O papa Francisco se reunirá com os líderes do Brasil, dos Estados Unidos (EUA), da Ucrânia, França e Índia paralelamente à cúpula do Grupo dos 7 (G7) em Borgo Egnazia, na Itália, informou o Vaticano nesta quinta-feira (13).
Francisco, que em janeiro alertou contra os perigos "perversos" da inteligência artificial, deve participar amanhã das conversas dos líderes sobre a nova tecnologia.
Ele é o primeiro papa a participar das discussões do G7.
Ao divulgar o programa de sua participação de um dia, o Vaticano disse que Francisco terá reunião bilateral com o presidente dos EUA, Joe Biden.
O Vaticano confirmou que ele também terá reuniões individuais com Volodymyr Zelenskiy, da Ucrânia, Emmanuel Macron, da França, Narendra Modi, da Índia, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Justin Trudeau, do Canadá, Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, William Ruto, do Quênia, Abdelmadjid Tebboune, da Argélia, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
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- O Bispo de Roma, servidor da unidade
“O Bispo de Roma” é um documento do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos: reúne o fruto dos diálogos ecumênicos sobre o ministério do Papa em resposta ao convite formulado há quase trinta anos por João Paulo II, na esteira dos passos dados desde o Concílio Vaticano II. O objetivo é buscar uma forma de exercício do primado que seja compartilhada pelas Igrejas que viveram em plena comunhão nos primeiros séculos. Mesmo que nem todos os diálogos teológicos “tenham tratado do tema no mesmo nível ou com a mesma profundidade”, é possível apontar algumas “novas abordagens” para as questões teológicas mais controversas.
Um dos frutos dos diálogos teológicos é uma leitura renovada dos “textos petrinos”, que historicamente se tornaram um obstáculo à unidade entre os cristãos. “Os parceiros do diálogo foram desafiados a evitar projeções anacrônicas de desenvolvimentos doutrinários posteriores e a considerar novamente o papel de Pedro entre os apóstolos.” Por exemplo, “uma diversidade de imagens, interpretações e modelos no Novo Testamento foi redescoberta, enquanto noções bíblicas como episkopé (o ministério da supervisão), diakonia e o conceito de ‘função petrina’ ajudaram a desenvolver uma compreensão mais abrangente dos ‘textos petrinos’”.
Outra questão controversa é o entendimento católico do primado do Bispo de Roma como uma instituição de direito divino, enquanto a maioria dos outros cristãos o entende apenas como uma instituição de direito humano. “Esclarecimentos hermenêuticos - diz o documento - ajudaram a colocar essa dicotomia tradicional em uma nova perspectiva”, considerando o primado como um direito tanto divino quanto humano, ou seja, “como parte da vontade de Deus para a Igreja e mediada pela história humana”. Os diálogos enfatizaram a distinção “entre a essência teológica e a contingência histórica do primado” e pediram “maior atenção e avaliação do contexto histórico que condicionou o exercício do primado em diferentes regiões e períodos”.
Um obstáculo significativo são as definições dogmáticas do Concílio Vaticano I. Alguns diálogos ecumênicos fizeram “progressos promissores ao empreender uma ‘releitura’ ou ‘recepção’ desse Concílio, abrindo novos caminhos para uma compreensão mais precisa de seu ensinamento”, também à luz dos contextos históricos e do ensinamento do Vaticano II. Assim, foi dada uma leitura diferente à definição dogmática da jurisdição universal do Papa, “identificando sua extensão e seus limites”. Da mesma forma, foi possível esclarecer “a formulação do dogma da infalibilidade e até mesmo concordar com alguns aspectos de sua finalidade, reconhecendo a necessidade, em certas circunstâncias, de um exercício pessoal do ministério do ensino, dado que a unidade dos cristãos é uma unidade na verdade e no amor”. Apesar desses esclarecimentos, o documento reconhece que “os diálogos ainda expressam preocupações sobre a relação da infalibilidade com o primado do Evangelho, a indefectibilidade de toda a Igreja, o exercício da colegialidade episcopal e a necessidade de recepção”.
Muitos diálogos teológicos reconheceram “a necessidade de um primado em nível universal. Referindo-se à tradição apostólica, alguns diálogos sustentam que, desde as origens da Igreja, o cristianismo foi fundado em sedes apostólicas principais que ocupavam uma ordem específica, das quais a Sé de Roma foi a primeira". Alguns diálogos apontaram que há uma interdependência mútua entre primado e sinodalidade em todos os níveis da vida da Igreja: local, regional, mas também universal. Outro argumento a favor, de natureza mais pragmática, diz respeito ao contexto contemporâneo da globalização e das necessidades missionárias. Os diálogos teológicos identificaram alguns critérios do primeiro milênio “como pontos de referência e fontes de inspiração para o exercício aceitável de um ministério de unidade em nível universal, tais como: o caráter informal - e não primariamente jurisdicional - das expressões de comunhão entre as Igrejas; o ‘primado de honra’ do Bispo de Roma; a interdependência entre as dimensões primacial e sinodal”.
Muitos diálogos reconhecem que o primeiro milênio da história cristã não deve, no entanto, “ser idealizado nem simplesmente recriado”, também porque um primado em nível universal deve responder aos desafios contemporâneos. Alguns princípios para o exercício do primado no século XXI foram, portanto, identificados: “Um primeiro acordo geral é a interdependência mútua entre o primado e a sinodalidade em todos os níveis da Igreja e a consequente necessidade de um exercício sinodal do primado”. Um outro acordo diz respeito à articulação entre “a dimensão ‘comunitária’ baseada no sensus fidei de todos os batizados; a dimensão ‘colegial’, expressa sobretudo na colegialidade episcopal; e a dimensão ‘pessoal’ expressa pela função primacial”. Uma questão crucial é a relação entre a Igreja local e a Igreja universal, que tem consequências importantes para o exercício do primado. Os diálogos ecumênicos ajudaram a chegar a um acordo “sobre a simultaneidade dessas dimensões, insistindo que não é possível separar a relação dialética entre a Igreja local e a Igreja universal”.
Muitos diálogos enfatizaram “a necessidade de um equilíbrio entre o exercício do primado em nível regional e universal, observando que, na maioria das comunhões cristãs, o nível regional é o mais relevante para o exercício do primado e também para sua atividade missionária. Alguns diálogos teológicos com as comunhões cristãs ocidentais, observando uma ‘assimetria’ entre essas comunhões e a Igreja católica, pedem um fortalecimento das conferências episcopais católicas, também em nível continental” e uma descentralização inspirada no modelo das antigas Igrejas patriarcais.
A importância do princípio da subsidiariedade é em seguida enfatizada: “nenhuma questão que possa ser tratada adequadamente em um nível inferior deve ser levada a um nível superior”. Alguns diálogos aplicam esse princípio para definir um modelo aceitável de “unidade na diversidade” com a Igreja católica, argumentando que “o poder do Bispo de Roma não deve exceder o que é necessário para o exercício de seu ministério de unidade em nível universal e sugerir uma limitação voluntária no exercício de seu poder - embora reconhecendo que ele precisará de um grau suficiente de autoridade para lidar com os muitos desafios e obrigações complexas de seu ministério”.
Uma primeira proposta é a de uma nova interpretação pela Igreja católica dos ensinamentos do Vaticano I com “novas expressões e vocabulário fiéis à intenção original, mas integrados em uma eclesiologia de comunhão e adaptados ao atual contexto cultural e ecumênico”. Sugere-se também que seja feita uma distinção mais clara entre as diferentes responsabilidades do Bispo de Roma, “particularmente entre seu ministério patriarcal na Igreja do Ocidente e seu ministério primacial de unidade na comunhão das Igrejas”. Em seguida, pede-se uma ênfase maior no exercício do ministério do Papa em sua Igreja particular, a diocese de Roma. A terceira recomendação diz respeito ao desenvolvimento da sinodalidade dentro da Igreja católica. Em particular, foi sugerida “uma reflexão mais aprofundada sobre a autoridade das conferências episcopais católicas nacionais e regionais, seu relacionamento com o Sínodo dos Bispos e a Cúria Romana. Em nível universal, enfatizam a necessidade de um melhor envolvimento de todo o Povo de Deus nos processos sinodais". Por fim, uma última proposta diz respeito à “promoção da ‘comunhão conciliar’ por meio de encontros regulares entre os líderes da Igreja no mundo inteiro”, e a promoção da sinodalidade entre as Igrejas com consultas regulares e ações e testemunhos conjuntos entre bispos e primazes.
- Papa: escutar a oração dos pobres com ações concretas, um sorriso e dando atenção
Por ocasião da festa de Santo Antônio de Pádua, nesta quinta-feira (13/06) foi publicada a mensagem anual do Papa Francisco para o VIII Dia Mundial dos Pobres que será celebrado em 17 de novembro com o lema "A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)". No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, essa "expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna" em preparação a data do final do ano, escreve o Pontífice, na "certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre", para que se torne "um modo de comunhão", "partilhando o sofrimento" deles.
O livro de Ben-Sirá de onde foi extraído o lema, contiua o Papa, "não é muito conhecido", mas merece ser descoberto pelos temas que aborda, "sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo". O autor é um mestre de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C, sobre "vários domínios da vida humana", com dedicação especial ao tema da oração, dando "voz à sua própria experiência pessoal", já que descreve o seu encontro diário "na presença de Deus". Nesse percurso em busca da "sabedoria na oração", explica Francisco, Ben-Sirá descobre que "os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus":
«A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Sir 35, 17-19).
Uma atenção especial de Deus que "conhece os sofrimentos dos seus filhos", comenta o Papa, e se preocupa tanto com os que mais sofrem - como os pobres e marginalizados - como com aqueles que mais precisam dele. Mas, alerta Francisco, muitos de mentalidade mundana vivem como se fossem "os donos da vida" para alcançar a riqueza ou se tornar famoso: "que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros", afirma o Papa, mostrando novamente que a arrogância que move as guerras e a sua má política das armas, por exemplo, tem produzido "novos pobres" que são "vítimas inocentes".
Francisco, assim, exorta a fazer uma oração por eles e com eles, "rostos e histórias de pobres que encontramos no nosso dia a dia": "é um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada", continua o Papa na mensagem. Os pobres são carentes de cuidado espiritual, mas "a imensa maioria possui uma especial abertura à fé e tem necessidade de Deus". Por isso, o pedido para "não deixar de oferecer amizade, bênção, a Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e amadurecimento na fé".
"O Dia Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial", recorda Francisco, "uma oportunidade pastoral" para que os fiéis escutem "a oração dos pobres" e percebam a sua presença. O Papa motiva a "realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados".
Aos pobres, o Pontífice recomenda a ter certeza que "Deus está atento e perto" de cada um deles, mesmo quando parece que a resposta a uma invocação ao Pai não chega: "o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança". Assim, "da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança".
Como sempre reconheceu Madre Teresa de Calcutá, recorda o Papa, "uma mulher que deu a vida pelos pobres", uma santa que "repetia continuamente que a oração era o lugar de onde tirava força e fé para a sua missão de serviço aos últimos". Francisco também cita na mensagem o testemunho de São Bento Labre (1748-1783), peregrino desde a França até Roma, "rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres". Sem um quarto, "dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como 'vagabundo de Deus', fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele".
O Papa Francisco finaliza a mensagem para o VIII Dia Mundial dos Pobres, exortando todos a se tornarem "peregrinos da esperança" em vista do Ano Santo, valorizando «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap. Gaudete et Exsultate, 145), ou seja, fazendo gestos simples, fortalecidos pela oração, como "parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto..." aos pobres que encontramos no nosso dia a dia.
- O Papa: a conversão espiritual é fundamental para edificar uma Igreja sinodal
O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira (13/06), na Sala do Sínodo, no Vaticano, os participantes do Encontro anual com os moderadores das associações de fiéis, dos movimentos eclesiais e das novas comunidades, promovido pela Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. No discurso que dirigiu aos presentes, Francisco refletiu sobre a sinodalidade, tema escolhido por eles para este dia de encontro.
Tenho dito repetidamente que o caminho sinodal exige conversão espiritual, pois sem uma mudança interior não há resultados duradouros. De fato, meu desejo é que, depois deste Sínodo, a sinodalidade permaneça como um modo permanente de agir na Igreja, em todos os níveis, entrando no coração de todos, tanto dos pastores quanto dos fiéis, até que se torne um "estilo eclesial" compartilhado. Tudo isso, porém, requer uma mudança que deve ocorrer em cada um de nós, uma verdadeira "conversão", ressaltou o Pontífice.
Após tecer ainda algumas considerações, na ótica desta conversão espiritual, Francisco indicou aos participantes três atitudes nas quais devem se concentrar para uma conversão espiritual necessária para a realização de um estilo sinodal: pensar de acordo com Deus, superar todo fechamento e cultivar a humildade.
Eis a primeira grande mudança interior que nos é solicitada: deixar de "pensar apenas humano" e passar ao "pensamento de Deus". Na Igreja, antes de tomar qualquer decisão, antes de iniciar qualquer programa, qualquer apostolado, qualquer missão, devemos sempre nos perguntar: o que Deus quer de mim, o que Deus quer de nós, neste momento, nesta situação? O que eu tenho em mente, o que nós, como grupo, temos em mente, é realmente o "pensamento de Deus"? Lembremo-nos de que o protagonista do caminho sinodal é o Espírito Santo, não nós. O protagonista do caminho sinodal é o Espírito Santo: Somente Ele nos ensina a ouvir a voz de Deus, individualmente e também como Igreja, observou o Papa.
Segundo: superar todo fechamento. Nesse ponto, Francisco chamou a atenção para a tentação do “círculo fechado”, acrescentando que este é um desafio para nós: não ir além do que o nosso "círculo" pensa, estar convencido de que o que fazemos é bom para todos, defender, talvez sem perceber, posições, prerrogativas ou prestígio "do grupo". Ou deixar-se bloquear pelo medo de perder o próprio senso de pertencimento e identidade, devido ao fato de se abrir para outras pessoas e outras formas de pensar, sem reconhecer a diversidade como uma oportunidade e não como uma ameaça. São, portanto, "recintos" nos quais todos corremos o risco de nos tornar prisioneiros. “Cuidado: o próprio grupo, a própria espiritualidade, são realidades que nos ajudam a caminhar com o Povo de Deus, mas não são privilégios, porque há o perigo de acabarmos presos nesses recintos”, advertiu ainda o Santo Padre, lembrando que a sinodalidade nos pede que olhemos para além das cercas com grandeza de espírito, que vejamos a presença de Deus e sua ação também em pessoas que não conhecemos, em novas modalidades pastorais, em áreas de missão nas quais nunca havíamos nos engajado antes”. Francisco pediu abertura, coração aberto.
Terceiro e último, cultivar a humildade. Entendemos que a conversão espiritual deve começar pela humildade, que é a porta de entrada para todas as virtudes, ressaltou. Francisco disse ficar triste quando vê cristãos se vangloriando: “porque sou o padre daqui, ou porque sou um leigo dali, porque pertenço a esta instituição... Isso é uma coisa feia. A humildade é a porta, é o começo.
O Papa ressaltou que somente os humildes realizam grandes coisas na Igreja, porque aquele que é humilde tem uma base sólida, fundamentada no amor de Deus, que nunca falha, e, portanto, não busca outro reconhecimento, acrescentando que também esta etapa de conversão espiritual é fundamental para a construção de uma Igreja sinodal: somente a pessoa humilde de fato valoriza os outros e acolhe sua contribuição, seus conselhos, sua riqueza interior, fazendo emergir não o seu próprio "eu", mas o "nós" da comunidade.
Francisco concluiu destacando o papel dos movimentos eclesiais. “Os movimentos eclesiais são para servir, não para nós mesmos. É triste quando se ouve que eu pertenço a isso, àquilo, àquilo ao outro, como se fosse algo superior. Os movimentos eclesiais devem servir à Igreja, não são em si mesmos uma mensagem, uma centralidade eclesial. Eles devem servir”.
Fonte: Agência Brasil - Vatican News