem e peçam ao Senhor a graça do senso de humor.
O Papa recordou a passagem do Livro do Gênesis, quando Deus promete a Abraão que dentro de um ano ele teria um filho. Sara ouviu e riu por dentro. Ela disse: "Deus me deu motivo para rir com alegria". Por isso, deram ao filho o nome de Isaac, que significa "ele ri".
"Também é possível rir de Deus? É claro que sim, e isso não é blasfêmia, podemos rir, assim como brincamos e fazemos piadas com as pessoas que amamos", disse o Pontífice."A tradição sapiencial e literária hebraica é mestra nisso", disse ele. Porém, "isso pode ser feito, sem ofender os sentimentos religiosos dos fiéis, especialmente dos pobres".
"Querido amigos, Deus abençoe vocês e a sua arte. Continuem animando as pessoas, especialmente aquelas que têm mais dificuldade de encarar a vida com esperança. Ajude-nos, com o sorriso, a ver a realidade com suas contradições e a sonhar com um mundo melhor", concluiu.
- O Papa recomenda aos artistas a oração do bom humor
No final do encontro com os humoristas, nesta sexta-feira (14/06), na Sala Clementina, no Vaticano, Francisco tomou a palavra novamente, após a bênção, e falou espontanemante, dizendo que gostaria que todos ouvissem a bonita oração de São Tomás More que ele tinha mencionado anteriormente em seu discurso. A atriz e comediante italiana Luciana Littizzetto leu a oração e agradeceu ao Papa, também em nome de seus colegas, por esse momento de alegria.
Oração do bom humor
Senhor, dai-me uma boa digestão,
mas também algo para digerir.
Dai-me a saúde do corpo,
com o bom humor necessário para mantê-la.
Dai-me, Senhor, uma alma santa,
que saiba aproveitar tudo o que é bom e puro,
e não se assuste diante do pecado,
mas encontre o modo de colocar de novo as coisas em ordem.
Dai-me uma alma que não conheça o tédio,
as murmurações, suspiros e lamentos,
e não permitais que sofra excessivamente
por essa realidade tão dominadora que se chama “Eu”.
Dai-me, Senhor, senso de humor!
Dai-me a graça de entender as piadas,
para que conheça na vida um pouco de alegria
e possa comunicá-la aos outros.
Assim seja.
No final, o Papa disse aos artistas:
Desejo-lhes tudo de bom e que Deus os acompanhe nesta bonita vocação de fazer rir, de ser comediantes. É mais fácil ser trágico do que cômico, é mais fácil. Obrigado por fazerem as pessoas rirem e também por rir de coração. Que Senhor abençoe a todos!
- O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, recebido pelo Papa
Durante os cordiais colóquios na Secretaria de Estado, foram destacadas as boas relações entre a Santa Sé e Cabo Verde e centrados alguns aspetos da situação social e económica do país, bem como a aplicação do Acordo bilateral ratificado em 2014.
Prosseguindo a conversa, houve uma troca de opiniões sobre a atualidade internacional, com particular referência aos problemas de segurança, aos conflitos em curso no mundo, aos fenómenos migratórios e ao tráfico de seres humanos - informa, em comunicado, a Sala de Imprensa da Santa Sé.
Depois da audiência, o Presidente José Maria Neves, falando à Rádio Vaticano do significado para si, pessoalmente, dessa audiência, definiu-a como “Uma visita muito luminosa”, importante para Cabo Verde e para a África.
Na entrevista o Chefe de Estado cabo-verdiano falou também da mensagem que vai transmitir à comunidade cabo-verdiana em Itália com a qual se encontrará este fim de semana em Nápoles e Roma.
A audiência do Papa ao Presidente de Cabo Verde foi também marcada pela troca de dons: o Santo Padre ofereceu ao Presidente uma escultura em bronze, representando uma pomba, com a escrita “Sede mensageiros de paz”; um volume dos documentos papais; e a Mensagem de Paz para este ano.
Por seu lado, o Presidente José Maria Neves ofereceu ao Papa dois volumes, um sobre a história recente da Imprensa Cabo-verdiana e outro sobre o Tarrafal Chão Bom e ainda uma tapeçaria colorida típica de Cabo Verde.